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Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

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"Dog Gone", na Netflix

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Quando vi o trailer deste filme, percebi logo que iria vê-lo.

Sim, é mais um filme sobre cães!

E sim, é daqueles que pode apelar ao sentimentalismo.

Mas, ao mesmo tempo, e como anunciam sempre que falam do filme "este filme não é sobre o cão, é sobre a relação entre pai e filho".

No entanto, o cão é o centro de tudo. A causa, e a consequência.

 

O filme é baseado em factos verídicos.

Embora muitas coisas tenham sido modificadas.

 

Relativamente ao filme, Fielding Marshall, um jovem prestes a licenciar-se, decide adoptar um cão.

Poder-se-ia dizer que o que o levou a tomar essa decisão não foi, por certo, salvar um animal de um abrigo. Embora o tenha, de facto, feito.

Mas, no fundo, talvez ele se estivesse a tentar salvar a si próprio.

Afinal, como Fielding afirma, o cão foi o único que o aceitou como ele era. Para quem estava sempre tudo bem. Para quem não tinha mal ser assim. Sem cobrar. Sem se envergonhar. Sem condenar.

E entre os dois nasceu e cresceu aquele amor incondicional que só quem tem animais ou lida, de alguma forma, com eles, sabe.

De qualquer forma, é difícil não gostar de Gonker, a partir do momento em que o conhecemos!

 

Uma das questões que o filme aborda é algo pelo qual, cada vez mais, os jovens passam na actualidade: que futuro após a licenciatura?

O que queremos? O que esperam de nós? O que é correcto fazermos?

Fielding vê todos os seus amigos com um plano traçado, com trabalhos nos quais irão começar após a licenciatura.

Mas ele não sabe ainda bem o que quer fazer. É o único que não tem nada planeado, ou pensado.  

Será assim tão mau?

Quantos jovens não têm tudo delineado e, depois, no fim, acabam por mudar de ideias. Por não querer nada daquilo.

O que há de tão errado em não se saber bem que caminho seguir e, por isso, não ter ainda escolhido nenhum?

 

E nesta questão, os pais de Fielding parecem estar desiludidos com o filho. Fazem alguma pressão inicial. 

"Acusam-no" de não saber o que quer da vida, de não ser responsável, e acabar uma licenciatura para depois voltar a morar em casa dos pais, sem nada em vista.

Isto fá-lo sentir rejeitado, e incompreendido pelos pais. Sobretudo, pelo pai. 

Por outro lado, e apesar de defender que os pais devem estar lá para dar algum espaço aos filhos, sem pressões, e apoiá-los, o filme também mostra que os pais estão apenas a ser pais e, como tal, preocupam-se com os filhos, com o seu futuro. Se calhar, nem sempre demonstrando da melhor forma. Mas, ainda assim, trata-se de querer ver os filhos bem, e não vergonha ou desilusão.

 

Outra das constatações que retiramos do filme é que um filho ou um pai pode tentar, várias vezes, e de várias formas, mostrar o seu ponto de vista ao outro, sem sucesso. A mensagem não passa. Não há comunicação.

Porque se recusam a ouvir.

No entanto, se for uma pessoa estranha a dizer, exactamente, a mesma coisa, já conseguem perceber. Talvez porque não esteja a ser uma imposição, mas uma simples conversa, e cada um esteja mais aberto e receptivo à mensagem. 

 

Portanto, com Gonker a viver juntamente com o seu adorado dono em casa dos pais deste,  Fielding leva-o a passear no Trilho dos Apalaches, e o cão desaparece. E agora, todos se mobilizam, numa contagem contra o tempo para encontrá-lo, antes que seja tarde demais. Porque Gonker sofre de uma doença e precisa de ser medicado dentro de dias.

Tal como disse no início, fui avisada "O filme não é sobre o cão. Se ele vive ou morre. Ele não morre."

Mas não é por saber isso, à partida, que custa menos vê-lo perdido, ou ver os esforços que os donos incetam para o encontrar.

 

Para a mãe de Fielding, é mesmo uma "repetição" de algo pelo qual ela passou, e que vai mexer muito com ela.

Para Fielding, é doloroso porque ele era o seu companheiro mais fiel, e leal. E quanto mais os dias passam, sem o encontrar, mais ele se vai abaixo. Mas, mesmo doente, não deixa de tentar nem que, para encontrar Gonker são e salvo, tenha ele que morrer.

Já para o pai, é uma demanda a que ele se entrega de corpo e alma, pelo cão, pela mulher, e pelo filho, e por si mesmo.

Ele acredita, até ao fim, que é possível encontrar Gonker.

Até que os dias passam sem notícias, e o estado de saúde do seu filho piora a cada novo dia de luta, altura em é obrigado a dar as buscas por terminadas.

 

Então mas, afinal, o cão aparece?

Aparece, sim!

E ainda estará com Fielding durante uns bons anos.

 

Quanto ao filme, e de tanto falarem que era sobre a relação entre pai e filho, esperava mais.

Tal como esperava mais sobre a busca do Gonker, ou seja, uma aventura de dias, entre pai e filho, a percorrerem o trilho, a acampar juntos, e a tentar compreender-se um ao outro, enquanto procuravam o cão.

E, não sendo um filme sobre o cão, ele cumpriu a sua parte, como elo comum, e até deu mais do que lhe seria exigido.

É um filme que se vê bem, e bom para quem gosta de animais.

Mas, verdade seja dita, já vi melhores.

 

 

 

 

 

2 comentários

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    marta-omeucanto 17.01.2023 09:10

    Vê-se bem, é pequenino, e vale a pena pelo Gonker!
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