É por isto que nunca hei-de ir ao Marquês!
Imagem daqui
Ainda ontem o meu marido me dizia: "para a próxima, vamos para o Marquês, e levo a Inês comigo". E eu respondi-lhe: "só por cima do meu cadáver, ou quando ela tiver a sua própria vida, porque enquanto eu for viva e for responsável pela minha filha, nunca a hei-de deixar ir!". Nem aí, nem a jogos de futebol!
Já tivemos imensas conversas sobre o assunto, e bem me pode dizer que não há perigo, que é uma festa bonita, que é um programa em família como outro qualquer. A mim, não me convence.
E a prova está aí mesmo diante dos nossos olhos: a festa tão bonita transformou-se num campo de batalha, com violência, confrontos entre polícia e adeptos, adeptos agredidos, menores a assistirem às agressões dos familiares, arremesso de pedras e garrafas...É isto a festa do futebol? É para isto que os adeptos fazem tanta questão de ir para o Marquês?
Pois por muito benfiquista que seja, a mim nunca me apanharão lá! Estive ontem calmamente a ver o jogo, enquanto passava a ferro, e a achar piada ao meu marido que estava com os nervos em franja, em pulgas para o seu clube se tornar campeão já ontem.
E assim foi! Uma vitória oferecida pela equipa do Belenenses, porque o Benfica não acertou com a baliza. E se, primeiro, ainda tentava vencer o jogo, para o fim, limitou-se a gerir o resultado, e evitar um golo da equipa adversária. Se o benfica é bicampeão, será por mérito próprio. Mas a mim não me soube bem que fosse desta forma, à custa dos resultados dos outros jogos, e não do nosso.
Para celebrar, o meu marido quis ir dar uma voltinha aqui pelas ruas e pela rotunda, não do Marquês, mas a de Mafra mesmo! Fomos até à Ericeira e, pelas ruas, alguns condutores e passageiros iam buzinando e acenando bandeiras e cachecóis, gritando e manifestando o seu contentamento.
Aqui em Mafra, também havia adeptos com cartazes, e outros apetrechos, na estrada principal, e na rotunda! O trânsito parou por instantes, mas o clima era de alegria! Até encontrámos um senhor a servir, à beira da estrada, ginginhas numa bandeja!
E no nosso carro, era o meu marido a buzinar e a gritar de um lado, e a minha filha do outro. A mim, o máximo que conseguiram foi que levasse o cachecol ao pescoço! De resto, caladinha e de vidro fechado, mas contente por ver a alegria deles.
Não é preciso uma grande festa para celebrar, nem tão pouco ir para o meio da multidão, sujeitos a correr riscos desnecessários.
Não é preciso muito para se fazer a festa!