E se fosse consigo?
Acabei de assistir à estreia do novo programa da Conceição Lino "E se fosse consigo?".
Relativamente à situação apresentada do casal de namorados, em que o pai profere todo o tipo de comentários racistas, é curioso como praticamente toda a gente assiste, incomodada e indignada, àquela cena, mas poucos se intrometem ou prestam solidariedade ao casal.
Quando questionados, depois, afirmam-se chocados, tristes, completamente contra a atitude daquele pai.
A verdade é que nós, de uma forma geral, preferimos não "meter o bedelho onde não somos chamados", nem nos metermos em questões que não nos dizem, directamente, respeito.
Mais chocada fiquei com a "experiência", se lhe podemos chamar assim, que fizeram com as crianças e duas simples bonecas. Que achem uma boneca mais bonita que a outra, tudo bem. São preferências, gostos pessoais, não se pode considerar racismo gostar mais de louras que morenas, brancas que negras (embora possa estar incutido algum preconceito).
As coisas mudam quando afirmam, por exemplo, que a boneca negra é má. Podem ser respostas inocentes, saídas no momento e sem pensar, mas podem ser exactamente aquilo que pensam. Ou foram ensinadas a pensar. Mas, e quando a Conceição pergunta à menina com quem ela é mais parecida, e se acha que também ela é má...
Algumas pessoas colocam em questão esta experiência ou inquérito às crianças, nomeadamente, se os pais tiveram prévio conhecimento das perguntas que seriam colocadas aos filhos, se foi devidamente preparado e acompanhado por psicólogos, e põem em causa a forma como as respostas poderão ser "manipuladas" ou induzir à mensagem que o programa pretende passar.
Mas será que, tendo os pais conhecimento das perguntas, não poderiam também eles levar os filhos a dar respostas diferentes? Não serão as respostas dadas de forma espontânea, as que mais se aproximam da verdade?
Imagens voxpoptv.com e http://sic.sapo.pt/maissic