Frustração
Ali estava...
À sua frente, uma tela em branco.
Uma página, pronta a receber as palavras que a iriam preencher.
As palavras que, alguém, algures, iria, mais tarde, ler.
Mas não lhe ocorria nada que pudesse escrever.
Pelo menos, nada digno de suscitar interesse a quem lesse.
Tinha uma ou outra ideia, mas não era sobre nada daquilo que queria falar.
Queria algo diferente. Algo que entusiasmasse.
Já tinha experimentado sair à rua, para ver se lhe vinha a inspiração.
Mas esta nem deu sinal.
Nada do que via lhe parecia diferente do habitual. Nada digno de nota.
Deu uma vista de olhos pelas novidades do dia, mas continuou sem ideias.
Abriu o livro que andava a ler, numa página aleatória, na esperança que alguma palavra fizesse o clique, mas nada surgiu.
E como se irritava, quando isto acontecia.
Parecia que a mente lhe estava a pregar uma partida de mau gosto.
Não é que tivesse que cumprir uma obrigação, porque escrevia por gosto, sempre que lhe apetecia.
Quando lhe apetecia.
Mas não escrever porque, simplesmente, não tinha ideia sobre o que falar, era diferente.
E quando isso se prolongava por vários dias, ainda pior.
A tela, aborrecida, parecia questionar o que impedia as letras e palavras de a ocuparem.
E quem lhe dera saber responder. Ou satisfazer-lhe a vontade.
No entanto, naquele dia, teria de se resignar.
Nada seria escrito.
Quem sabe no dia seguinte.
E, conformando-se, encerrou o computador, e fechou o ecrã...