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Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

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Histórias soltas #1

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"Era outono...

Era outono, mas parecia verão!

 

A natureza tem destas coisas e, por ali, era hábito o tempo trocar as voltas a cada estação, anunciando o outono em fim de verão para, depois, trazer o verão, em pleno outono.

 

Era outono, mas o céu estava pintado de um bonito azul, pincelado pelo branco de algumas nuvens que,de longe em longe, escondiam o sol.

Era um dia como outro qualquer. Enquanto percorria as ruas, sem destino, ia observando tudo à sua volta. Perto da escola, viu os estudantes que se dirigiam para as suas aulas, os que de lá saíam, e os grupos que se concentravam junto ao portão, enquanto esperavam pelo toque de entrada.

 

Era outono, mas estava calor. Algumas pessoas ainda acompanhavam a temperatura amena, com as suas roupas frescas e sandálias a condizer. Outras, já mostravam um ou outro apontamento de acordo com a estação que tinha chegado há dias. A maior parte, regressava ao trabalho após o almoço. Embora o trânsito fosse menor a essa hora, ainda assim as rotinas de um dia de semana estavam bem patentes - a correria, a pressa, o não reparar em mais ninguém.

Não que quisesse que alguém reparasse em si.Ou talvez quisesse... Talvez sempre tenha desejado que alguém reparasse em si. Talvez, se isso tivesse acontecido, tudo tivesse sido diferente. Mas nunca aconteceu. E, mesmo agora, deambulando pelas ruas,permanecia invisível aos olhos dos outros.

 

Era outono, mas ainda não havia sinais de frio, de chuva, de folhas atiradas ao chão pelo vento. Todos andavam animados. A semana tinha sido mais pequena, e já cheirava a fim-de-semana o qual iriam, por certo, aproveitar para as derradeiras idas à praia, piqueniques, passeios ao ar livre. Não havia lugar para tristezas na vida destas pessoas. Ou, pelo menos, assim parecia. Como queria estar no lugar delas!

Ao invés disso, a sua vida nunca tinha sido fácil. Mesmo agora, não era fácil. Mas tinha que o fazer. Só assim a sua missão estaria completa. E, quem sabe, o seu fardo aliviado.

Olhou uma última vez para a rua. As ruas tinham sido a sua morada nos últimos anos. Deixariam de ser.

Respirou fundo, e entrou, num misto de resignação e confiança. Um homem,que se encontrava na receção, acabava de atender uma chamada. Assim que desligou, disse:

- Boa tarde! Posso ajudar?

- Não sei...Espero que sim.

- Então, o que se passa?

- Venho entregar-me. Acabei de matar uma pessoa!"

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