Histórias soltas #11
- Deve o passado ficar no passado?
- Eu diria que sim. Se é passado, para quê pensar nele?
- E se esse passado não for assim tão passado, e se repetir no presente?
- É isso que está a acontecer?
- Não sei…
- Então porque colocas essa hipótese?
- Sinais. Por vezes, recebo sinais.
- Sinais?
- Sim. Sabes quando duas coisas não fazem sentido, isoladamente, mas começam a fazer quando as juntamos?
- Como se fosse um puzzle?
- Sim. O problema é que só tenho duas peças, uma do passado, outra do presente. Não são suficientes para chegar a uma conclusão.
- Existe alguma forma de saberes a verdade?
- Duvido. Mesmo que confrontasse a pessoa em causa, ela poderia mentir-me, e eu continuaria na dúvida.
- Mas gostavas de saber a verdade?
- Gostar, gostava. Mas, ao mesmo tempo, tenho receio do que ela possa revelar, e de como possa afectar o presente.
- Achas que iria afectar o teu presente?
- Da minha parte, penso que não. A não ser que o que julgo ser passado seja, afinal, presente.
- Mas não tens forma de o saber.
- Não…
- Se é assim tão importante para ti, o que tens a fazer é confrontar a pessoa, e ouvir o que ela tem a dizer.
- E se isso destruir o que temos?
- É um risco que terás que correr. O preço da verdade, da desconfiança, da dúvida e da certeza. Mas podes, em alternativa, empurrar tudo de volta para o passado.
- E conseguirei viver nesta eterna dúvida?
- Se for essa a tua decisão, terás que pôr as dúvidas para trás das costas, e seguir em frente, ou não conseguirás viver plenamente a tua vida.