Histórias Soltas #26: Emoções desvairadas
Lidar com uma emoção de cada vez é uma coisa.
Dá tempo para assimilar.
Para tentar compreender.
Para "digerir".
Para contornar, combater ou eliminar.
Com tempo...
Lidar com todas ao mesmo tempo, é bem diferente.
Sem que nada o faça prever, elas chegam.
Desvairadas.
Descontroladas.
Desembestadas.
Chegam como uma avalanche.
Que arrebata.
Que engole.
Que desnorteia.
Num momento, uma euforia que surge, sabe-se lá de onde.
Capaz de fazer pairar. Quase voar.
Acreditar que ainda não é tarde.
Que tudo pode mudar.
Que tudo é possível.
Uma leveza, bem estar e paz, carregada de esperança.
Uma euforia que não é habitual. E que se estranha.
Mas sabe bem.
No momento seguinte, uma tristeza sem motivo.
Sem razão.
Aquele aperto no peito.
Aquele nó na garganta.
Lágrimas que caem fora de horas.
Que não fazem sentido.
E, quando a montanha russa de emoções para, depois de várias voltas e loopings, tudo volta ao ponto de onde partiu.
A realidade do costume.
O "voltar à Terra".
O corpo a dar sinal de que não se deu bem com toda esta loucura.
A pedir descanso, para recuperar.
E, depois, é como se nada tivesse acontecido.
Nenhuma emoção estranha.
Nada de anormal.
Tudo está no lugar de sempre.
Que, muitas vezes, não é lugar nenhum...