"Madame Web", na Netflix

Desde que vi o anúncio deste filme que o queria ver, mas não achei que justificasse uma ida ao cinema.
Por isso, aproveitei a chegada dele ao catálogo da Netflix, para o fazer.
O início até é interessante.
Tudo o resto, faz pouco, ou nenhum, sentido.
Um homem roubou uma aranha rara, matando a investigadora que a encontrou, e agora tem poderes sobrenaturais.
Não ficou explícito o que, realmente, ele fez ou pretende fazer com esses poderes. Qual o perigo que representa, para as pessoas e para o mundo.
A única coisa que ele sabe é que está amaldiçoado e que, no futuro, será assassinado por três mulheres, agora ainda adolescentes.
Por isso, decide que tem de as matar, já, antes que elas o matem a ele, depois.
Não se percebe, nem é explicado, como essas adolescentes que, aparentemente, nada têm em comum, irão ganhar esses poderes que Ezequiel vê nos seus pesadelos.
Se, ao ver o trailer, ainda pensei que pudessem estar ligadas, tal como Cassie, à história da dita aranha, o filme mostra que não.
Apenas Cassie, a filha da investigadora que, com a ajuda dos "Las Arañas", consegue sobreviver ao parto, foi picada pela aranha e terá, quando adulta, poderes premonitórios.
Portanto, na actualidade, temos Ezequiel a perseguir três adolescentes para as matar, e Cassie, com visões sobre essas mesmas adolescentes, a fazer o possível para as salvar.
Excluindo a parte da fantasia, poder-se-á dizer que as adolescentes representam o que mais se vê por aí: entregues à sua sorte, seja pela riqueza, pela pobreza, ou por mero abandono parental, pelas mais variadas razões.
E Cassie, é a mulher revoltada com a mãe, que preferiu ir à procura de uma aranha, e morrer, não estando presente na sua vida, do que fazer do seu bebé a prioridade.
Então, para além das cenas aleatórias usadas para estabelecer a ligação entre as quatro, creio que esse é o principal ponto comum.
De certa forma, talvez pelo seu passado, Cassie sente que deve proteger aquelas miúdas, que não têm mais ninguém que as ajude.
O final do filme, também não foi convincente.
Tendo feito parecer que Ezequiel é uma pessoa perigosa, acaba por ter uma morte (supondo que, de facto, morreu) fácil. E Cassie, que não fazia ideia dos seus poderes, de como os usar, de como os dominar, ou qual a sua força, de repente, usa-os para salvar as três miúdas ao mesmo tempo, colocando-se ela própria em risco.
Agora cega, e numa cadeira de rodas, o que significa a última cena?
Que as adolescentes agora vivem com ela? Ou foram apenas visitá-la?
E a própria Cassie, antes uma paramédica activa que gostava de adrenalina, como conseguirá viver agora, presa, dependente, sem qualquer acção na sua vida?
Ainda assim, exceptuando tudo o que não faz sentido, tudo o que não foi explicado, e a fantasia em si, é um filme que entretém, e se vê bem, não se dando o tempo por perdido.