Mães ausentes
Na última semana acompanhei duas séries e, em ambas, havia uma mãe que, como é óbvio, diz amar os seus filhos mais do que tudo na vida mas, ainda assim, uma mãe ausente.
Em ambos os casos, a ausência deveu-se ao trabalho exigente de cada uma delas, que as obrigou a deixar os filhos aos cuidados de terceiros.
Sofia, apesar de viver com o seu filho Emil, estava tão embrenhada no seu trabalho de investigação criminal, que não fazia a mínima ideia do que se passava com o filho na escola, da criança em que ele se estava a transformar, e das consequências que a constante falta de uma mãe presente estavam a provocar a nível psicológico, no seu filho.
Apesar de morarem juntos, pouca ligação tinham. Sofia não sabia o que fazer com ele e, das poucas vezes em que prometia um programa a dois, acabava por ter que cancelar, por causa do trabalho.
Emil estaa a ser, basicamente, criado pela meia irmã ou por vizinhas, que tomavam conta dele quando a mãe não estava.
Atrevo-me a dizer que Sofia se sentia mais realizada e confortável a nível profissional, do que familiar.
Já Emma, preparou-se toda a vida para ser astronauta e, especialmente, para a primeira viagem a Marte.
Durante essa missão, o seu marido sofre um AVC que o deixa numa cadeira de rodas, e a filha de ambos, a adolescente Alexis, terá que lidar com a doença do pai, com a ausência de 3 anos da mãe, com a hipótese de a mãe não regressar a casa, com o primeiro amor e com todas as inseguranças próprias da sua idade.
Como é que se pode educar alguém à distância? Como é que se pode participar do crescimento de um filho, com uma ausência tão longa, na fase em que mais precisa dos pais?
E como se pode delegar essa função numa "equipa de apoio"?
Ainda assim, ao contrário de Sofia, desde cedo se vê Emma a querer voltar para casa, a querer voltar para a família, a sofrer pela distância.
Será mesmo possível, para estas mães, conciliar a vida profissional e familiar?
Ou terão que abdicar de uma delas, para se poderem focar totalmente na outra?