"O Acidente", na Netflix
Outra grande estreia do mês de Agosto, "O Acidente" aborda, como o próprio nome indica, um acidente ocorrido durante uma festa de aniversário, que provocou a morte de três crianças, o desaparecimento de outra, e vários feridos.
Será a partir daqui que vamos ver como as várias famílias envolvidas, directa ou indirectamente, no acidente, lidam com o luto, com a culpa, com o desejo de vingança, com as consequências de ambição desmedida de uns, e a covardia de outros.
Tenho só uma nota a fazer relativamente ao acidente em si.
Naquela festa de aniversário, num dia que estava perfeitamente normal, um fenómeno natural, um vento extremamente forte, conseguiu fazer levantar voo um insuflável, o que originou o acidente. Mais tarde, percebe-se que uma das quatro estavas do insuflável, não tinha sido pregada ao chão. E é aqui a única crítica/ apontamento que tenho a fazer de negativo à série: ou o vento não era assim tão forte e, nesse caso, uma única estaca não pregada não faria diferença, estando as outras três bem firmes, ou o vento foi mesmo avassalador e, nesse caso, nem essa estaca pregada impediria o acidente.
Posto isto, há alguém que vai ser acusado, estando inocente, por covardia do (se é que assim se pode chamar) real culpado ou responsável.
E, havendo um acusado, é óbvio que vai haver vingança pelas mortes das crianças.
Qualquer um poderia fazê-lo. Qualquer um tem motivos.
Quem seria capaz de matar, para vingar uma morte?
Desde cedo que a série me deu alguns "ódios de estimação" por personagens sem quaisquer escrúpulos ou valores, capazes de tudo para salvar a própria pele, traindo aqueles que em si confiaram ou, simplesmente, porque se acham uns valentes, os maiores, contra quem acham que não se consegue defender.
Mas digo-vos: deu-me mesmo gosto ver a forma como tudo se desenrolou, e como a vida trocou as voltas a quem se considerava inatingível.
Algumas das questões abordadas são, por exemplo, ter um filho após a morte de outro. É legítimo? É um erro?
Será que a vida, após a morte de um filho, continua a fazer sentido sem ele?
E quando se tem outros filhos? Como lidar com a morte de um, e com o que está vivo?
É também explorada a forma como cada mãe/ pai faz o seu luto. Bem como os que não o fazem, de todo.
A nível de dilemas morais, também tem a sua quota-parte.
Com episódios cheios de suspense e revelações, esta é uma série a não perder.