O estranho caso da lente de contacto misteriosa
Ontem, ao final do dia, estava eu na casa de banho, quando olho para o chão e vejo uma lente de contacto.
A única pessoa que usa lentes de contacto, lá em casa, sou eu. E, que desse por isso, ainda tinha as duas postas nos olhos!
A lente não estava seca, nem rígida, como seria de supôr, uma vez que é o que acontece quando ficam algumas horas fora do líquido. Dava a entender que tinha sido usada recentemente.
Olhando melhor para a lente, e confirmando que não poderia ser minha, porque efectivamente tinha-as postas, e são de um diâmetro ligeiramente maior que aquela perdida, suspeitei que pudesse ser uma lente que comprei uma vez para a minha filha, e que ela nunca chegou a usar.
Mas o mistério permanecia?
Ainda que fosse essa lente, ela já tinha ido para o lixo há uns valentes meses, senão mesmo mais de um ano.
E, ainda que tivessemos mandado para o lixo e ela, por milagre, tivesse caído fora do saco, como é que se mantinha assim, intacta, durante tanto tempo?
Como é que, em todas as semanas que varro e lavo o chão, nunca apareceu? E ontem pareceu estar ali, estrategicamente, à vista?
No dia anterior, a minha filha tinha ouvido uns barulhos estranhos.
Num dos dias anteriores, a nossa gata parecia agior de forma estranha, inquieta, como se estivesse a ver alguma coisa que mais ninguém via.
Portanto, a minha mente só conseguiu conjecturar duas hipóteses:
a) Temos um espírito zarolho a vaguear lá por casa
b) Temos um possível ladrão vesgo que deixa provas incriminatórias
Ainda tive para guardar a dita lente num saquinho de provas, e enviar para análise laboratorial!
Mas depois, acabei mesmo por deitar no lixo.
Acho eu...