Os Segredos de Um Cego
Joaquim de Sousa Martins enfrentou, desde tenra idade, uma vida de dificuldades.
No entanto, tanto ele como os irmãos, e até os próprios pais, eram felizes à sua maneira, com o pouco que tinham.
Só que, por vezes, acontece alguma coisa que acaba por transformar completamente a vida de uma pessoa. E, como um mal nunca vem só, calhou a Joaquim sofrer as mais variadas injustiças que possam imaginar, não só de pessoas que só vivem bem à custa do mal dos outros, mesquinhas, traiçoeiras, como até mesmo daqueles que lhe eram mais próximos.
Foi uma vida de muita luta, de muitas portas fechadas na cara. Uma vida nómada, saltando de terra em terra, tentando que a sorte lhe sorrisse nem que fosse uma vez na vida.
Com ele tinha, a determinada altura, a sua mulher e quatro filhos, que dele dependiam. Mas o desespero pode levar até o mais forte a sentir-se tentado a cometer uma loucura.
Contudo, pode ser também nesses momentos em que nos encontramos na escuridão, que conseguimos vislumbrar melhor a mais ténue luz - uma esperança à qual nos possamos agarrar. E, em alternativa ao fim, um recomeço!
Esse recomeço veio, a Joaquim, pela mão de Deus, e da sua filha mais nova, tornando-o no homem que é hoje.
Joaquim pode ter perdido o poder da visão, mas talvez veja melhor que todos o que de bom a vida lhe trouxe, e como todas as provações lhe serviram para o tornar mais fortalecido, e crente num futuro onde reinará, por fim, a felicidade!
Sinopse
"6 de Dezembro de 1984, dez horas da noite. Chamei a mulher junto a mim e disse-lhe: " - Dentro de três dias estarei cego!"
"- Não digas disparates". Respondeu-me a sorrir.
Ao acordar sentei-me na cama. Sentia-me bem disposto e na minha frente estava um guarda fato com um espelho na parte de fora.
Ao olhar para o mesmo fiquei imobilizado por um instante, pois reparei que nos meus olhos estava um risco da cor do sangue em horizontal. Deixava-me ver metade do meu rosto, tanto para cima como para baixo.
Chamei a esposa e disse lhe " - Lembras-te do que te disse há 3 dias atrás? Afinal aconteceu".
Seis horas da tarde do mesmo dia, o mundo se apagou para mim.
Como primeiro diagnóstico médico, pensaram verificar-se uma embolia cerebral e como a mesma me levaria num espaço de vinte e quatro horas, não fui medicado, ficando assim à espera do meu fim.
Não se verificando qualquer alteração no meu estado de saúde, enviaram-me de imediato para Lisboa.
No caminho para Lisboa, pedi aos bombeiros que passassem por minha casa, para me despedir da minha família, pois eu não saberia qual a decisão que Deus tinha tomado sobre mim.
Enquanto a ambulância seguia aflita para Lisboa, caía sobre mim, uma montanha de pensamentos.
"E agora o que será feito de mim? E da família?
Meu Deus, estou nas tuas mãos!"