Perder um filho é perder um pedaço de nós...
É perdermo-nos, também nós...
É ficar sem ar...
É ficar sem chão...
É sentir uma dor tão forte no coração, que parece que também ele quer deixar de bater...
É sentir arrancada uma parte de nós...
Sem dó, nem piedade...
A vida, eventualmente, segue sem ela...
Tem que seguir... Sobretudo, se houver quem ainda dependa de nós...
Mas nunca mais será a mesma.
Não há nada que substitua esse pedaço, ou nos devolva a vida como ela era antes, completa.
É perceber que queremos tanto proteger os filhos e, ainda assim, nunca os conseguiremos proteger o suficiente.
É sentir que a nossa missão foi interrompida, muito antes de terminada.
É sentir que, a esse filho, lhe foram cortadas as asas. Vedado o caminho que começava a trilhar...
Ninguém cria um filho, para vê-lo ficar pelo caminho, sem viver a vida para a qual o preparou, e onde queria vê-lo, feliz e realizado, a passar por todas as etapas que, também os pais, um dia, passaram, mas à sua própria maneira.
O tempo atenua a dor.
Apazigua o espírito.
Acalma o coração.
Embala a lembrança.
Mas não nos faz esquecer, que uma parte de nós, um dia, cedo demais, antes de nós, se foi...