Porque é, o ser humano, tão complicado?
Porque é que diz que quer uma coisa se, depois, na verdade, não é nada disso que quer?
Porque ergue barreiras que, no minuto seguinte, só queria derrubar?
Depois, se aquilo que não queria, mas afinal queria, de facto, acontece, volta a não querer. Volta a rejeitar.
E torna a erguer a mesma barreira que, pouco antes, tinha acabado de derrubar.
Porque é que quando toma uma decisão se sente bem e seguro e, quando se vê na iminência de que venha a ser concretizada, se arrepende, e se sente triste?
Se, na verdade, também não consegue ser feliz com a não tomada dessa decisão, mas tem medo de tomar outra, de que se venha a arrepender e, por isso, mais vale não decidir nada.
Confuso?
Pois...
Porque é que o corpo e o coração do ser humano anda sempre em sentido contrário ao seu cérebro?
Porque é que, quando o cérebro toma uma decisão, o coração teima em contrariá-la?
E se o coração vence a primeira batalha, vem logo o cérebro, preparado para ganhar a próxima.
E assim anda, o ser humano, numa eterna guerra consigo mesmo.
Enquanto isso, vai a vida passando.
Vão os momentos sendo desperdiçados.
Vai a felicidade escapulindo.
E, um dia, acabam-se as complicações, as confusões, as decisões.
Porque não haverá mais nada para decidir.
Porque o tempo se esgotou.