Porque não existem famílias disponíveis para Acolhimento Familiar?
Se a ideia é boa ou não, não sei. Cada caso é um caso, e é muito difícil prever o futuro.
Por norma, uma criança estará sempre melhor se acolhida por uma família, que reproduzirá exactamente o ambiente familiar que era suposto ter, do que numa instituição, com outras crianças.
Mas nem sempre as famílias que acolhem as crianças são recomendáveis. Assim como existem instituições onde o risco é maior do que aquele que em que viviam até serem retiradas à família biológica.
Em Portugal, a nova lei prevê, até aos seis anos, o acolhimento familiar de crianças que tenham sido retiradas aos pais
O objectivo, ao querer integrá-las em famílias de acolhimento em vez de irem para instituições, é proporcionar-lhes um ambiente acolhedor, enquanto aguardam uma solução para o futuro, que pode passar pelo regresso a casa ou pela adopção.
No entanto, torna-se difícil concretizar esta medida, uma vez que não existem famílias disponíveis.
Em 2013, apenas 374 crianças estavam integradas em famílias de acolhimento, a maioria delas situada no norte do país. Em Lisboa, nem uma! Segundo a Segurança Social, 90% dos menores que em 2013 estavam à guarda do Estado, viviam em lares e centros de acolhimento, instituições com dezenas de menores e onde o acompanhamento é feito por técnicos.
Mas porque é assim tão difícil encontrar famílias disponíveis?
Em primeiro lugar, porque o acolhimento familiar exige um grande compromisso da parte dessa família de acolhimento para com a criança acolhida.
Depois, os casais temem afeiçoar-se à criança que mais tarde, vão ter de entregar e são pouco receptivos a uma das missões da família de acolhimento que é facilitar, e até mediar, a relação da criança com a família de origem.
Outro dos factores é não saberem que criança virá, quando e por quanto tempo porque, apesar de a lei dizer que é uma medida transitória, na prática as crianças acabam por ficar mais tempo, na maioria das vezes mais de cinco anos.
Também não ajuda o facto de, sendo família de acolhimento, não se poder candidatar à adopção.
Tudo isto leva a que as pessoas optem por outros caminhos, que não o do acolhimento familiar, afinal, é preciso ter uma grande preparação psicológica, uma grande entrega mas, ao mesmo tempo, um grande desprendimento ao relação à criança. Quem é que está na disposição de aceitar uma criança em sua casa por alguns anos, promover nesse tempo o contacto com a família de origem e saber que a qualquer momento ela pode ir embora?