Privacidade: um direito inviolável ou a chave para salvar alguém?
A privacidade é um direito que nos assiste, e que ninguém tem permissão para invadir, ou violar.
Por norma, quando alguém o faz, é quase sempre para fins menos dignos, por motivos pouco altruístas, mas por puro egoísmo, curiosidade, desconfiança, lucro, ou outros igualmente condenáveis.
Mas, e se essa invasão for essencial, não para benefício próprio, mas para ajudar a salvar alguém? Justificar-se-ia invadir a privacidade, violar esse direito?
Quando uma mãe, após o suicídio do seu filho, lê o diário escrito por este, e percebe que estava ali a possível chave, que poderia ter, quem sabe, evitado o que veio a acontecer, o que pensa ela?
Que a resposta esteve sempre ali.
Mas ela não queria estar a invadir a privacidade do filho e, por isso, nunca leu o diário, nunca soube como ele se sentia, nem o que o atormentava e, como tal, não conseguiu ajudá-lo a ponto de evitar o pior.
Deveria ela ter quebrado a confiança?
Deveria ela ter invadido a privacidade?
Agradecer-lhe-ia, o filho, por tê-lo feito?
Seria garantido que essa invasão seria útil, e impediria o suicídio?
Não sabe... Mas sabe que, não o tendo feito, pode ter contribuído para o desfecho, pela inação.
Parece-me a mim que, nos dias que correm, a privacidade é muitas vezes violada sem motivos válidos e, poucas vezes, invadida por razões que o justifiquem.
O que levanta outra questão: existem razões ou motivos que justifiquem essa invasão?
Ou é, imperiosamente, um direito inviolável?