Quando dois homens se beijam
Hoje fui ao banco e, enquanto lá estava, reparei em dois homens que se cumprimentavam.
Uma situação perfeitamente normal, mas o que achei curioso foi o facto de se cumprimentarem com um beijo na cara, algo nada comum nos tempos que correm.
Pareceu-me que deveriam ser irmãos. Ou familiares próximos. Normalmente, este tipo de cumprimento é mais utilizado entre pais e filhos, avós e netos, irmãos, genro e sogro. Ou, pelo menos, tenho essa ideia.
Em quaisquer outras circunstâncias, e habitualmente, os homens costumam cumprimentar-se com um aperto de mão, uma palmadinha nas costas ou, no caso dos mais jovens, com aqueles rituais que só eles entendem!
E pus-me a pensar que, nesta situação específica, e sendo os senhores já idosos, ninguém levou a mal nem viu nisso nada fora do normal neste gesto.
Mas, será que teriam a mesma reação se, em vez destes dois senhores, fossem dois homens novos?
Sim porque, quando são duas mulheres a cumprimentar-se com um beijo na cara, ou uma mulher e um homem, ninguém liga, mas aposto que, se vissem dois homens a cumprimentarem-se dessa forma, começariam logo a pensar que seriam homossexuais.
E, no entanto, é um gesto perfeitamente igual nos três casos. E, ainda que assim não fosse, continuaria a não haver razão para chocar. Afinal, cada um é livre de gostar de quem quer e lhe apetece, independentemente do sexo. E é livre de trocar carinhos ou cumprimentar-se em público, como qualquer outra pessoa.
O mal está nos olhos de quem vê, não nos gestos de quem faz.