Sonhos que davam filme
(este, de terror)
Um casal sai do autocarro.
Mal este arranca, a mãe olha para trás e não vê a filha.
“Onde está a minha filha?”, pergunta, já a perceber a gravidade da situação.
O marido, padrasto da filha, que está com ela, também compreende que algo se passou.
“Só pode ter ficado no autocarro.” Afirma e, de imediato, começa a procurar onde poderão apanhar outro autocarro, para seguir aquele, de onde acabaram de sair.
Era suposto estarem perto de casa, mas saíram num local que lhes é totalmente estranho, e não sabem como sair dali.
O pânico e o desespero apoderam-se deles, ainda mais, quando percebem que não têm nada consigo – nem mala, nem carteira, nem telemóvel…
O padrasto acaba por ir para um lado, tentar encontrar uma solução, e a mãe fica sozinha, a ver se descobre onde estão e qual a melhor forma de chegar onde pretendem.
Desesperada, a mãe tenta algo que lhe indique o caminho para casa, mas é inútil.
Nem mesmo quem ela vai encontrando na rua parece saber dizer-lhe que caminho seguir.
Sem saber o que fazer, o que pensar e vendo-se sozinha, dá um grito. De dor, de raiva…
É então que encontra umas pessoas que, aparentemente, a conhecem, mas que ela não reconhece.
Provavelmente (e é a única explicação que lhe vem à mente), terá sido drogada em algum momento, para estar assim desorientada.
Ela explica-lhes a situação, e essas pessoas prontificam-se a fazer o que estiver ao seu alcance, para ajudá-la.
Levando-a dali, para a casa de um deles, que vive ali perto, uma dessas pessoas empresta-lhe então um telemóvel, para que ela possa ligar à filha, e saber onde ela estará, para a ir buscar.
O mais curioso é que aquele telemóvel parece ser o seu, até porque tem os mesmos contactos, gravados da mesma forma.
Mas, naquele momento, o desejo de saber da filha era tão grande, que nem se apercebeu.
Do outro lado, atende-lhe uma voz masculina. Era a confirmação do pior.
Alguém a tinha raptado do autocarro. Alguém que não teria boas intenções, por certo.
“O que fizeste com a minha filha? Onde é que ela está?”
“A tua filha está aqui comigo.”
“Deixa-me falar com ela. Quero saber se está bem.”
O homem passa o telemóvel à filha, que apenas conseguem pronunciar uns sons que o homem vai dizendo, para ela repetir.
Sem conseguir conter as lágrimas, a mãe percebe que, também a filha, foi drogada, e está totalmente vulnerável, para o que quiserem fazer com ela.
“Se lhe fizeres alguma coisa, dou cabo de ti, seu monstro!”, diz a mãe com uma determinação que não sabe se tem.
“Tinhas 16 horas para encontrar a tua filha, e já só restam 5. Boa sorte!”
E, assim, desliga a chamada, com a mãe a desabar, e sem saber o que fazer para salvar a sua filha.
É nesse momento que acordo, sem saber como o sonho termina…
Eu estou deitada na minha cama, com o meu marido ao lado, e a minha filha dorme tranquila no seu quarto.
Afinal, foi só um pesadelo.