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Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

1 Foto, 1 Texto #18

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Gostava de andar por aí, livre.

Mostrar-me como, realmente, sou.

Mas não posso.

 

Nem sempre é fácil andar com uma carapaça, mas ela é tudo que tenho, para me proteger.

A minha "concha" ajuda a que ninguém repare em mim. 

Como uma camuflagem, para que ninguém se aperceba da minha presença.

 

Não que toda a gente o faça, mas há sempre quem se aproxime, curioso.

Quem se queira aproveitar da minha forma de ser.

Quem só queira ver, de mim, o que quer ver. Sem me querer, mesmo, conhecer.

 

Há quem pense que gosto de me exibir.

De andar por aí e deixar a minha marca.

Mas enganam-se. 

 

Posso até adaptar-me às condições, e às situações.

Posso habituar-me à companhia de outros seres.

Consigo partilhar os mesmos espaços. 

 

Mas eu gosto mesmo é de estar na minha vidinha.

Sem chamar a atenção.

Em paz e sossego.

 

Longe da crueldade.

De quem só me quer para satisfazer os seus caprichos.

Ou para me usar numa qualquer experiência que só me magoará. 

 

 

Texto escrito para o Desafio 1 Foto, 1Texto 

Histórias Soltas #18: Prenúncio...

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Precisava de sair.

Apanhar ar. 

Dentro de casa, sentia-se a sufocar. Sabia que não podia continuar ali.

Não estava frio. Nem calor.

Ainda não chovia.

 

Saiu sem pressa.

Estar na rua sabia-lhe bem.

O vento no rosto sabia-lhe, ao contrário de outras vezes, muito bem.

Por companhia, o campo.

Arbustos que se unem no topo e formam uma espécie de gruta.

Troncos vestidos de verde.

Muros coloridos das flores que nascem por entre eles, ou que caem sobre eles.

E flores... Muitas flores... Brancas, amarelas, roxas, cor de rosa, e tantas outras. Ora misturadas. Ora separadas.

À medida que ia seguindo o seu caminho, melhor se sentia, por entre os campos verdes e castanhos, num dia que não se sabia bem se era de outono, ou de primavera, tais os contrastes com os quais se deparava na natureza.

 

Então, começou a chover.

Uma chuva miudinha.

Mas não se importou. Nem apressou o passo.

Até a chuva, nesse dia, lhe estava a saber bem. Como se aquelas gotas fossem, de certa forma, terapêuticas. E tivessem o poder de lavar o corpo e a mente.

Seria o céu a chorar, pelos que estavam em terra?

Para os aliviar? Para se solidarizar com estes?

Certo era que as "lágrimas" que caíam ficavam marcadas nas folhas verdes, como o orvalho que costuma cair de madrugada.

 

Colocou o gorro, e continuou.

Não havia quase ninguém na rua. 

Apenas um atleta passou por si.

Nem sequer os cães andavam a passear os donos. Nem estes, os cães.

Era perto da hora de almoço. Mas parecia manhã cedo. Quando ainda todos estavam a dormir. Ou com preguiça de sair.

Afinal, era feriado.

 

Duas horas se passaram.

Estava na hora de voltar. 

Abriu a porta, e entrou.

Lá dentro, os semblantes carregados prenunciavam aquilo que mais temia.

Bastou um olhar para perceber, naquele momento em que acabava de chegar, que alguém tinha partido, para não mais voltar...