Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

1 Foto, 1 Texto #21

20231130_085730 - Cópia.jpg

 

Não poderia estar de pior humor, naquele dia.

Um dia que tinha amanhecido cinzento. Pesado. Escuro.

 

E chuvoso.

Não aquela chuva miudinha, "molha tolos". Nem uma chuva normal, razoável.

Naquele dia, chovia bem. Uma chuva forte, que não dava tréguas a ninguém.

 

E ventoso.

O que dificultava a tarefa de manter um guarda-chuva aberto e intacto.

 

Como se não bastasse, mais do que a chuva que caía, eram os banhos causados pela passagem dos carros na estrada, que atiravam água para o passeio, e para quem nele tivesse o azar de se encontrar.

Portanto, ao fim de alguns minutos, a roupa estava toda molhada, os pés encharcados, e a boa disposição tinha-se perdido pelo caminho.

 

Foi quando, quase a chegar ao trabalho, olhou para o chão, também ele cinzento, a condizer com tudo naquele dia, e a viu: aquela folha amarela, caída, a levar com as pingas da chuva.

Um pouco de cor, para um dia sem ela.

Um motivo para sorrir, e devolver o ânimo.

Porque no meio de tudo o que parece menos bom, mau, péssimo, terrível, há sempre algo que nos traz de volta a esperança.

E nos anima naqueles dias que se adivinham duros ou aborrecidos. 

 

 

Texto escrito para o Desafio 1 Foto, 1Texto 

Histórias Soltas #21: A espera

20220612_123700.jpg 

 

Ali estava...

Era um dia quente. Quente demais.

Apesar de se manter ali na sombra, depressa o edifício deixaria de tapar o sol, que já espreitava.

E, depois, não teria como se proteger.

Já sentia os raios em cima de si. A escaldarem-lhe o corpo.

Mas não podia fugir.

 

Olhar para o edifício ajudava a dar a sensação de frescura, por ser escuro, ao contrário do céu, que parecia irradiar ainda mais calor.

No entanto, piorava a sua vertigem. 

Estar cá em baixo, a olhar para um edifício como aquele, alto e imponente, mesmo à sua frente, era uma sensação estranha. 

Claustrofóbica.

 

Como queria estar no meio de uma floresta, numa cascata, numa lagoa qualquer, no meio da natureza.

Mas da natureza, a única coisa que avistava era os pássaros que, indiferentes ao calor, faziam a sua dança, e as suas corridas pelo ar.

 

Olhava para o relógio.

Ainda nada.

A espera adivinhava-se longa.

Mas não havia nada que pudesse fazer.

A não ser, esperar...