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Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

1 Foto, 1 Texto #6

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De que adianta todo o trabalho se, no fim, de nada lhe serve?

Se, no fim, todo o esforço se desvanece?

Se o resultado se esfuma, e se resume a tão pouco?

 

Quem vem de fora, chega e pensa: mas que raio fez ela para estar assim?

Tão cansada... Tão satisfeita com o seu feito...

Se olham, e pouco veem...

 

Ninguém sabe, nem quer saber, a dificuldade que foi, para ela, fazer o que fez.

Ninguém está lá para ver. Para experienciar.

Chegam, e querem opinar sobre algo que não vivem.

 

Mas de conversa está o mundo cheio.

Pelo menos, ela toma a iniciativa.

Ela faz aquilo a que se propõe.

 

Ainda que, no fim, sejam outros a colher os louros.

Aqueles que, longe de se atreverem a "dar o corpo às balas", se limitam a esperar que alguém o faça por eles.

Tão mais fácil...

 

Mas ela não esmorece.

Porque lhe está no sangue, e na guelra.

E é por isso que continua a fazê-lo, e a sentir-se orgulhosa daquilo que faz. 

 

Texto escrito para o Desafio 1 Foto, 1Texto

Desafio de Escrita do Triptofano #6

A última actuação

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Aqui estou eu.

A pisar este palco uma última vez.

A deixar, para trás, a máscara que tenho vindo a usar.

 

Tantas vezes, nos últimos tempos, desejei não voltar a este palco.

Sentia cansaço. Já não me dava prazer. Já não me sentia feliz.

Sentia que já não tinha nada a mostrar. Nada a acrescentar.

Sentia que o meu papel já não fazia sentido. Que o guião, que me havia sido destinado, estava esgotado.

 

Tantas vezes, nos últimos tempos, desejei ter saído no lugar da minha parceira. Talvez ela fizesse mais falta. 

Mas, dia após dia, ia subindo novamente. Porque não estava nas minhas mãos deixar de o fazer.

Por isso, fui aguentando. Uns dias melhor. Outros, pior.

 

Só que, agora, não há volta a dar.

E agora, que sei que os meus dias neste palco estão prestes a terminar, não queria que eles acabassem.

É contraditório, eu sei.

Não é receio do que me possa esperar fora do palco.

É mais tristeza, pelo, e pelos, que deixo cá. Por saber que deixei aqui tudo de mim, e não voltarei mais.

 

Eles não sabem que eu sei. Mas sei...

Eles sabem, e eu também sei que, a qualquer momento, me despeço deles, e deste palco que foi a minha casa nos últimos anos.

Desempenhei o meu papel o melhor que pude.

Vivi a personagem, que me foi destinada, o melhor que consegui.

Agora, é hora de pisar outros palcos. De desempenhar outros papéis. De viver outras personagens.

Ou, simplesmente, parar...

 

Aqui estou eu.

A pisar este palco uma última vez.

Chegou a minha hora.

É a última vez que tenho o holofote sobre mim. Mas a luz, essa, irá guiar-me no caminho que me espera. 

 

E, assim, hoje, despeço-me de todos.

Daqueles com quem contracenei. Do público que me acompanhou.

Deste palco que é a vida...

Até um dia...

 

 

Texto escrito para o Desafio de Escrita do Triptofano

 

Também participam:

Ana D.

Cristina Aveiro

Maria Araújo

Triptofano

Maria

Ana de Deus

Bruno