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Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Histórias Soltas #24: Submersão

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Acordou...

Acordar talvez não seja a palavra mais adequada, já que pouco conseguira dormir.

Os seus pensamentos eram um turbilhão.

Olhou para a silhueta deitada ao seu lado. Dormia profundamente.

Melhor assim.

 

Levantou-se...

Tinha de o fazer.

Não podia esperar mais.

Não é que tivesse planeado.

Mas a verdade é que estava ali. As circunstâncias proporcionavam-no.

E sabia que, no estado em que estava, era o melhor a fazer.

 

Saiu...

Pouco passava das 6 horas.

O dia começava a clarear.

Não havia ninguém na rua. Claro!

Quem vai para ali, não pensa em madrugar.

 

Caminhou...

Desceu a rua principal, e a escadaria que levava à praia.

Sabia-lhe bem o vento frio na cara. Despertava-lhe os sentidos.

Poder-se-ia pensar que isso mudaria a sua resolução.

Mas não. Tornava-a mais firme.

 

Observou...

Ao longe, 2 ou 3 surfistas apanhavam ondas.

Longe o suficiente, para não repararem em si.

Estava maré cheia. 

Ainda assim, o mar parecia tranquilo.

Ao contrário de si.

E era por isso que precisava dele.

Para lhe dar a tranquilidade, a paz, o descanso que, há muito, havia perdido.

 

Avançou...

Sentiu a areia fria e húmida nos pés.

Dali a umas horas, o sol iria secá-la. Mais tarde, os banhistas puderiam estender a toalha na areia. 

O mais provável era que, a essa hora, estivesse escaldante, e queimasse os pés daqueles que se atrevessem a pisá-la.

Agora, podia avançar sem esse receio.

 

Sentiu...

A água molhou-lhe os pés.

Estava fria.

Não gelada, a ponto de, eventualmente mudar de ideias. Mas também não, propriamente, convidativa a entrar.

Paciência.

Fora ali para isso. Não ia voltar atrás.

 

Entrou...

Primeiro, os tornozelos.

Depois, as pernas.

Há pessoas que se atiram em segundos. Que mergulham de cabeça, em instantes.

Mas não era assim.

A água chegou-lhe ao tronco.

Nessa altura, já estava a bater os dentes com o frio.

Mas faltava pouco para tudo isso passar.

 

Submergiu...

Ali estava ela.

A onda pela qual esperara.

Chegara o momento.

Inspirou.

Ganhou coragem.

E mergulhou...