Já Te Disse Que Te Amo?
Quando pais que nunca quiseram saber dos filhos durante anos querem, de repente, estar com eles, alguma coisa se passa: Ou estão verdadeiramente arrependidos e querem recuperar o tempo perdido por iniciativa própria, ou foram levados a agir assim por influência de terceiros, não havendo uma genuína reaproximação, mas mais um “frete” sendo que, mais cedo ou mais tarde, a verdade virá à tona, para o bem e para o mal.
Quando jovens adolescentes que eram perfeitamente normais começam, de repente, a mudar o seu comportamento, a enveredar por caminhos perigosos, a juntar-se a companhias duvidosas e a envolver-se constantemente em problemas, não só com a família mas também com a lei, algo não está bem.
E o que esses jovens mais precisam, é de alguém que olhe para eles, que veja para além da máscara, para além da barreira que ergueram para separar a pessoa que realmente são, da que fingem ser.
Quando pessoas que se dizem amigas, preferem ignorar, não se preocupar, agir como se tudo fosse normal, muitas vezes pactuando com comportamentos errados, é caso para pensar se serão verdadeiras essas amizades.
Quando algum acontecimento traumático do passado leva a que os jovens se refugiem em distrações como álcool, drogas e até relações obsessivas e doentias, podem usar esses traumas para justificar as suas acções?
E quando, finalmente, chega alguém que repara, que se preocupa, que tenta romper a barreira, que tenta travar e ajudar verdadeiramente, que pode mudar tudo e trazer de volta aquilo que eram, o que fazer?
Errar erros, fugir às regras, usar desculpas para esconder determinados actos, cometer loucuras, aventurar-se a caminhar no limbo, são coisas típicas de adolescentes, mas há limites para tudo.
Tyler há muito ultrapassou esses limites. Eden, recém chegada e, aparentemente, mais responsável, está a ser levada a ultrapassá-los pelas suas supostas novas amigas. Há um momento em que ao leitor dá vontade de dizer “Basta! Já chega de irresponsabilidades, de fechar os olhos, de tapar o sol com a peneira, de fazerem asneira atrás de asneira.”
E se pensamos que isto só acontece porque são adolescentes, não podemos estar mais errados. A inação e incapacidade de lidar com estas situações estendem-se também aos adultos, que não conseguem impor limites, colocar um travão, ir à origem do problema e erradica-lo de vez ou, simplesmente, não têm qualquer moral para o fazer.
Tyler está, há muito tempo, perdido. Eden, a passar as férias de verão em casa do pai e da madrasta, mãe de Tyler, sabe que os seus dias por ali chegarão ao fim dali a pouco mais de 3 meses. E sabe que este era o último rapaz por quem se deveria apaixonar. Mas há algo nele que a atrai. Será mesmo paixão ou amor, ou apenas a veia de estudante de psicologia, a querer pôr em prática aquilo que aprendeu para o ajudar a encontrar o seu caminho?
Além disso, Tyler está preso a uma namorada que não está disposta a deixá-lo escapar das suas garras, e com quem Eden convive diariamente.
Trarão estas férias de verão algo de positivo a Eden? Encontrará ela o amor da sua vida, ou voltará para Portland com mais problemas ainda, do que aqueles que a levaram a querer sair de lá?
Posso dizer que cheguei ao final do livro e não percebi onde encaixa o título do mesmo, embora compreenda que nem sempre são precisas palavras para exprimir aquilo que se pensa e sente. E compreendendo, também, de certa forma, o final da história, confesso que me desiludiu, porque não considero o argumento utilizado válido. É algo que, neste caso específico, não faz sentido.
E a única forma de compensar isso, é a autora dar continuidade a esta história, partindo do verão do ano seguinte!