Já lá vai o tempo em que contava os dias que faltavam para o meu aniversário! Em que ficava, à medida que o dia se aproximava, cada vez mais ansiosa.
Em que esse dia era sinónimo de estrear roupa nova, jantar com o namorado e amigos, e noite de farra, ou almoço com a família.
Em que ficava feliz por se lembrarem do meu aniversário, ou triste por não o recordarem.
Já lá vai o tempo em que, pelo menos, o Bolo de Aniversário não podia faltar! Em que ficava feliz por fazer anos.
De há uns anos para cá, não sinto mais isso. É apenas um dia igual a todos os outros, em que fico um ano mais velha, em que não tenho ânimo nem entusiasmo para celebrações.
De há uns anos para cá, se há um bolo, é porque o meu marido o compra para me fazer a surpresa (que da primeira vez foi surpresa mas das seguintes nem tanto), se há entusiasmo e contagem decrescente para o dia, é da parte do meu marido (como se fosse ele o aniversariante) e se alguém se lembra que é um bom dia para almoçar ou jantar fora, é o meu marido!
E sei que é com a melhor intenção, mas o aniversário é meu, e tenho o direito de decidir sobre o que quero ou não fazer nesse dia, se me apetece ou não celebrá-lo e de que forma, ou se, simplesmente, quero passar por ele como se nada fosse. Também sei que, se não for pelo meu marido, esse dia vai mesmo passar em branco, como outro domingo qualquer caseiro, a tratar das lides domésticas e afins. E, provavelmente, daqui por uns anos vou pensar em como o tempo passou e como poderia ter feito as coisas de outra forma.
Não sei o que aconteceu, mas algo mudou, algo se perdeu ao longo do tempo para os meus sentimentos em relação a este dia mudarem tanto. E, realmente, gostava de recuperar o entusiasmo de antigamente, mas isso tem que ser por mim, e não porque alguém já decidiu ou planeou tudo por mim, ano após ano.
Dezembro é mesmo um mês complicado para mim. Além do meu aniversário, vem o Natal. Outra época que, há uns anos atrás, prometia muito e que, agora, pouco me diz. E, logo em seguida, a passagem de ano! Sempre gostei dessa noite e comemorava, até a minha filha ter nascido. Depois disso, acabou-se. É mais uma noite igual às outras, que tenho passado só com a minha filha, ou sozinha (há cinco anos que o meu marido trabalha nessa noite), muitas vezes já a dormir à meia noite, ou na cama a ver televisão.
Este ano, o meu marido vai estar de folga! Para ele é um acontecimento – a primeira passagem de ano em 5 anos que vai poder celebrar! Estamos sozinhos! E eu, mais uma vez, sem vontade nenhuma de sair de casa, enfiar-me num carro seja para onde for para andar numa estrada cheia de bêbados, apanhar um frio de rachar ou chuva a ver espectáculos de rua, ou enfiar-me num local fechado e barulhento até às tantas da madrugada.
Tenho 35 anos (em breve 36), não sou uma velha, mas sinto-me como se fosse. Em vez de passar pela vida, estou a deixar que ela passe por mim. Mas, sinceramente, não sei onde procurar a motivação perdida para todas estas celebrações…