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Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Marta O meu canto

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"O Mistério Indiano", de Ana Rita Tereso

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Comprei este livro a pedido da minha filha, após uma visita da autora à escola para falar sobre o mesmo, e sobre a sua aventura pela Índia.

Ana Rita Tereso, licenciada em Animação Turística decidiu, em 2016, apesar de parecer uma loucura, e de ter sido aconselhada a não o fazer, viajar sozinha para a Índia.

A viagem teve início a 27 de Outubro, e só chegou ao fim a 16 de Dezembro.

Durante esses quase dois meses, Ana Rita conheceu várias localidades, pessoas, costumes, e viveu várias experiências.

E, em vários momentos, a autora refere que a Índia lhe parece um mundo ou, mesmo, planeta à parte, tais as diferenças em relação àquilo a que estava habituada.

 

Então, e em que consiste este "mistério indiano"?

Ora bem, o verdadeiro mistério acredito que, só quem lá vai, o conseguirá desvendar, mas deixo aqui o que retirei da leitura deste livro, e da aventura da sua autora:

 

- os transportes mais usados para deslocações, seja entre pequenas localidades, cidades ou estados são autocarros e comboios, e os famosos riquexós

- os motoristas dos riquexós são péssimos em orientação, e conseguem deixar muitas vezes as pessoas nos sítios errados

- o trânsito é uma loucura

- a maior parte das pessoas anda de mota sem capacete, e podem ir até 3 pessoas numa mota

- há sempre alguém ao virar da esquina, a tentar convencer os turistas a fazer algo, para depois lhes cobrar (fotografias, pinturas) 

- a maior parte da comida é picante, e de base vegetariana

- a bebida que mais se bebe por lá é "chai"

- é extremamente difícil comprar lenços de papel

- os indianos estão, em algumas regiões, organizados, socialmente, por castas

- o calor que por lá se faz sentir é, muitas vezes, insuportável

- é frequente ver macacos à solta

- o comércio faz-se maioritariamente, nas ruas e, por isso, poucos frequentam os centros comerciais

- beijos e abraços, ou outro tipo de contacto físico entre sexos opostos não são gestos praticados, nem bem vistos, entre (e pelos) os indianos

- em muitas casas, não existe água quente, e as pessoas tomam banho com água fria

- existem casas em que as sanitas são no chão, e nem sempre há autoclismo ou papel higiénico

- é muito raro as mulheres trabalharem, conduzirem, terem o que quer que seja em seu nome, e ser independentes

- é uma vergonha para os pais não casarem os seus filhos

- nem todos os indianos falam inglês, ou o fazem fluentemente, pelo que nem sempre é possível uma boa comunicação

 

A autora arriscou, atreveu-se, e fez aquilo que seria impensável: andar sozinha pela Índia, aprender a confiar nas pessoas e afastar os receios do que pudesse acontecer a uma mulher sozinha, num país desconhecido, e com um enorme historial de todo o tipo de atrocidades, como violações.

Por entre hotéis, hostel's e casas de habitantes locais, em couchsurfing, a autora foi conhecendo um pouco de toda a Índia, do norte ao sul do país, e trouxe consigo muitos ensinamentos e, certamente, muitas memórias, que agora partilha neste diário de viagem.

Houvesse mais mulheres assim...

Indiana arrastou atacante pelos cabelos até à polícia

...e talvez a história de muitas mulheres na Índia fosse um pouco diferente. Ou não.

É certo que, no meio do azar, Pradnya Mandhare teve alguma sorte por o seu atacante se encontrar sozinho, e em estado de embriaguez, o que tornou a tarefa de o dominar mais fácil.

Mas, ainda assim, foi preciso coragem para agir, quando as pessoas à sua volta, que assistiam ao ataque, nada fizeram, e arrastar o seu atacante até à polícia sabendo que, na maioria das vezes, esta não só não coopera como ainda dificulta a vida a quem quer denunciar os ataques.

A estudante estava numa estação de comboios, a regressar a casa depois de um dia de aulas, quando tudo aconteceu. 

O mais chocante

 

 

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Quase três anos decorreram desde a morte da jovem de 23 anos (devido à gravidade dos ferimentos), violada por seis homens, dentro de um autocarro, em Nova Deli, na Índia.

Agora, o motorista do autocarro Mukesh Singh, que se encontra no corredor da morte faz, em entrevista para a BBC, chocantes declarações, sem revelar qualquer remorso.

Afirma Singh que “Quando uma rapariga está a ser violada, ela não deve resistir. Deve ficar caladinha e permitir a violação” e que “A vida dela não tinha qualquer valor”.

Para Singh, a mulher é a única responsável pela violação. E a tortura a que foi sujeita uma espécie de castigo.

No entanto, mais que as declarações deste assassino, e mais que essa cultura existente na Índia, que permite actos destes e os deixa passar, muitas vezes, impunes, sem nada ou pouco fazer, o que é mais chocante é que, em pleno século XXI, e em países ditos civilizados, com uma cultura e leis totalmente diferentes, o pensamento de certos homens para justificarem as violações e atrocidades que cometem contra as mulheres, seja precisamente o mesmo! 

 

 

Fez-se justiça na Índia

Índia: Justiça confirma pena de morte para autores de violação colectiva

O Tribunal Superior de Nova Déli confirmou a pena de morte para os quatro homens, condenados por violar e assassinar uma jovem estudante na capital indiana em 2012.

O tribunal corroborou a sentença, dada em Setembro por um tribunal do sul de Nova Déli, de que a violação mortal se enquadra na categoria de «caso extraordinário entre os extraordinários».

Só nestes casos a aplicação da pena de morte é aplicada aos condenados por crimes de especial virulência na Índia, onde após sete anos sem execuções a presidência do país suspendeu, em 2011, aquela prerrogativa.

Os quatro condenados tinham apelado à instância superior argumentando que tinham sido falsamente implicados na violação.

Um quinto envolvido no caso (suposto líder do grupo), ter-se-á suicidado, há um ano na prisão. O sexto, considerado pela polícia como o mais violento, era menor de idade e por isso foi condenado a três anos de prisão num instituto correccional.

A jovem vítima, uma estudante de fisioterapia de 23 anos, voltava para casa em Dezembro de 2012 com um amigo, após ver um filme num cinema de Nova Déli, e foi violada e torturada por seis homens dentro do autocarro. A jovem morreu 13 dias depois num hospital de Singapura, na sequência dos graves ferimentos sofridos.

A agressão à estudante provocou uma onda de grandes protestos na Índia, e levantou um profundo debate sobre a discriminação e violência contra as mulheres.

 

A lei do silêncio

 

De há uns tempos para cá, são vários os casos, que se têm sucedido, de violações na Índia. Em comum, têm o facto de terem conseguido gerar uma onda de indignação e revolta. Já para os familiares das vítimas, há uma certeza - as condenações por tais crimes tarde ou nunca virão.

Muito comuns no país em questão, esse crimes são muitas vezes abafados para proteger a honra da família ou por medo de represálias. A questãoé que a cultura indiana culpa a vítima nas questões relacionadas com crimes sexuais. O governo e os agentes policiais alegam que a maioria dos violadores não pode ser processada na Índia, porque, são conhecidos das mulheres atacadas, que muitas vezes, na sua opinião, estão "a pedi-las" devido ao facto de circularem na rua a qualquer hora. Ou seja, as próprias mulheres, são acusados pela violência sexual praticada pelos homens contra elas, enquanto os violadores não são responsabilizados.

Por tudo isto, as mulheres que vão à polícia são aconselhadas a não apresentarem queixa.

Por outro lado, o sistema indiano de combate ao abuso sexual é inadequado. Não há garantia de protecção para as crianças e as pessoas acabam por perder a pouca fé que lhes resta. Muito dificilmente, um menor abusado sexualmente (ou parente da vítima) denuncia o caso ou pede ajuda. Mas, quando isso acontece, as autoridades indianas, em vez de tratarem esses casos com sensibilidade, costumam frequentemente humilhar e voltar a traumatizar às vítimas, que são desprezadas ou ignoradas pela polícia, por médicos ou por outras autoridades.

Não é pois, de admirar, que para muitos indianos a sua paciência e passividade tenha acabado. Nem são de estranhar os protestos e as manifestações cada vez mais violentas para exigir que o governo garanta a segurança das mulheres e crianças, e pare de tratar os violadores com impunidade.

Já está mais que na hora de quebrar o silêncio!