13 Reasons Why - quarta e última temporada
A quarta temporada de 13 Reasons Why estreou no dia 5 de junho.
Posso dizer que, em 10 episódios, só o último, e mais longo de todos, vale a pena ver!
No final da temporada anterior comentava eu "Fala-se de uma quarta temporada. Não sei se valerá a pena, ou se não irão acabar por destruir a série."
Foi o que aconteceu...
De um suicídio controverso, à descoberta de abusos sexuais no meio escolar, chegámos ao mistério da morte de um dos "maus da fita" e, agora, na quarta e última temporada, em que mais alguém morre, fico na dúvida se era suposto ser uma série de terror (não conseguida), ou qualquer outro género que não percebi ainda bem qual será.
Dizem que esta temporada foca-se nos problemas de saude mental, nomeadamente, através da personagem Clay.
Guardar segredos é um peso que, a determinada altura, pode revelar-se difícil de carregar. Bem como a culpa e o remorso. E isso é visível um pouco em todos eles. Desde alucinações, pesadelos, ou atitudes impensáveis, esse peso parece estar a tomar conta deles, uns mais do que outros, e a roubar-lhes a sanidade mental.
Clay tem um problema (ou vários), mas este parece-me o maior. Ele meteu na cabeça que veio a este mundo para ajudar toda a gente, e é isso que tenta fazer o tempo todo. Mas ainda não percebeu que, neste momento, é ele que precisa de ajuda. E que não conseguirá ajudar mais ninguém, por muito que tente, se não se ajudar a si próprio primeiro.
Por outro lado, os seus amigos estão tão habituados a vê-lo como o "salvador", que exigem o tempo todo que se controle, que não se passe, que não faça ou diga nada de que se venha a arrepender. Mas não percebem que, agora, é Clay que precisa deles.
Nesta temporada, Clay torna-se irritante, parvo, detestável, egoísta, invejoso, idiota. No fundo, pode até ser involuntário, ou resultado do seu problema mental, mas não vamos gostar dele. Dá vontade de dar-lhe uns pares de estalos, para ver se acorda para a vida, e deixa de agir como um imbecil.
Para mim, uma das melhores personagens de toda a série é o Justin.
Acabado de sair da clínica de reabilitação, Justin está diferente. Para melhor.
Mais calmo, controlado. Com vontade de recuperar a sua vida, e dar o seu melhor.
Mas as pessoas parecem preferir os "coitadinhos", os "casos perdidos", aos "corajosos", "valentes" e "bem sucedidos".
O novo Justin, responsável e ponderado, não agrada a Clay, nem a Jessica. Porque este é um Justin que, no momento, está melhor que eles, sem o peso que eles carregam e, por isso, sem tanto a temer como eles. E isso fá-los parecer, a eles próprios, desorientados, paranóicos e inconsequentes, algo que não deveriam ser. Fá-los parecer piores do que aqueles a que sempre se habituaram a ver pior que eles.
Justin terá sido, de todas as personagens, a que mais passou e sofreu, e a que mais evoluiu até agora. E é por isso que nos vai custar vê-lo ser criticado pelo que faz bem, vê-lo sentir-se indesejado, vê-lo ser constantemente associado ao antigo Justin, o drogado, viciado, que não tem salvação, aquele de que apenas sentem pena.
Vai ser difícil para ele ouvir tudo isto e permanecer limpo. Ver a mulher que ama com outro. E mais ainda quando souber que a mãe faleceu de overdose. Porque, ao contrário dele, não teve ninguém que lhe desse uma oportunidade, como ele teve.
De resto, vai ser uma temporada em que todos estão a ficar fartos de guardar segredos, de ter medo, de não viverem uma vida normal mas, ainda assim, sabem que têm que permanecer calados, e acabam por desconfiar uns dos outros, quando a verdade parece estar prestes a ser revelada.
Quem acabará por falar? Quem acabará por trair os amigos?
Enquanto isso, o liceu está a terminar e começam as candidaturas para a universidade que, de certa forma, podem significar um recomeço para todos eles.
Ou, pelo menos, àqueles que sobreviverem para lá chegar.