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Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Quando, para não falhar aos outros, falhamos a nós mesmos...

Palabras en japonés | Arte manga, Dibujos anime manga, Dibujos de anime 

 

Ao longo da vida, são vários aqueles com quem contamos, e que contam connosco, nas mais diversas ocasiões.

E existem situações em que essa necessidade se faz sentir mais.

Faz parte do ser humano.

Da mesma forma que gostamos que estejam lá para nós, também nos sentimos no dever de estar lá para os outros.

 

Por isso, para não falhar com aquele, abdicamos de algo. Para não desapontar aqueloutro, mais alguma coisa fica para trás. E porque alguém está a contar connosco, "roubamos" mais um bocadinho a nós.

 

O problema surge quando, para não falharmos aos outros, acabamos por falhar a nós mesmos.

Quando queremos tanto não defraudar ninguém, que acabamos por dispender todo o nosso tempo, e toda a nossa energia, com os outros, não sobrando nada a que nos agarrarmos quando, finalmente, pensamos em nós.

 

Se não o fizermos, ficamos a remoer e a sentir alguma culpa porque, afinal, ainda que não nos tenham pedido nada, sabemos que podemos fazer a diferença.

Se o fizermos, ficamos frustrados porque, em prol dos outros, nos esquecemos de nós. 

 

Esquecemo-nos de que também temos que olhar para, e por, nós.

Que, por muito que não queiramos ser egoístas, também não nos devemos colocar em último plano.

Como se não tivessemos qualquer importância. Temos!

Como se tudo aquilo que sentimos, e precisamos, fosse insignificante. Não é!

 

E, por vezes, temos que nos convencer de que não temos superpoderes.

Que não conseguimos chegar a todos, o tempo todo.

Que, se calhar, naquele dia, a pessoa que mais precisa, somos mesmo nós... 

 

 

Histórias Soltas #20: Estagnar, ou seguir em frente?

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- O que vai acontecer comigo?

- Vais seguir o teu caminho.

- Mas... E eles?

- Eles?

- A minha família. Posso vê-los?

- Porque queres vê-los?

- Porque sei que estão a sofrer. Quero olhar para eles, despedir-me, dizer que estou aqui.

- Isso de nada adiantaria. Não te podem ver. Não te ouvem. Não te sentem. Não lhes servirás de consolo. E será pior para ti.

- Mas... Não é possível abrir uma excepção? Uma única vez?

- Neste momento, não. Terás que seguir em frente para aperfeiçoar a tua aprendizagem. Só depois, então, saberás o que te é possível. Mas, se fizeres muita questão, podemos dar-te, temporariamente, acesso às imagens que tanto desejas, em tempo real.  Este acesso tem uma duração limitada. Depois, terás que deixar a tua vida passada, para iniciares a tua vida presente.

 

- O que acontece se eu não quiser avançar, deixar para trás?

- Ficarás, para sempre, presa neste limbo. Não voltarás à vida antiga, mas também não terás uma nova. Ficarás, eternamente, estagnada. E perdes qualquer possibilidade que seja, de um contacto futuro, com quem quer que seja. Tal como outros, que assim o quiseram. 

- Então, o que me estás a dizer é que, para eu ter a mínima hipótese de voltar a ver os que mais amo, de comunicar com eles e, quem sabe, ser vista por eles, ainda que sem qualquer garantia, terei que abdicar deles daqui em diante.

- De forma resumida, sim. É isso.

- Mas é tão injusto. Eles estão tristes. Eu estou triste. Eles precisam de mim. Eu preciso deles.

- De momento, sim. Mas depressa vão ultrapassar. E tu deves fazer o mesmo. Libertá-los. E libertares-te. Quanto mais depressa te libertares, mais cedo iniciarás o teu processo evolutivo. A decisão é tua. 

 

- E, aqui, há alguma hipótese de nos encontrarmos, um dia? Irei, pelo menos, encontrar quem veio antes de mim?

- Talvez sim... Talvez não... Aqui cada um tem o seu próprio caminho e aprendizagem. Pode, ou não, cruzar-se com quem gostaria.

- Ou seja, não há forma de saber o que me espera!

- Não. Só saberás à medida que avançares. Se assim o decidires. Quando estiveres pronta, virei para te acompanhar.

- E se eu não estiver pronta? Se nunca estiver pronta?

- Então, não voltarei. Ficarás entregue a ti própria.

 

E assim ficou, até ao último momento, sem saber o que fazer, demasiado agarrada ao que tinha perdido, para tentar pensar no que poderia vir a ganhar. Mas... 

Não perderia ainda mais, se ali permanecesse?

Não valeria a pena tentar? 

Então, rendida, como quem solta, e deixa voar, aquilo que, até então, tentava agarrar, ela soube o que tinha que fazer...

 

 

 

 

 

 

Quase a meio de 2020, é hora de voltar a emergir

Emergir - Espiritualidade - SAPO Lifestyle

 

Quando entrámos neste ano de 2020, que eu acreditei que seria um bom ano, a única resolução que pensei colocar em prática foi "pensar mais em mim".

E, claro, como todas as boas resoluções que fazemos, convictos de que as vamos levar a cabo, ao fim de algum tempo fui-me esquecendo dela.

 

Apesar de ser um ano que tinha tudo para correr bem, começou a andar a velocidade média, ficando aquém das expectativas para ele criadas.

Depois?

Depois veio a Covid-19, que mudou a vida, e os planos, de todos.

Uma realidade nunca antes vivida e, com ela, novas preocupações, novos hábitos e rotinas, novas prioridades.

E lá foram as resoluções, e expectativas, ao fundo.

 

É isso que sinto.

Que tenho estado a mergulhar estes meses todos, mas está na hora de voltar a emergir.

Estamos quase a meio do ano, e ainda vou a tempo de salvar o que resta dele. 

Então, repescando a resolução de "pensar mais em mim", espero, daqui em diante, aproveitar melhor os dias, com bom humor, paz, tranquilidade, energia e pensamento positivos, sempre que isso dependa somente de mim.

 

Não podemos controlar tudo o que nos acontece.

Mas podemos excluir o que não precisamos, sempre que nos faça mais mal que bem. E abdicar do que, ainda que necessário, nos prejudique.

Podemos bloquear aquilo que não queremos que entre na nossa vida.

Podemos agir de acordo com o que desejamos para nós.

Podemos escolher como reagir às situações.

 

Desvalorizar o que não tem importância.

Reduzir o stress.

Dar a volta aos problemas.

Criar defesas contra a toxicidade que nos rodeia.

 

Escolher a velocidade a que queremos avançar, o caminho que queremos percorrer, e quem querermos que esteja ao nosso lado a fazê-lo connosco.

 

E cuidar de nós.

Valorizarmo-nos.

Mimarmo-nos.

Ser felizes, sempre que isso esteja nas nossas mãos.

Por vezes, também é preciso saber desistir

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Há quem desista muito facilmente, e quem teime em não desistir.

Há quem leve a vida toda a desistir, e quem não tenha essa palavra no seu dicionário.

 

Há quem diga que desistir é para os fracos. 

Mas, por vezes, desistir pode ser a decisão mais acertada.

E não torna ninguém mais fraco. Apenas, mais sensato.

 

É aí que as coisas se complicam.

Nem toda a gente sabe desistir. Há quem confunda persistência, com teimosia. Determinação, com irresponsabilidade.

Há quem insista naquilo que sabe que será uma luta perdida, por puro orgulho.

Há quem esteja tão agarrado, tão focado, que não consiga abdicar, abrir mão, tomar a decisão mais acertada.

 

Por vezes, insistir é insensato. Ainda que pareça ser aquilo que nos faz mais felizes hoje, pode não ser o que nos trará felicidade, amanhã.

Para algumas pessoas, desistir será a decisão mais difícil que alguma vez tomaram na vida.

Mas é preciso aprender a fazê-lo, a saber fazê-lo, e a aceitar que, o que achamos que estamos a perder hoje, pode ser aquilo que nos levará a ganhar, amanhã.

 

Abdicar da vida, pela carreira, ou da carreira, pela vida?

Resultado de imagem para qualidade de vida ou carreira

 

Gosto de comunicar, de pesquisar, de entrevistar mas, nem uma única vez, pensei seguir a área do jornalismo. 

Muitas vezes o meu marido diz-me: devias investir nessa área. Ao que eu lhe respondo sempre: o facto de gostar de uma coisa, não quer dizer que tenha que fazer dela profissão ou carreira.

Da mesma forma que ele, apesar de gostar tanto de animais, não tem, obrigatoriamente, de ser médico veterinário, por exemplo.

 

Claro que haverá áreas que interessam a determinadas pessoas e que, por isso mesmo, querem seguir porque isso as realiza e faz felizes. E que o ideal, sempre que possível, é trabalharmos em algo que gostemos. Mas não tem que ser uma regra. Até porque, gostanto de diferentes áreas, não seria fácil exercê-las todas ao mesmo tempo.

 

Assim, e escolhida aquela que mais queremos ou nos agrada ou, simplesmente, aquela que, não nos agradando, é a que tem melhor saída profissional, há que mostrar o que valemos, dar o nosso melhor, decidar a nossa vida a ela, até porque é ela que nos dá o sustento.

Mas há quem leve a sua carreira a um extremo, de quase abdicar da sua vida, pelo trabalho. Muitas vezes, durante anos a fio.

Até há bem pouco tempo, era essa a tendência, sobretudo por parte das mulheres, que além de tudo o resto, queriam afirmar-se e mostrar o que valiam, num mundo de homens.

 

Hoje em dia, parece-me que a tendência se está a inverter.

Parece-me que, hoje, as pessoas estão a abdicar das suas carreiras, para recuperar a vida que naõ viveram até agora.

Há cerca de 2 anos, um conhecido do meu marido abdicou da sua carreira de engenheiro, e do belo salário que ganhava, para se tornar recepcionista num ginásio, e treinador de futebol de crianças nos tempos livres.

Aquilo que perdeu em dinheiro, ganhou em descanso, em horas com a família, em paz, e a fazer algo que gosta. E não se arrepende.

 

Da mesma forma, o médico veterinário que fundou o Hospital Veterinário aqui da vila, que estudou tanto para se formar, que lutou tanto para se dedicar aos animais e ter um hospital a seu cargo, desistiu porque já estava farto.

 

Colegas do meu marido, seguranças, com mais idade, já começam a acusar o excesso de trabalho, as noites  fora de casa, o pouco tempo para a família, e a preferir postos e horários mais suaves.

 

Até mesmo eu, quando tive oportunidade de ir para um trabalho a ganhar um bom ordenado, pouco depois de terminar os estudos, disse que não. Iria sair de casa de madrugada, e chegar à noite. Não dava para mim. E era solteira na altura, e sem filhos.

Hoje, ainda menos abdicaria, a não ser por extrema necessidade, do tempo que ainda vou tendo com a minha filha, por uma carreira profissional, por um emprego bem remunerado, mas que me tirasse a liberdade que hoje tenho.

 

E por aí, do que abdicariam mais facilmente: qualidade de vida, ou da carreira?