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Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Marta O meu canto

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O acolhimento temporário

 

Na sequência do post sobre o livro “O Menino que ninguém amava”, escrevo hoje este, sobre um dos aspectos que o livro foca – o acolhimento temporário, mais precisamente sobre as famílias de acolhimento temporário.

Como o próprio nome indica, é um acolhimento de carácter temporário, com um período de duração definido por quem de direito, em ambiente familiar.

O objectivo é confiar a criança ou jovem a uma família, habilitada para o efeito, para integração num meio familiar, e visa a prestação de cuidados adequados às necessidades, bem-estar e educação essenciais ao desenvolvimento da mesma.

Uma família de acolhimento, como atrás foi referido, tem que estar devidamente habilitada, ou seja, tem que preencher determinados requisitos, satisfazer as condições mínimas necessárias e exigidas, e ter formação específica.

Assim foi com Casey Watson e o seu marido.

Mas, por mais formação e preparação que se possa ter, somos humanos, e é sempre difícil para nós gerir e lidar com as emoções, e agir de forma prática e desprendida, quando se criam laços.

E quando chega o momento da separação, do afastamento, de mais um virar de página, tudo se complica.

Por um lado, depois de uma batalha travada e vencida, as crianças/ jovens acabam por estar integradas naquela família que já consideram sua, aquela que perderam a determinada altura das suas vidas ou, simplesmente, nunca tiveram. Sentem-se estáveis e felizes. E são obrigados a dizer adeus a tudo isso. Um adeus progressivo, é certo, mas um adeus.

Na maioria dos casos, ocorre um retrocesso. As crianças alteram (para pior) o seu comportamento, tentando desligar-se das pessoas com quem conviveu para não lhes ser tão dura a despedida. Outras, fazem-no para que as deixem ficar mais tempo com as famílias, por não se sentirem preparadas para a separação.

Por outro lado, como se sente quem acolhe estas crianças/ jovens quando lhes é dito, ainda que nem sempre directamente, que a sua missão está cumprida, e está na hora de “substituir” esta criança por outra? Quando o destino que espera estas crianças é uma nova família de acolhimento, que os obriga, de certa forma, a recomeçar da estaca zero? Quando, nessa altura, já floresceu um sentimento tão forte como o que sentem pelos próprios filhos? Quando sabem, embora não seja possível, que essas crianças/ jovens ficariam melhor se continuassem com essas famílias do que separadas delas?

Foi isto que sentiu Casey em relação a Justin. Mas os laços que os uniram mostraram-se fortes e, apesar de Justin não ter tido propriamente o final feliz que todos esperaríamos (pelo menos até aos 17 anos), foi à família de Casey que ele continuou a considerar a sua família. Porque, no fundo, nunca esquecemos aqueles que sempre nos quiseram bem e nos amaram sem reservas!