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Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

À Conversa com Sara de Almeida Leite

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A convidada de hoje é Sara de Almeida Leite, autora da coleção de livros infantojuvenis "O Mundo da Inês", que já conta com 9 livros, estando o 10º a caminho.

Fiquem a conhecê-la um pouco melhor nesta entrevista!

 

 

 

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Para quem não a conhece, quem é a Sara de Almeida Leite?

Uma mãe de 3 filhos que adora, uma professora e escritora que também desenha e pinta (muito de vez em quando), uma pessoa que não sabe fazer nada sem entusiasmo, que ama a natureza e que se sente feliz com a sua vida, apesar de ser naturalmente pessimista.

 

 

A Sara é professora. Quais são os principais desafios que encontra no exercício da sua profissão?

Na minha prática, acho que o desafio maior é fazer com que os alunos sintam prazer em aprender.

Faço tudo o que posso para lhes transmitir um pouco do meu gosto, através do entusiasmo, da criatividade e do humor, mas nem sempre consigo e fico triste quando eles confessam que acham a matéria “uma seca”.

Outro desafio enorme é ajudar os alunos com mais dificuldade a serem bem-sucedidos. Também faço por isso, mas por razões várias nem sempre consigo e é uma angústia para mim ter de dar notas negativas, sobretudo a quem se esforçou.

 

 

Em que momento da sua vida surgiu a paixão pela escrita?

A minha paixão pela escrita é tão antiga quanto o meu domínio do alfabeto.

Assim que fui capaz, pus-me a escrever e nunca mais parei.

Não exagero se disser que passei grande parte da minha infância entretida a inventar histórias que ilustrava.

 

 

Quem são os seus autores de referência?

Tenho vários e são de dois tipos: os que escreveram obras admiráveis e incontornáveis, como Tolstoi, Cervantes, Shakespeare, Machado de Assis, Jorge Amado, Eça, Camilo, entre outros; e aqueles que, não sendo clássicos, me encantam muitísimo pelo seu estilo, pela forma única como sabem usar as palavras e comover-me: José Saramago (que talvez já possa ser considerado um clássico!), Rosa Montero, Julian Barnes e Mia Couto, por exemplo.

 

 

 

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Em que/ quem se inspirou para escrever a coleção de livros "O Mundo da Inês"?

Isto pode parecer estranho, mas inspirei-me em coleções que não li: as de Enid Blyton, passadas nos colégios internos (As Gémeas em Santa Clara e O Colégio das 4 Torres).

A minha filha adorava esses livros e eu resolvi escrever uma história com o mesmo tipo de enredo, para ela se entreter, numas férias em que havia pouco para fazer.

Sabia que a fórmula era simples e deixei-me guiar pela intuição. Como ela adorou o texto que escrevi, prossegui nessa linha!

 

 

Que feedback tem recebido relativamente aos vários livros editados?

Vou recebendo mensagens de mães e pais muito satisfeitos por verem que as filhas adoram a coleção e que fazem questão de me agradecer, porque fiz delas leitoras ávidas, quando antes tinham pouco ou nenhum interesse pelos livros.

Chegam a dizer-me que notaram melhorias no desempenho escolar, o que me faz muitíssimo feliz, naturalmente.

Também recebo mensagens de leitoras que me escrevem simplesmente para dizer que adoram os meus livros, o que é deveras gratificante.

Quando, nas minhas idas às escolas, me perguntam se já recebi alguns prémios literários, respondo com sinceridade que o melhor prémio, para mim, é esse retorno dos leitores, em primeira mão (literários nunca recebi nenhum!).

 

 

Por norma, é mais abordada nesse sentido pelos pais, ou pelos próprios adolescentes, que se reveem nas diversas situações descritas?

Como a plataforma que uso mais é o Facebook, que é mais para “cotas”, sou sobretudo abordada pelos pais (mães, na maioria), já que a juventude é mais dada ao Instagram e outras redes que eu nem conheço! Ainda assim, há muitas leitoras que utilizam a conta de Facebook das mães para me contactarem.

 

 

Nesta história, a Inês vai estudar para um colégio interno. Na sua opinião, quais são as vantagens e desvantagens deste tipo de ensino e vivência, comparativamente aos existentes noutro tipo de escolas?

Nunca estudei num colégio interno nem investiguei muito sobre o assunto, mas parece-me que o internato terá a desvantagem de constituir um meio fechado e mais limitado, do ponto de vista da convivência com pessoas provenientes de contextos socioculturais e económicos diferentes.

Quanto às vantagens para os estudantes, não sei se existem efetivamente, ou se são apenas imaginadas.

Sem dúvida que existe o “sortilégio” do internato, uma espécie de encantamento em relação a uma experiência que se idealiza, precisamente por não se ter vivido nessa realidade.

Nesse sentido, talvez se pense que a convivência permanente com os pares desenvolve um espírito de camaradagem, de entreajuda, etc. mas tenho dúvidas de que esse espírito se desenvolva a um nível mais elevado do que entre rapazes e raparigas que frequentem externatos e escolas públicas.

 

 

 

 

O grande companheiro de Inês é o seu cão, Bruno. Considera que os animais podem ter um papel fundamental na vida das crianças?

Sou a favor do contacto e da amizade entre crianças e animais, desde que sejam sempre fundados no respeito pelos bichos.

Estão amplamente documentadas e difundidas as vantagens de as pessoas em geral e as crianças em particular conviverem com animais, mas faz-me muita confusão que as famílias tenham cães, gatos, pássaros, coelhos, hamsters, peixes, etc. que tratam como objetos ou bonecos, isto é, que não respeitam como seres que precisam de liberdade, de movimento, de poderem comportar-se e viver de acordo com a espécie a que pertencem.

 

 

Ao longo dos vários livros, os leitores vão assistindo ao crescimento e evolução da Inês. Que conselhos deixaria para quem está a passar pela adolescência, e por todas as mudanças e receios que esta implica?

Confesso que prefiro coibir-me de aconselhar adolescentes, por vários motivos: primeiro, por não ter formação em psicologia, depois, porque cada jovem vive a adolescência à sua maneira e eu, como eu não me senti atormentada por mudanças nem receios nessa fase, receio não compreender bem as suas angústias; e finalmente porque cada vez mais me parece que muitos adultos têm “problemas da adolescência” por resolver, ao passo que muitos adolescentes são mais sensatos e sábios nas suas opções do que muitos adultos.

Eu própria não me sinto um modelo, um exemplo a seguir, para dizer a verdade.

Estou muito consciente dos meus erros e por isso não acho que tenha autoridade para dar conselhos aos jovens só por ser mais velha ou mais experiente.

 

 

Para além desta coleção, a Sara tem outros projetos em mãos?

Sim, vai ser lançada em setembro uma nova coleção, também da Porto Editora, com mais mistério e aventura, que eu desejo que venha a cativar também o público masculino.

Os protagonistas são um grupo de amigos (rapazes e raparigas) e uma cadela, que descobrem um ser misterioso que lhes confere poderes sobrenaturais...

 

 

O que falta, na sua opinião, à literatura em Portugal?

Não me atrevo a responder!

Leio menos de 40 livros por ano (muitos deles estrangeiros) e, como tal, não me sinto autorizada a referir-me à “literatura em Portugal”, sobretudo na atualidade (estudei Literatura Portuguesa, mas já foi há décadas!).

Há obras de que gosto muito, outras que não consigo acabar, mas quando sinto “antipatia” por um livro concluo que se trata de uma questão pessoal, de uma falta de identificação (como quando antipatizamos com uma pessoa) e não de uma falha, ou falta, na obra ou no autor.

 

 

Considera que os autores nem sempre fazem um bom uso da língua portuguesa na sua escrita?

É inevitável cometermos erros: somos humanos e os autores não são exceção!

Mas, como estudiosa da gramática, tenho a noção de que o conceito de correção linguística é muito “escorregadio”.

As gramáticas normativas regem-se pelo uso da língua que os autores consagrados fazem, mas eles nem sempre estão seguros das suas escolhas. Existe até uma história engraçada sobre o escritor Augusto Abelaira, que um dia teve uma dúvida sobre sintaxe e ficou desconcertado quando, ao consultar uma gramática, deparou com um exemplo de uso “correto” retirado de uma obra sua!

As gramáticas descritivas, por seu turno, baseiam-se no uso que os falantes fazem do idioma e esses usos, como sabemos, são frequentemente desviantes em relação às normas mais convencionais ou antigas.

Este assunto é muito interessante, mas dá “pano para mangas”, como se costuma dizer...!

 

 

Que conselho deixaria para quem se quer aventurar na escrita literária?

Acho que estas 5 dicas são as mais importantes:

1) leiam livros todos os dias, de preferência os que sejam recomendados por bons leitores, e sobretudo livros que vos entusiasmem e deem vontade de escrever;

2) escrevam todos os dias (um diário, notas, contos, qualquer coisa), mesmo sentindo que os vossos textos não são para aproveitar, porque a escrita flui melhor com o treino;

3) façam exercício físico, de preferência ao ar livre, pois o bem-estar psicológico depende do bem-estar físico;

4) fomentem o contacto social e as experiências culturais: convivam com pessoas de várias gerações, assistam a documentários, espetáculos, exposições, vejam filmes, séries, etc., pois a criatividade também depende desses estímulos;

5) reflitam e questionem-se sobre os grandes e pequenos dilemas da vida, formulem questões sobre o que acontece e tentem encarar os problemas como desafios ou testes à vossa capacidade para encontrar soluções.

 

 

A Sara irá estar presente na próxima edição da Feira do Livro de Lisboa. Onde poderão os leitores encontrá-la?

No stand da Porto Editora Kids, presumo. A sessão de autógrafos da coleção “O Mundo da Inês” está prevista para 4 de setembro às 17h.

E no dia 12 de setembro, também às 17 horas, estarei lá para o lançamento da coleção nova!

 

 

Muito obrigada, Sara!

 

Notas:

  • Não poderia deixar de mencionar a ilustradora Zita Pinto, que dá "vida" às diferentes personagens da coleção, fazendo um trabalho fantástico!
  • Para além da coleção de livros, existe também um diário "O meu Diário Incrível", que traz uma caneta de tinta invisível.

 

Imagens: Sara Leite, O Mundo da Inês

À Conversa com Telma Nunes

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A convidada de hoje é Telma Nunes, autora do romance "A Justiça do Amor", recentemente lançado.

A Telma vive no Luxemburgo, e tem várias paixões, para além da escrita.

Fiquem a conhecê-la um pouco melhor nesta entrevista!

 

 

 

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Para quem não a conhece, que é a Telma Nunes?

Eu sou uma pessoa que gosta de coisas simples, não gosto de complicar a vida!

Sou amiga do meu amigo, mas quem me pisa, só o faz uma vez. Prefiro perder um amigo que uma oportunidade.

Adoro motas, e a liberdade que me proporciona, quando as conduzo. A minha prioridade é, e será sempre, a minha família, que inclui os amigos mais próximos, e que conquistaram o lugar deles na minha vida e na vida dos meus filhos.

 

 

A Telma vive atualmente no Luxemburgo. O que a levou a emigrar para lá?

Emigrei para o Luxemburgo em 2011, juntamente com o meu marido e as minhas duas filhas mais velhas, porque queríamos lutar por uma vida melhor e mais desafogada do que a que tínhamos em Portugal. Penso que é a razão que leva a maioria dos emigrantes a sair dos seus países de origem.

 

 

Sendo segurança de profissão, o que de melhor, e pior, destacaria no âmbito desse trabalho, e quais as principais diferenças relativamente a Portugal?

Eu adoro o meu trabalho, já o faço desde 2007.

Muitas pessoas acham que ser segurança é só "ficar ali, sem fazer nada", mas é muito mais do que isso.

É um trabalho exaustivo e que, no meu caso, me satisfaz em plenitude em termos profissionais.

O que de melhor há nesta profissão é o facto de podermos ajudar alguém e, de algum modo, fazer uma pequena diferença na sociedade que nos rodeia.

O pior é a falta de apoio e falta de métodos de defesa.

Porque existem certos postos em que corremos riscos à nossa integridade física, muitos deles contra certas armas, brancas ou de outro tipo, e nós, seja em Portugal ou no Luxemburgo, não somos autorizados a usar qualquer tipo, nem mesmo um spray pimenta, ou um taser que, na minha modesta opinião, seria o mínimo.

No Luxemburgo, apesar de tudo, sinto-me mais apoiada pelas forças policiais, que nos veem como um apoio, e não como inimigos, como muitas vezes senti em Portugal. Friso, mais uma vez, que se trata somente da minha opinião e que não generalizo, de forma alguma.

 

 

Como surgiu a sua paixão pela escrita?

A minha paixão pela escrita existe desde sempre.

Infelizmente, todos temos problemas e, eu não sou diferente.

A minha vingança sempre foi a caneta e o papel. Os meus desabafos, medos, angústias…

Sempre achei mais fácil escrever do que falar com alguém.

Um erro, talvez, mas ao menos no papel podemos "dizer" o que nos apetece sem ferir susceptibilidades.

 

 

Quais são as suas principais referências a nível literário?

Sempre gostei de ler, mas o livro que mais me marcou até aos dias de hoje, foi ‘Os Capitães de Areia” de Jorge Amado.

Ainda me lembro do que senti, a primeira vez que o ouvi há mais de 20 anos, quando uma professora que tive na escola preparatória, tirava sempre 15 minutos do fim da aula para nos ler um pouco, durante todo o ano lectivo.

 

 

 

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“A Justiça do Amor” é a sua primeira obra. Em que/ quem se inspirou para escrever este livro?

Neste livro, tive como intenção passar algumas mensagens.

A principal, e a que está mais "acentuada", é a violência doméstica que, infelizmente, e em pleno século XXI, continua muito presente.

As vítimas continuam com medo de denunciar e muitas ainda acham que a culpa é delas.

Neste caso, quis mostrar que podemos denunciar, podemos e devemos confiar em alguém.

Outros temas que abordo são as relações familiares e a importância delas.

A homossexualidade, ou até mesmo o facto de o dinheiro não comprar tudo, porque o Miguel, por exemplo, é um bilionário que está disposto a perder tudo, por amor.

 

 

Que feedback tem recebido relativamente a esta história, por parte dos leitores?

Dos leitores tenho tido uma aceitação muito maior do que esperava.

Todos me dizem que é uma história com a qual qualquer um deles se identifica facilmente e que sentem empatia pelas personagens.

Muitos deles me dizem que se identificam com um personagem de tal forma, que é como se eu tivesse a contar a história dele próprio, quando eu nem sequer conhecia o leitor antes. É muito bom ouvir este feedback.

 

 

Na sua opinião, que justiça pode trazer o amor?

O amor pode trazer qualquer tipo de justiça se as duas partes estiverem empenhadas em fazer funcionar e remarem para o mesmo lado de forma a levar o barco a bom porto.

Não sou a pessoa que acredita no amor e numa cabana, mas sou a pessoa que acredita que quando se ama, tudo é possível e, essa cabana, pode tornar-se um lar.

 

 

Esta história aborda as marcas deixadas numa pessoa vítima de violência doméstica. Considera que, tanto a nível legal, como emocional, as vítimas ainda estão muito “entregues a si próprias”, e sem grande apoio?

Considero sim.

Infelizmente as vítimas são, muitas vezes, deixadas só com um papel na mão que diz que o(a) agressor(a) não se pode aproximar.

Dá vontade de perguntar às autoridades, então e se se aproximar, o que fazemos? Mandamos-lhe o papel à cara e ele(a) vai embora?

Acho que é pior ainda quando existem filhos no meio, e em que é decidido que, mesmo depois de provados certos maltratos, eles podem continuar a ter contacto. (Tal como acontece no meu livro).

Estou de acordo quando se diz que os filhos não têm de pagar pelos erros dos pais, mas em certos casos deveriam também ser mais protegidos.

 

 

Em “A Justiça do Amor”, o Miguel surge como a pessoa que poderá fazer renascer, em Ana, a esperança e a confiança. Na vida real, também podem existir segundas oportunidades com finais felizes?

Sem dúvida que sim.

Eu tive a minha, e acredito que mais pessoas conseguiram a felicidade e a vida que mereciam desde o início.

 

 

Outra das suas paixões é fazer tatuagens. Que desenhos ou mensagens lhe pedem, normalmente, para fazer?

Tatuagens com significados e homenagens é sempre o mais pedido, principalmente aos pais, ou aos filhos.

Algumas das vezes ao próprio cônjuge.

Eu própria tenho 15 tatuagens e não há nenhuma que não tenha um significado especial para mim.

 

 

A Telma é casada, e mãe de quatro filhos. É fácil conjugar o seu trabalho, as suas paixões e a vida familiar?

Quando se gosta do que se faz, arranja-se tempo e não desculpas.

Claro que, por vezes, para ter tempo para tudo, nós somos penalizados em horas de sono, por exemplo, mas ver o sorriso dos meus filhos nos lábios porque fomos ao cinema ou a um parque de diversões, compensa qualquer coisa.

A escrita faço quando eles já estão a dormir e, as tatuagens, quando estou de folga do trabalho e eles estão na escola.

Tento conciliar tudo o mais que posso, não esquecendo a vida de casal, que é também importante. Nada que com um pouco de organização, não seja possível.

 

 

“A Justiça do Amor” deixa o seu final em aberto. Podem os leitores contar com uma continuação desta história?

Sim, de facto “A Justiça do Amor”, terá 3 volumes.

O segundo volume sairá brevemente, pois já se encontra na fase de paginação por parte da editora e, o objectivo é lançar o terceiro volume antes da época natalícia.

Entretanto aproveito também para anunciar que a tradução para francês já está também a ser executada, mas ainda não tenho datas certas de lançamentos.

 

 

Que temas gostaria de abordar numa próxima obra?

Depois de acabar definitivamente “A Justiça do Amor”, estou a pensar abordar um tema que me afecta directamente, o facto de ter tinta no corpo.

A discriminação que sofremos é retrógrada, e muitas vezes somos prejudicados a níveis profissionais e, até mesmo pessoais, pela tinta que temos no corpo.

O facto de ser motard só ajuda a essa descriminação. O pensamento de que quem tem tatuagens é criminoso, ou não é digno de confiança, tem de mudar.

Felizmente, no Luxemburgo não somos tão discriminados como em Portugal, mas infelizmente, ainda acontece.

 

Muito obrigada, Telma!

Obrigada Marta e, gostava de esclarecer, mais uma vez, que todas as respostas que dei, são somente a minha opinião pessoal, e não são para ofender ninguém.

À Conversa com Andreia Botas

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A convidada de hoje é Andreia Botas, autora do romance "Não desistas de ser feliz".

Fiquem a conhecê-la um pouco melhor nesta entrevista!

 

 

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Para quem não a conhece, quem é a Andreia Botas?

Tenho 39 anos, nasci em Portalegre, e vim morar para os arredores de Sintra apenas com um mês de vida. Sou solteira, não tenho filhos, mas vivo com a minha fiel amiga de todas as horas, a Luna, uma cadela Yorkshire que é a minha paixão.

 

Como surgiu a sua paixão pela escrita?

A paixão pela escrita surgiu apenas na adolescência, e muito como forma de desabafo relativamente a algumas angústias que tinha, derivado à minha ansiedade.

Sofro de ansiedade há mais de vinte anos, e escrever sempre foi terapêutico para mim.

 

Que obras, e autores, mais a marcaram, enquanto leitora?

Eu sou uma eterna romântica ainda na esperança de que o meu príncipe um dia vai chegar, de preferência montado num cavalo (animal que amo de paixão) e o livro que realmente despertou em mim o gosto pela leitura foi “As palavras que nunca te direi” de Nicholas Sparks, apesar de não terminar muito bem.

Vivi um verdadeiro momento de magia e empatia pela leitura naquele momento, não conseguia parar de ler, parecia que conseguia ver tudo o que estava descrito naquelas páginas à minha frente, sinto sinceramente que desde esse dia os livros se tornaram o meu refúgio.

Mas gosto de outros autores, como por exemplo: Nora Roberts, Deborah Smith, Danielle Stell, Catherine Anderson, entre outros.

 

Em que momento decidiu que estava na hora de dar a conhecer ao público a sua escrita?

Eu comecei a escrever este meu livro à mão, porque me dá mais prazer do que no computador, mas cheguei a uma altura que eu pensei que para dar a alguém a ler não podia ser assim.

A ideia não era publicar, não achava isso possível, achei que ia depois de terminar, mandar fazer umas cópias e dar a algumas pessoas amigas, mas depois perguntaram: E porque não mandas a uma editora?

Decidi fazê-lo quase com a certeza que não ia dar em nada, mas afinal em dezembro de 2020 tive esta agradável surpresa da Chiado Books querer publicar o meu livro.

 

 

 

Não desistas de ser feliz

 

“Não desistas de ser feliz” é o seu primeiro romance? Em que/ quem se inspirou para o escrever?

Sim, é o meu primeiro romance.

Eu sou uma eterna sonhadora, mas também uma pessoa consciente da realidade e por isso quis juntar as duas coisas de forma a criar uma história muito semelhante a uma qualquer realidade e claro, nunca deixando de parte um lado mais sonhador e positivo em relação à vida.

 

Nesta história, várias personagens recorrem a uma aplicação para conhecer pessoas novas, com os mais diversos objetivos. A Andreia acredita que é possível, através destas aplicações, encontrar o amor?

Sinceramente acredito, já vivi uma história de amor com alguém que encontrei numa rede social, é verdade que não deu certo, mas sei de pessoas a quem as coisas correram bem.

Penso que o sucesso das relações está na comunicação, na verdade, na lealdade e em muitos outros valores, se encontramos essa pessoa numa rede social, num café ou na praia é apenas uma questão também de sorte.

 

Poder-se-á dizer que o Sandro e a Madalena representam aquilo que os homens e as mulheres procuram quando utilizam este tipo de aplicação, respetivamente, aventura no caso deles, e relações sérias no caso delas? Ou, atualmente, já não existe essa distinção?

Acredito que muitos homens e mulheres utilizem a rede social para passar tempo, para ter uma relação sem compromisso, mas também acredito que há pessoas que procuram o verdadeiro amor.

Não podemos catalogar as pessoas que estão numa rede social como sendo todas iguais, eu própria já lá estive e procurava um grande amor, e não me parece que seja a única a tentar a sorte com esse objetivo.

Às vezes não é fácil encontrar, mas tenho a certeza de que como em tudo na vida uns procuram coisas mais sérias outros nem tanto.

 

O casamento da Vanda ficou marcado pela traição do marido, quando ela ainda estava grávida, acabando por ditar o seu fim. No entanto, Laura e Madalena ainda acreditam numa reconciliação entre os dois. Para a Andreia, havendo amor, é possível perdoar uma traição?

Essa pergunta é difícil, no entanto eu acho que não iria conseguir perdoar. Eu até sou uma pessoa que perdoo, não com muita facilidade, mas consigo fazê-lo, no entanto perdoar não é esquecer e neste caso sendo a confiança a base de uma relação eu não conseguiria voltar a confiar inteiramente.

 

Os cães vão estando presentes ao longo da história. Qual a sua relação com estes animais?

Como eu referi anteriormente tenho uma cadela, a minha Luna, que chegou à minha vida há pouco mais de 5 anos.

Sempre gostei de animais, os meus avós sempre tiveram galinhas, patos, coelhos… mas ter um cão sempre foi um sonho e houve uma altura na minha vida em que me senti mais sozinha e decidi arranjar uma companhia.

Tenho dificuldade em explicar este amor, mas sinto que ter um animal de estimação é ter ali alguém que nos ama incondicionalmente e nos aceita tal como somos.

Na minha história, numa situação ele serve de companhia para um casal mais idoso e noutra como elo de ligação na relação, neste momento, para ser sincera, não consigo imaginar-me a escrever uma história sem que haja um animal nela, seja ele qual for.

 

O Alentejo assume-se, neste livro, como um refúgio. O que significa, para si, esta região que quis destacar no romance?

Foi mesmo só um pequeno destaque, porque o meu sonho é escrever um livro cuja história será inteiramente passada no “meu” Alentejo.

A minha aldeia chama-se Chança, fica no concelho de Alter do Chão e algumas destas páginas foram escritas lá.

A casa, que era dos meus avós paternos, é agora da minha mãe e é o meu refúgio, e muitas vezes o meu balão de oxigénio, lá sou mais feliz, lá sou mais livre, lá as minhas ansiedades estão mais controladas.

 

Em “Não desistas de ser feliz”, tanto Madalena como Vanda acabam por encontrar a sua felicidade, ao lado de quem amam. Na sua opinião, uma pessoa só é totalmente feliz se partilhar a sua vida com alguém, ou a luta pela felicidade vai muito para além disso?

Desde muito nova que tinha o sonho de casar e ter filhos, tinha até decidido em que idade tudo isso iria acontecer.

Hoje com 39 anos sei que esses meus planos já não se vão realizar, pelo menos nas idades que eu achava que iam acontecer.

Se eu posso ainda casar? Sim, eu sei que sim e não digo que não seja possível. Se eu posso ainda ser mãe? Talvez fosse possível, mas acho que agora já não me faz tanto sentido.

A luta pela felicidade vai mais para além de uma relação, mas eu sou uma eterna romântica e acho que poder partilhar essa felicidade com alguém deve ser maravilhoso e recordo-me sempre do meu avô Domingos e da minha avó Cidália que, já com uma certa idade, partilhavam carinhos e não viviam um sem o outro, eles eram felizes juntos.

No entanto volto a dizer, há outras formas de sermos felizes sem ser numa relação.

 

Poder-se-á dizer que, para a Andreia, não desistir de ser feliz é, também, não desistir de escrever?

Este título serve de alerta para mim e para todas as pessoas, quase como um lembrete para todos nós. A escrita (e a leitura) trazem-me felicidade e eu não quero que essa felicidade acabe, ainda tenho muitos sonhos por concretizar, por isso não podemos desistir de procurar a nossa felicidade seja no amor como em qualquer outra área da nossa vida.

 

Que conselho deixaria para as pessoas que vivem numa busca permanente da felicidade, parecendo que nunca a encontram?

Bem eu sinto que faço um pouco parte dessas pessoas, mas estou a trabalhar no sentido de que tenho de dar valor a pequenas conquistas porque a felicidade permanente é difícil de alcançar, mas se formos saboreando pequenos momentos de felicidade com toda a certeza seremos pessoas mais felizes. Vivam o hoje e o agora, vivam os pequenos momentos, não desistam de ser felizes, mas também não desistam dos vossos sonhos.

 

Muito obrigada, Andreia!

À Conversa com Telma Monteiro Fernandes

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A convidada de hoje é Telma Monteiro Fernandes, autora do romance "A Rainha Desejada", recentemente lançado.

Fiquem a conhecê-la um pouco melhor nesta entrevista!

 

 

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Quem é a Telma Fernandes?

Tenho 33 anos, sou uma jovem aspirante a escritora, do signo leão e vivo o meu dia a dia para os que mais amo. Sou uma sonhadora, romântica e escolho bem as minhas lutas, quando começo, é para ir até ao fim, seja para ganhar ou perder.

 

 

Como surgiu a paixão pela escrita?

A paixão pela escrita, surgiu do meu maior vício, a leitura. Sempre adorei ler, desde muito nova, por fim, senti o chamamento para escrever, senti que chegara a altura de exteriorizar.

 

 

Quais são os seus autores de referência, tanto a nível nacional, como internacional?

Tenho muitos, por exemplo, a nível nacional, adoro ler Inês Botelho e Margarida Rebelo Pinto. Internacionalmente sou apaixonada pela escrita e criação de Sherrilyn Kenyon e Karen Marie Moning.

 

 

Em que momento decidiu que queria partilhar com o público aquilo que escreve? Quem mais a apoiou nessa decisão?

A pandemia e a suas consequências veio abrandar o meu dia a dia, por isso, decidi que tinha chegado a altura, acreditei que já tinha maturidade suficiente para escrever romances. A minha mãe e o meu marido apoiaram a 100 por cento a decisão e fizeram até, algumas observações durante a escrita da obra.

 

 

 

A rainha desejada

 

“A Rainha Desejada” é o seu primeiro romance. Em que/ quem se inspirou para escrever esta história?

Tenho 33 anos, apenas vivi fora de Alcochete 4 anos, e mesmo assim visitava os meus avós em Alcochete.

Cresci numa vila muito tradicional, que respeita a história e a tradições e aprendi a fazê-lo também.

Como deve imaginar passei milhões de vezes pelos lugares que descrevo no livro... passei a pé, de carro, de bicicleta. Passei em criança, em adolescente e em mulher.

Sempre que eu passava por tais lugares, a imaginação fluía e criava algo, ficando na minha cabeça e aguardando o momento certo para ser libertada.

 

 

Quais foram as principais dificuldades com as quais se deparou durante o período de criação do romance, e no que respeita ao lançamento e divulgação?

Sinceramente, não tive nenhuma dificuldade técnica na criação do romance. A minha inspiração e imaginação são inesgotáveis. Mas por ter uma criança pequena, em casa comigo e que depende ainda de mim, diminui o meu tempo livre.

Durante a criação do romance, de dia era a mãe e filha, à noite era a esposa e de madrugada a escritora. Sobrando apenas umas horinhas para dormir.

No lançamento e divulgação, os obstáculos são muito grandes, e infelizmente sou uma grande vítima desses obstáculos.

O facto de ser mulher, jovem, inexperiente e principalmente o facto de não ser “amiga” de alguém influente, é um grande obstáculo na divulgação de um livro, principalmente em Portugal.

 

 

No início, a Telma faz uma dedicatória - “Para os meus filhos… a minha filha no céu… o meu filho na terra…”. Qual o significado destas palavras?

Significa literalmente o que escrevo, sou mãe de dois filhos, um menino que está comigo na terra, e sou mãe de uma menina, que infelizmente não está comigo, é um anjinho recém-nascido.

A morte da minha filha foi um marco na minha vida, nunca mais me senti igual, tudo mudou, mudaram os meus sonhos, os meus sentimentos, o meu carácter e até as minhas prioridades.

Alguns meses depois, veio o meu menino, o arco-íris depois da tempestade, e percebi que apesar de um filho não substituir o outro, que voltara a ter uma razão para respirar, sonhar e sentir.

 

 

Na trama, a personagem principal viaja no tempo, até ao século XV, e ao solar do rei D. Manuel I. É importante para si, a par com o entretenimento conjugar, nos seus livros, um pouco da História de Portugal que é no fundo, a história de todos nós?

Gosto de escrever romances com bastante fantasia, sensualidade e misticismo à mistura, mas também acho importante ser o mais fiel possível à realidade, pois assim consigo oferecer mais realismo a uma história encantada.

Conjugar a história de Portugal, com o meu romance fantástico foi uma oportunidade perfeita, pois como escritora/autora posso imaginar e criar algo bonito, mas para ficar incrível, tem de ter a possibilidade remota de poder mesmo ter acontecido.

 

 

Os animais assumem um papel de destaque neste romance, nomeadamente, uma gata preta – a Dama. Foi uma forma de trazer o misticismo que os envolve para tornar o enredo ainda mais mágico?

Os animais são os amigos mais fiéis que o ser humano pode ter na vida, principalmente os cães, gatos e cavalos, pois na minha opinião estas três espécies, estão dotadas de um 7.º sentido, o sentido de amar e proteger incondicionalmente o Homem.

Como tive a sorte de ser muito amada, desde bebé por animais, usá-los para introduzir o misticismo e a magia encantada no meu primeiro romance, é também a minha maneira de os homenagear.

 

 

Apesar do lançamento recente do livro, que opiniões lhe vão chegando por parte dos leitores que já tiveram oportunidade de o ler?

Inacreditavelmente, ainda não recebi nenhuma opinião negativa, mas as opiniões, na maioria das vezes, chegam em forma de questões e fico verdadeiramente feliz por isso.

Prefiro sempre leitores que questionam, pois, faz com exista uma interação entre escritor e leitor, e isso dá-me a possibilidade de analisar o que os leitores gostaram, do que não gostaram e principalmente do que desejam.

 

 

Se tivesse oportunidade de atravessar um portal do tempo, e escolher viajar até ao passado, ou ao futuro, que época gostaria de visitar, e por que motivo?

Sinceramente, se tivesse oportunidade juro que não o faria.

Se eu fosse ao passado com certeza tentaria evitar episódios de grande sofrimento, tanto a nível pessoal como a nível mundial, mas penso que se o fizesse iria alterar o presente e até mesmo o futuro.

E apesar de ter sofrido muito, também fui e sou muito feliz.

A ideia a nível mundial é a mesma… Apesar da parte negativa, também existem as coisas boas.

Não se deve mexer ou desafiar o desconhecido.

 

 

Este primeiro romance faz parte de uma coleção intitulada “As Encantadas”. O que pode o público esperar das próximas obras?

O segundo livro da série estará disponível ainda em 2021. Como autora/escritora, seguirei sempre ao sabor da minha inspiração, imaginação, com liberdade total, sem rótulos e sem travões. O tema abordado será sempre o mesmo, romance apaixonante e lendário. E as mulheres da série "As encantadas" serão sempre especiais!

 

 

Muito obrigada, Telma!

À Conversa com Élvio Carvalho

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Élvio Carvalho é jornalista e editor de noticiários na TVI e TVI24.

Natural de Castelo Branco, acabou por se mudar para Lisboa em 2013, altura em que começou a trabalhar na TVI.

É mestre em jornalismo pela Universidade da Beira Interior e um apaixonado pela escrita. 

Para o ficarem a conhecer melhor, aqui fica a entrevista a Élvio Carvalho,  a quem desde já agradeço por ter aceitado o convite e pela disponibilidade para participar nesta rubrica:  

 

 

 

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Para quem não o conhece, quem é o Élvio Carvalho?

Em poucas palavras, sou jornalista na TVI, agora escritor.

Alguém que sempre gostou das letras e de inventar histórias para livros que nunca tinham saído da gaveta. Sou natural do concelho da Covilhã e vivo em Lisboa há quase sete anos.

 

 

Em que momento surgiu a paixão pela escrita?

Não sei precisar quando, mas foi ainda muito novo.

Logo que aprendi a ler, comecei a pegar em livros, infantis, claro, mas uns atrás dos outros, e ainda durante a primária, talvez já na quarta classe, escrevi o primeiro conto, se é que se pode chamar assim.

Desde aí, lembro-me que sempre inventei pequenos contos, histórias, banda-desenhada, mas nunca de forma séria. Já na universidade, tentei escrever o primeiro romance, mas não tive disciplina para terminar.

Há dois anos revisitei algumas dessas páginas e acabei por começar o livro que agora viu a luz do dia.

 

 

O jornalismo acabou por vir na sequência dessa paixão?

Não exatamente. Sempre gostei de saber o que se passava no mundo, mas o gosto pelas notícias e pelas várias formas de fazer jornalismo foi uma coisa crescente.

Aumentou com o passar dos anos, mas, por exemplo, no 9º e 10º ano ainda tinha dúvidas se não seria melhor ir para Direito.

A escrita não. Sempre gostei, sempre inventei histórias minhas, sempre tive imaginação fértil nesse sentido.

Lançar um livro depois de já ser jornalista acabou por ser uma mera casualidade, podia bem ter sido ao contrário se me tivesse dedicado a sério mais cedo.

 

 

Enquanto jornalista, dá-lhe mais prazer a notícia, um texto de opinião, ou a escrita literária?

São diferentes e são campos que não misturo. Notícia é facto, é o presente, mas acima de tudo é a verdade. A escrita é pensada, trabalhada, desenvolvida num período de tempo e algo que podes levar para o rumo que quiseres. É tudo o que quiseres que seja, no género que te apetecer e te der mais prazer.

 

 

Natural da Covilhã acabou, mais tarde, por se mudar para Lisboa. Que diferenças apontaria como mais vincadas entre ambas as cidades, nomeadamente, a nível de oportunidades?

Para um jornalista há certamente mais oportunidades em Lisboa, principalmente se falarmos de rádio ou televisão. Quanto às cidades em si, Lisboa é obviamente uma cidade muito maior e com mais diversidade, mas a Covilhã também tem uma beleza e charme que só quem lá viveu ou vive entende.

É uma cidade de média dimensão, onde não falta nada como numa cidade maior, mas onde ainda é possível ter um estilo de vida mais calmo, próprio do Interior e das cidades mais pequenas. Depois fica na encosta da Serra da Estrela e só isso vale muitos pontos.

 

 

O Élvio é, atualmente, jornalista da TVI. Quais foram as maiores dificuldades com que se deparou, ao longo da sua carreira, nesta área?

O jornalismo é uma área de desafio constante.

És obrigado a lidar com temas de todas as áreas diariamente e tens de estar constantemente atualizado. Não dá para “desligar” completamente quando sais do trabalho ou quando vais de férias, e chega a uma altura em que também não o queres fazer.

A dificuldade – ao mesmo tempo o que torna esta profissão tão boa -, é que nunca vais saber tudo sobre um assunto, e todos os dias aprendes, e tens mesmo de aprender se depois queres explicar a quem te está a ler, ouvir ou a ver.

 

 

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"Eliana, história de uma obsessão" é o seu primeiro romance. O que o levou a escrever e editar este livro?

Como já disse, a escrita sempre foi uma paixão.

Este livro em particular foi apenas aquele que eu senti que devia continuar a aprofundar. Tive uma ideia que achei que podia dar uma boa história e achei que podia juntá-la aos tais capítulos que já tinha escrito na universidade e que nunca acabei.

Quando reli, percebi que não fazia sentido juntar as duas coisas. Essa ideia original acabou por se tornar apenas o 1º capítulo de “Eliana – história de uma obsessão”…

E para quem já leu percebe que se tornou apenas uma pequena parte do enredo.

 

 

Quais foram as suas maiores inspirações para o escrever?

A narrativa em si teve várias influências.

São pedaços que fui recolhendo ao longo de um ano, de factos verídicos, de conversas de café, de pensamentos durante viagens de carro.

No final, ficou esta história que já está nas bancas.

 

 

Que feedback tem vindo a receber relativamente a esta obra, que marca a sua estreia na escrita literária?

Até agora a receção tem sido positiva, principalmente em relação ao ritmo e “às voltas” que a história dá em vários momentos do livro.

Várias pessoas elogiaram a forma como está encadeado, de uma forma em que o livro prende o leitor. Depois, o final, que não esperavam.

Mas talvez das melhores críticas que tive, e que me encheram de orgulho, foram pessoas que me disseram que as inspirei a voltar a ler e duas outras que me disseram que as inspirei a escrever ou a voltar a escrever.

 

 

Que autores, tanto nacionais como internacionais, elegeria como suas principais referências?

Aqui acho que vou ser um pouco mais “controverso”. Nunca sei bem como responder a essa pergunta porque nunca consigo apontar bem quem foram as minhas grandes influências.

Eu explico. Desde novo, quando escolhia um livro, antes de olhar para o autor eu olhava para o título, para a sinopse, e tentava perceber se aquela história me podia agradar. Por isso, li muitos autores diferentes, uns que gostei, outros que nem tanto, mas nunca me habituei a escolher com base no autor. Ainda hoje é assim.

Um dos últimos livros que li foi “O meu irmão” de Afonso Reis Cabral, li-o porque tive curiosidade por ver a escrita do homem que ganhou um prémio Leya, sim, mas também porque a sinopse me chamou, ou não o teria lido.

Claro que ficava bem dizer que Saramago me inspirou, por exemplo, mas eu só descobri a escrita dele no secundário. Gosto muito, mas não posso dizer se foi uma influência na minha forma de escrever. Acho que cada autor que lemos nos ajuda a crescer um pouco, sejam bons ou menos bons.

Dito isto, alguns autores que repeti ao longo dos anos foram Eça de Queirós, José Rodrigues dos Santos, Dan Brown e claro, José Saramago.

Depois, acho que a verdade é que muitas das minhas influências vêm de livros de não-ficção e de campos não literários, como o jornalismo, principalmente ao nível da escrita (porque acho que tenho um estilo mais direto), mas também das séries e dos filmes, particularmente aqueles com muitas reviravoltas e que no fim nos deixam de boca aberta, de tão inesperados que são.

 

 

Neste livro, o Élvio aborda a obsessão, nas suas diversas formas, e as consequências que a mesma pode causar em quem dela é vítima. Na sua opinião, até que ponto pode a obsessão deturpar, na mente de alguém o sentido da realidade, e de que forma poderá, ou não voltar a recuperá-lo?

Nenhuma obsessão é saudável, essa é uma certeza.

Neste livro, mesmo sendo uma história imaginada, um trabalho de ficção, vemos uma versão do que pode acontecer quando cegamos por algo ou alguém.

Acho que amor-próprio e o apoio de quem está à volta é fundamental para evitar situações assim.

 

 

Outro dos temas em destaque é o tráfico de seres humanos. Considera que este é um flagelo, cada vez mais, difícil de combater e desmantelar na sociedade actual?

Não diria que é mais difícil de combater do que há alguns anos, mas ninguém tenha dúvidas de que é uma realidade bem presente.

Ninguém pense que só acontece em países menos desenvolvidos e onde a segurança é menor.

Acontece na Europa, acontece em Portugal.

 

 

Podemos contar com novas obras de Élvio Carvalho?

Espero que sim.

Tenho ideias para vários livros e agora que lancei o primeiro terei pena se outras histórias não saírem da gaveta. Não ia gostar que assim fosse.

Mas um segundo livro depende quase sempre do sucesso do primeiro. Vou para já concentrar-me neste, um segundo talvez apareça.

 

 

Que temas gostaria de abordar em futuros livros?

Isso seria revelar enredos. Mas quero continuar a apostar em problemas reais e a mostrar como afetam as vidas comuns.

 

 

O romance é um estilo a manter, ou gostaria de se aventurar noutro registo?

Para já sim, é para manter. É o estilo que gosto mais de escrever, mas como jornalista também não coloco de parte algum dia publicar no campo da não-ficção, nunca se sabe.

 

 

Muito obrigada!

 

 

Nota: Esta conversa teve o apoio da Chiado Books, que estabeleceu a ponte entre o autor e este cantinho.

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