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Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Porque continuo em desacordo ortográfico?

Já há uns anos escrevi sobre este assunto AQUI.

Desde então, a minha opinião não mudou. 

E a questão que se coloca não é, como muitos defensores querem fazer crer, a objecção à evolução natural da língua portuguesa; a dificuldade em aceitarmos que a língua está em permanente mudança, e que é isso é benéfico. Que, se assim não fosse, ainda escreveríamos determinadas palavras como há décadas atrás, e que agora já nos esquecemos e consideramos erradas.  

E não me venham dizer que não é a primeira vez que assinamos um acordo ortográfico, que introduziu alterações à forma como escrevemos, e nunca houve tanto alarido como agora. 

A questão é que este acordo não trás uma evolução na língua original portuguesa, mas sim uma adaptação. Uma adaptação a uma única norma, para todos os países de língua portuguesa que, até agora, se guiavam por duas normas distintas.

Só que, em vez de serem os restantes países a adoptarem a forma de escrita do português de Portugal, e assim reduzir as diferenças, foi Portugal a adoptar a forma escrita dos outros países, mais precisamente, do Brasil! 

Como se isso já não fosse suficiente mau, a juntar a todos os estrangeirismos que, aos poucos, vamos vendo serem adicionados ao nosso dicionário, este acordo ortográfico é ainda mais questionável na medida em que continuam a prevalecer, para alguns vocábulos, as duas normas. Quando as divergências não são resolvidas na totalidade. Quando, em palavras em tudo semelhantes, umas mudam e outras não. Quando as alterações podem alterar todo o sentido de uma palavra e de uma frase.

E não me venham dizer que há muitas pessoas a criticar o novo acordo, mas que nem com o antigo sabem escrever porque, se é verdade que isso acontece, agora, ainda acontecerá mais. 

Porque quem já está habituado ao acordo antigo, quase tem que aprender a escrever novamente e, na dúvida, pode achar que todas as palavras a que estava habituado já não se escrevem sabe, e acabar por pecar de tanto querer escrever como manda a nova regra.  

Por isso, sim, continuo em desacordo ortográfico!

 

Acordo ou (Des)acordo Ortográfico

Em tempo de regresso às aulas, e já com as escolas a adoptarem o novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa neste ano lectivo, penso várias vezes se não deverei eu também voltar a aprender a escrever!

Pelo menos se quiser acompanhar a minha filha nos estudos e ajudá-la nos trabalhos de casa! È que senão, corro o risco de estar a dar-lhe informações erradas e isso não convém mesmo nada!

Para quem não sabe, o novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa foi assinado em Lisboa a 16/12/1990 por 8 países, incluindo Portugal – Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, São Tomé e Príncipe, Timor Leste, Brasil e Portugal.

A ideia era criar uma ortografia unificada de língua portuguesa, defendendo e ao mesmo tempo prestigiando a nossa língua. Pretendia-se, uma vez que até então a língua portuguesa tinha duas normas – a do Brasil e a dos restantes países de língua portuguesa, reduzir ao máximo as diferenças adoptando uma única norma.

O que eu me pergunto, e talvez grande parte das pessoas o façam também, é o porquê de se ter optado pela norma brasileira.

Sendo o português uma língua pertencente a Portugal, e que foi adoptada por outros países, não deveriam ser esses a adaptarem-se à nossa própria norma e não o contrário?

Ainda mais questionável se torna, na medida em que este novo Acordo Ortográfico apenas reduz, mas não resolve todas as divergências, uma vez que prevalecem ainda práticas ortográficas resultantes da tradição de cada país.

Mas enfim, como em Portugal é tudo cada vês menos português, lá nos teremos que aguentar!