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Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

"Remar contra a maré"

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Durante vários dias de viagem:

- O barco tem um furo.

- Tapamo-lo. Não há-de causar grande estrago.

 

- Está demasiado vento. Vai desviar o barco.

- Juntos talvez consigamos contornar.

 

- O remo partiu-se. Assim nunca mais lá chegamos.

- Remamos com o que temos. Demora mais, mas havemos de lá chegar.

 

- Com esta tempestade é impossível seguir em frente.

- Ficar no meio dela também não é solução.

 

- As provisões estão a acabar. Qualquer dia não temos o que comer ou beber.

- Economizamos. Poupamos até chegar ao destino.

 

- Já não remas com tanta força como antes. À velocidade a que vamos, o mais certo é o barco ir ao fundo antes da chegada. 

- Sim, é verdade. estou mais cansada. Mas nem por isso paro.

 

- Assim não dá, o barco está a deixar entrar água por todo o lado. Não vale a pena consertar de um lado, se se estraga do outro. Vai acabar por afundar.

- Tens razão. Desisto. É melhor deixar o barco afundar!

 

Alguns minutos depois:

- Não era isso que eu queria dizer. Não quero que o barco afunde.

- Pois, mas de tanto o dizeres, começo a concordar contigo. Não vale a pena "remar contra a maré".

 

Ver Titanic 20 anos depois!

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As primeiras imagens que vi do filme Titanic, e que me fizeram ter conhecimento dele, foram as do videoclip da música "My Heart Will Go On", da Celine Dion, que vi nos tempos em que ainda passava na TV o TOP + !

E pensei: "este filme deve ser bom, quero ver!".

No dia dos namorados, fui presenteada com bilhetes para assistir ao filme e ia cheia de expectativas e entusiasmo. No entanto, confesso, nos primeiros 20 minutos do filme só me perguntava: "mas não foi isto que eu vi no videoclip, onde é que estão os actores principais? mas o que é isto? mas o filme vai ser assim?". Só comecei a entrar no espírito quando a história, de facto, começou - a história da Rose e do Jack.

É o meu filme preferido. Naquela altura em que foi exibido, vi-o duas vezes no cinema, e mais umas quantas em casa (ao todo, talvez umas 8), primeiro a cassete de vídeo que me ofereceram e, mais tarde, na televisão.

 

 

 

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Claro que, das primeiras vezes, não consegui evitar as lágrimas e a emoção que o filme conseguia passar para este lado. Nas restantes, já não era a mesma coisa. E assim o arrumei, na lista dos meus favoritos, mas dando prioridade a novos filmes.

 

 

 

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Ontem, a minha filha começou a ver o Titanic. Tinha gravado e lembrou-se de vê-lo logo pela manhã, enquanto não ia para a escola.

E é engraçado que ela teve, exactamente, a mesma reacção que eu - a de que não estava a ver o filme que tinha visto na apresentação! 

Entretanto, teve que ir embora e só viu o resto à noite.

 

 

 

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Eu tinha levado um livro para a sala, para me entreter enquanto ela via o filme, mas acabei por nem tocar nele.

É impossível não ficar colada ao ecrã a rever toda a história que me apaixonou há tantos anos atrás!

 

 

 

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Sim. Vinte anos depois da sua estreia, o filme continua a estar actual. Poderia ter estreado este ano, e o efeito seria o mesmo.

Não se nota a passagem do tempo, como seria de esperar. A não ser na imagem actual dos actores que deram vida a estas personagens tão cativantes.

Continua a emocionar, a revoltar, a fazer sonhar...

Continua a dar-nos uma grande lição - a todos nós, humanos, que nos consideramos capazes dos maiores feitos, que pensamos ser imunes a tudo, que julgamos estar acima da lei e da própria natureza, que nos julgamos tão inteligentes e sabedores de tudo, achando que nunca cometeremos erros, que nada nos atingirá, que as coisas não podem ser de forma diferente daquela que planeámos, porque nós assim queremos.

O Titanic foi construído para ser o navio mais famoso do mundo, e conseguiu-o, embora não pelos melhores motivos. Conseguiu-o, à custa da vida de milhares de pessoas, e uma boa dose de burrice, arrogância e ostentação.

Vinte anos passaram, sobre a estreia do filme. Muitos mais desde o dia em que o inafundável navio se afundou, perante o olhar incrédulo dos que nele estavam, e do sentimento de culpa de quem cometeu erros indesculpáveis, permitiu que o navio desancorasse rumo ao seu destino sem as condições que se exigiam e se sentiu responsável pela morte de tanta gente. E, igualmente, perante a indiferença, cobardia e orgulho sem sentido de outros tantos.

Mas ainda hoje podemos identificar situações e pessoas semelhantes a muitas daquelas com que nos deparámos no Titanic:

- os de primeira classe, ricos e poderosos, com a mania da superioridade

- os de terceira classe, que são obrigados a contentar-se com condições precárias e miseráveis, e a manterem-se afastados dos demais

- os arrogantes

- os vigaristas

- situações em que o dinheiro compra tudo e outras em que o mesmo nao vale nada

- as corajosas, que tentam mudar as coisas, mas são obrigadas a calar-se

- os aventureiros

- os apaixonados

- a hipocrisia

- a amizade

- a entreajuda

- a resignação

- o amor...

 

Momentos de felicidade, de alegria, de paixão, de contentamento com o pouco que tinham. Momentos de opressão, de cinismo, de futilidade. Momentos de pânico, desespero, aflição, cada um a tentar salvar-se, nem que para isso tenha que passar por cima dos demais. A injustiça das regras sociais quando se tenta lutar pela vida...

 

 

 

 

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O que levou, verdadeiramente, o Titanic a afundar-se em pleno Atlântico, ainda permanece um mistério. Poderá ter sido o iceberg, o incêndio que houve antes, ou uma junção de várias causas. Ainda hoje, mais de cem anos passados, surgem novas teorias.

Mas, o que quer que tenha provocado este que é um dos acontecimentos mais marcantes do século XX, só nos mostra que assim como podemos ser capazes de grandes feitos, também podemos, numa fracção de segundos, perceber como somos impotentes perante determinadas circunstâncias, e tão pequeninos perante a força da natureza.

Na hora da morte, somos todos iguais...

Mas, ao menos, que as vidas perdidas não o tenham sido em vão.

A Rose seguiu o seu caminho, dando um novo rumo à sua vida. Isso não seria possível sem o Jack. Foi ele que lhe deu coragem, que a fez dar o passo seguinte, que a fez conhecer o verdadeiro amor. Um amor que ela guardou de forma preciosa até ao dia em que se juntou a ele, noutro mundo.

 

 Vinte anos depois, Titanic voltou a fazer-me reviver todas as emoções, a ficar com aquele nó na garganta, e a apaixonar-me novamente por esta história!