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Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Há males que vêm por bem?

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Nem todos, certamente!

Mas, neste caso, até se aplica.

 

É certo que, evitando a exposição ao sol, em horas impróprias, e por longos períodos, poderia ter reduzido, em grande escala, o risco de vir a desenvolver cancro. Ainda que não fosse garantido.

É certo que a pouca preocupação com essas coisas, ao longo da vida originou, agora, a doença.

 

Mas foi graças ao "menor dos males" que se detectou, a tempo, o mais grave deles, e mais silencioso.

Que iria continuar a expandir-se, a desenvolver-se, a crescer e, daqui a uns tempos, a espalhar-se para outros órgãos, sem ninguém dar por ele.

 

Foi por causa de uma simples mancha, que afinal era um carcinoma, que fui à consulta de dermatologia.

E foi nessa consulta que surgiu a suspeita, sobre um sinal, que poderia ser melanoma.

Feita a cirurgia, e analisadas as excisões de pele, confirmou-se a suspeita: melanoma.

Felizmente, numa fase inicial, e sem necessidade de voltar a operar, nem fazer qualquer outro tipo de procedimentos ou exames.

Quase se pode dizer que um surgiu, para alertar para o outro.

 

Quanto à terceira suspeita, não se confirmou. Era apenas um sinal normal.

Que acabou por ser a excisão que mais trabalho me está a dar!

Mas, na dúvida, tinha que ser tirado...

 

Agora é tempo de respirar de alívio, porque os estragos provocados foram travados, e resolvidos a tempo.

Como ouvi ontem alguém dizer "Quanto tudo parece desmoronar, às vezes, há coisas que se encaixam."!

 

Que demónio é este?...

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Mas que demónio é este, que por aqui ciranda?

Seja ele qual for, que volte depressa para de onde veio.

É impossível andar na rua.

 

Mal uma pessoa sai, fica à mercê dele.

Revoltoso, gélido, sem dar um único segundo de tréguas.

Esbofeteia-nos de um lado. E do outro.

Empurra-nos, fazendo-nos acelerar mesmo sem querer. Outras vezes, trava-nos, como se nos tentasse impedir de seguir caminho.

Desorienta-nos.

 

Já não basta a chama intensa que nos fere os olhos, também ele quase nos cega.

Enquanto nos debatemos com ele, nem nos atrevemos a respirar. Sustemos a respiração, até estarmos em relativa segurança.

Que só chega quando entramos em casa.

Até então, percorremos o caminho o melhor que conseguimos, quase sem o ver, em modo automatico, porque perceber onde estamos e com o que estamos a lidar é doloroso e cansativo demais.

 

Na rua, o demónio anda à solta.

Chama-se vento.

Já deveríamos estar habituados.

Mas o vento nem sempre está assim.

Com esta fúria desmedida. Com esta raiva descontrolada.

A fustigar cada centímetro da nossa pele, e do nosso corpo.

 

Em casa, continuamos a ouvi-lo.

A sentir que ele tenta, de todas as formas, quebrar as barreiras. Chegar até nós.

Mas não consegue.

E nós podemos, então, tranquilamente, abrir os olhos, que demoram a habituar-se à calmaria.

Podemos respirar de alívio.

Podemos descontrair o corpo que, só então, percebemos como estava contraído, e relaxar.

 

Até à próxima luta, quando tivermos que voltar à rua, e enfrentá-lo novamente.

 

 

15 minutos a suster a respiração

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Hoje de manhã fui levar a minha filha à escola. Não chovia muito. 

Como ainda tinha tempo, voltei a casa, em vez de seguir directamente para o trabalho. Ainda em casa, vejo um relâmpago. Mau sinal. Oiço o trovão ao longe.

Quando voltei a sair, chovia a potes. Fiz uma paragem na casa da minha mãe, para deixar algumas coisas, e ver se a chuva acalmava. 

De repente, outro relâmpago. E mais dois de seguida. "Estou feita!", pensei.

 

 

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Quem me conhece, sabe que sempre andei na rua a trovejar e nunca tive medo.

Até que, em 2011, por esta altura, apanhei um susto tão grande que me deixou traumatizada. Precisamente quando estava a ir, de manhã, para o trabalho. 

Estava a chover e trovejar. Eu tinha andado meia dúzia de metros quando, de repente, ficou tudo branco à minha volta e, quase simultaneamente, um estrondoso trovão pareceu deitar tudo abaixo.

Só me lembro de ter pensado que tinha morrido ali mesmo "Já fui"! Fiquei em estado de choque!

Desatei a chorar no meio da rua. Consegui ligar para o meu marido e ir falando com ele, enquanto caminhava até ao trabalho. Fui acalmando, embora algum tempo depois ainda tremesse.

A partir desse dia, sempre que tenho que andar na rua com trovoada, entro em pânico. Cada relâmpago, cada salto! 

 

 

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Mas como não tinha outro remédio senão vir trabalhar, lá me fiz ao caminho, aproveitando que a chuva era mais fraca. Foram 15 minutos a modos que a "suster a respiração", até finalmente chegar ao destino, momento em que pude respirar de alívio, são e salva!

E chegou ao fim mais um ano escolar!

 

Alívio!

É isso que sinto hoje, no último dia de aulas! Finalmente férias (mesmo não sendo eu a estar de férias), finalmente mais tempo livre!

 

E depois, nostalgia!

Mais um ciclo cumprido. Ainda no outro dia estava a deixar a primária...

Uma nova etapa espera a minha filha já em Setembro.

 

Quanto à minha filha, acredito que esteja a sentir:

Alegria, por não ter que estudar mais nem fazer trabalhos, pelas férias que a esperam e pelo merecido descanso; 

Saudades de alguns professores que provavelmente, não voltará a ter, e que foram impecáveis;

Saudades dos colegas de quem, certamente, se irá separar no próximo ano;

Saudades do convívio com os amigos, dos lanches no bar, das actividades e passeios com os colegas.

 

Agora resta aproveitar estes 3 meses da melhor forma, que o tempo passa num instante, e daqui a pouco, sem dar por isso, já está outra vez de regresso!