"Sweet Magnolias", na Netflix

Mais uma daquelas séries, com várias temporadas, que me foi recomendada na sequência das duas anteriores.
Sweet Magnolias, que é o nome dado às três amigas - Maddie, Dana Sue e Helen - é uma história de amizade.
Passada em Serenity, mostra-nos como vive uma comunidade pequena, mas unida.
O que tem de diferente, relativamente a outras, é a componente religiosa. Quase todos os residentes frequentam a igreja e têm, na pastora June, uma amiga, conselheira e confidente.
Aliás, muitas personagens citam, ao longo das temporadas, frases que assentam nos ensinamentos divinos, ou livros bíblicos.
Há, também, diversas iniciativas, promovidas pela igreja, incluindo para os mais jovens, que os movem a fazer o bem ao próximo, a ser úteis, a servir a comunidade.
O enredo gira em torno da vida das três amigas, focando-se nas suas famílias, carreiras e romances.
Em simultâneo, vamos vendo crescer uma nova geração de amizades, nomeadamente, entre os filhos de Maddie e Dana Sue, a que se juntarão outras personagens, com o decorrer da história.
E posso dizer que, apesar de serem crianças/ adolescentes a serem isso mesmo têm, muitas vezes, atitudes mais honestas e sem filtros, e um discurso ou forma de se expressar mais adulta, que muitos adultos.
A amizade está, ainda, presente no núcleo masculino.
Maddie deve ser das poucas personagens femininas, ditas "boazinhas", das séries que tenho visto, que é a minha preferida, comparativamente às amigas Helen e Dana Sue.
Longe de ser perfeita, como mulher, como mãe, como amiga, ela esforça-se sempre por melhorar, por se encontrar, por se reinventar e seguir em frente, errando, aprendendo, crescendo.
E é por isso que todos gostam dela, a respeitam e admiram.
Relativamente à Dana Sue (ainda não percebi porque não pode ser apenas Dana), tenho sentimentos contraditórios sobre ela.
Por um lado, é uma pessoa amistosa, sempre preocupada com os outros, prestável. Por outro, sobretudo com a filha, mas também em algumas situações com as amigas e com os seus funcionários, consegue ser uma pessoa arrogante, com ar de superioridade, muito rígida, rude.
É aquela pessoa que tem tanto de empatia, como de antipatia.
Já a Helen, que começou por ser apresentada como uma mulher empoderada, independente, de forte personalidade, foi-me desapontando em muitos momentos da série, por conta de algumas das suas atitudes.
Confesso que é uma personagem que me irrita. Até mesmo a sua forma de falar.
Achei a discussão entre as amigas, na terceira temporada, totalmente absurda. E tanto Helen, a principal interveniente, como Dana Sue, apanhada no meio, foram muito injustas com Maddie.
Como amigas que são, há décadas, e mais do que à vontade para isso, todas elas fazem perguntas sobre as vidas umas das outras, se preocupam e querem ver as restantes felizes.
Todas dão conselhos, todas se metem na vida umas das outras, porque têm confiança para isso.
E, do nada, a Helen fica ofendida com uma pergunta perfeitamente normal, e habitual? Fica ofendida com uma preocupação genuína? A ponto de expulsar as amigas de casa e quase cortar relações com elas?
Mais à frente, na quarta temporada, outra vez uma cobrança parva, uma conversa sem sentido, quando o objectivo era ser uma surpresa para todos.
Mais uma vez, a mostrarem-se contraditórias, e pouco amigas - primeiro chateiam-se com Maddie por fazer uma simples pergunta, normal entre amigas, por supostamente ela estar a intrometer-se na vida de Helen.
No entanto, agora, ficam ofendidas por não se terem "intrometido" num momento que foi preparado em família.
A ideia que fica é que tem de ser tudo à maneira de Helen ou Dana Sue, e que Maddie não pode ter voz ou vontade própria.
Enfim, talvez tudo isso faça parte de uma amizade - os ciúmes, a injustiça, as cobranças, as zangas, as parvoíces.
As personagens que mais me cativaram foram Trotter, o professor de ioga do SPA, e Paula, mãe de Maddie.
Acredito que são abençoadas as pessoas que têm a sorte de os ter como amigos.
São duas personagens extraordinárias, sempre com bons conselhos, prontas a ouvir o próximo, a ajudar, a não julgar, a trazer ao de cima o melhor de cada um dos que os rodeiam.
Não achei grande piada ao Cal, apesar de ser um protagonista.
O Bill é o típico mulherengo. Não consegue estar sozinho. Ainda casado, envolve-se com Noreen e engravida-a, deixando a mulher. Depois de Noreen o deixar, ao ver que ele não está nem um pouco comprometido na relação de ambos, ele acaba por iniciar um novo romance.
Confesso que, mais para o fim, ele tem o seu momento de redenção e, apesar de tudo o que fez, e do mal que causou, uma ou duas pessoas foram injustas com ele, e agiram motivadas por fundamentos sem qualquer sentido.
Sem sentido foi também o final desta personagem. Demasiado "planeado", para algo que era suposto ser repentino.
A Noreen foi daquelas personagens que me irritou ao início, depois redimiu-se, e mais para o fim voltou a decepcionar. Com o Isaac foi semelhante - primeiro uma desconfiança, depois a positiva surpresa e, sem motivo, mais à frente, a cair um bocadinho na minha consideração.
Costuma-se dizer que "tudo está bem quando acaba bem". No entanto, nem tudo pareceu ter terminado bem, nesta quarta temporada. Ou, pelo menos, como o público desejaria.
Vamos ver o que traz de novo a quinta temporada, ainda por estrear.


