André Viamonte tem crescido em cima do palco da vida, a entregar-se de corpo e alma às canções e conquistando, pouco a pouco, as pessoas. Na bagagem, sempre que viaja para cima do palco, André leva uma vida feita de experiências terapêuticas, de estar perto do coração das pessoas, do sentir e da partilha de afectos. Sobre André Viamonte, disse Mariza que “Portugal não está preparado para esta voz”!
“Via”, o álbum de estreia deste artista, promete mexer com o coração de todos nós, fazer-nos encontrar com a nossa alma, e descobrir a nossa criança interior. Tendo como single de apresentação o tema “To Myself Town”, que na minha opinião é uma música lindíssima, o álbum será apresentado ao vivo amanhã, no Teatro Ibérico. É ele o convidado de hoje, a quem desde já agradeço por ter aceitado este convite!
Quem é o André Viamonte?
O André é um “miúdo” de sorriso fácil. Terapeuta de profissão, posso considerar que sou um artista com alma de terapeuta.
Desde quando é que a música faz parte da sua vida?
Desde sempre. A vida é feita de grandes e pequenos momentos. Uns mais fáceis e outros mais difíceis. Nos mais fáceis parecia que não era preciso nada, tudo era simples e natural. Nos mais difíceis, nada como a música para exercer a força de uma “mãe”, que cuida, protege e motiva. Poderei dizer que nos momentos mais complicados uma boa música ou a criação de melodias vocais expurgam as épocas mais negras da vida.
A nossa Mariza, o compositor Kevin Murphy, a produtora americana Cindi Avnet ou o produtor italiano Michele Ferrero, foram algumas das pessoas, ligadas à música, que lhe teceram rasgados elogios enquanto cantor e intérprete. Como é que se sente ao ver o seu talento elogiado e reconhecido?
É sempre bom saber que temos algo que toca as pessoas e sermos reconhecidos por isso. Dá alento e dá-nos motivação para continuar. Mas quero sublinhar que os elogios são importantes vindos de todos assim como as criticas. Naturalmente que não fujo ao orgulho de ser considerado por esses nomes, mas confesso que é no dia-a-dia, nos pequenos elogios e críticas de anónimos que solidifico grande parte da minha entidade musical. Agradeço de igual forma a todos os que entendem e gostam das minhas músicas independentemente da origem dos mesmos.
Maio foi o mês escolhido para o lançamento lançado do seu primeiro álbum “Via”. Sente que este é o momento certo?
Sinto? Pois eu acho que já deveria ter “nascido” antes. (risos) Mas um álbum tem vida própria e nós não conseguimos controlar ou impingir os momentos certos de um lançamento. Vamos sugerindo e e pelos vistos, para alívio de todos os envolvidos, o álbum concordou com esta data. Antes que ele mude de vontade vamos lá preparar o dia do seu nascimento. São dois anos de preparação, composição e gravação. É capaz de ser o tempo certo para uma gestação. (mais risos)
A descrição das suas músicas diz-nos que nos podem “apaixonar o coração, fazer derramar lágrimas de emoção…” O André considera-se um homem romântico?
(risos) Não.
Rio-me porque tenho uma visão um bocado depreciativa do “ser romântico” mas deve ser um problema meu. Quando vejo ou ouço um artista romântico automaticamente tenho a sensação que o mesmo é demasiado literal e lamechas:
“Porque me deixaste... Depois de tudo o que te dei... e agora que vou fazer sem ti!” “E porque te vi no outro dia... e eu estou mal e só... ahhhhhh que vai ser de mim assim nem dá gosto viver!” (risos). São situações problemáticas mas existem outras temáticas de vida que considero mais importantes. No entanto, defendo que deve existir esta e outras formas de expressão musical, simplesmente porque devolve ás pessoas o “sentir”.
Vejo o Amor ou Paixão sem categorias ou parcelas que possam ser etiquetadas. Existe Amor! Existe Sentimento. E nestas condições humanas tudo faz parte de algo maior.
No entanto considero-me romântico em oposição ao racional e a visão fria e mais lógica da vida. Ainda assim, se ser um idealista das emoções faz de mim um romântico aos olhos das pessoas, não tenho problemas absolutamente nenhuns com essa definição. Mas quero que as pessoas vejam e sintam para além disso.
Como descreveria este álbum de estreia?
Uma Via. Um caminho feito por muitos, feito por mim e por todos os outros que se identificam neste caminho, percurso, vida. E quando percebemos que existem mais pessoas a sentirem o mesmo, o caminho é mais fácil e menos árduo. Porque caminhamos juntos.
Quais são as suas expectativas relativamente a este primeiro álbum?
Nenhuma. Ele veio ao mundo e foi feito com muita dedicação, sacrifício pessoal, empenho e muita verdade. Foram muitas as pessoas que se uniram neste percurso e que ajudaram porque (como eu) acreditam nos temas e na missão do álbum. Vejo-me por vezes a criar expectativas porque é inevitável esperarmos sempre algo, contudo, tendo a criar a expectativa que faça sentido para quem o ouvir. Se isso acontecer, sinto que este trabalho foi bem sucedido.
“To MyselfTown” é o primeiro single extraído de “Via”. Sobre o que nos fala esta música?
“À cidade que mora em mim...” que se derrubem muralhas e que se construa a liberdade!
O tema fala da importância que damos às regras, ás normas que são incutidas em nós desde pequenos e que muitas das vezes se tornam asfixiantes dando a origem a adultos perdidos, frios, vazios de qualquer sentimento ou que se negam a sentir.
O tema mostra que existe sempre tempo de sermos felizes à nossa maneira. Onde valores e crenças são usados como construção dessa liberdade e não como formas restritivas e asfixiantes.
Os outros temas que compõem o álbum seguem esta linha calma e romântica, ou podemos encontrar músicas com mais ritmo?
São todos diferentes e abordam diferentes temáticas.
O álbum conta com alguns temas em português, ou apenas em inglês?
O álbum é maioritariamente cantado em inglês com algumas passagens em português. Existe apenas um tema que é integralmente cantado na língua portuguesa.
Amanhã, no Teatro Ibérico, às 22 horas, o André irá apresentar ao vivo o seu primeiro álbum. Onde vai poder o público encontrá-lo nos meses seguintes?
Espero que em todo o lado. Quero chegar às pessoas. É a principal missão deste álbum.
Contudo, não é fácil no actual mercado nacional por existirem poucas salas com programadores que arrisquem num projecto que faz a sua estreia e que não é apoiado por uma grande estrutura.
Sinto que cada pessoa que ouve as minhas canções é uma pessoa que não fica indiferente, portanto, vamos tentar chegar a uma pessoa de cada vez.
Só assim se constroem públicos para o longo prazo e vontade destes de encherem salas de espectáculos.
Para um artista como eu, o maior desafio em Portugal não é editar um álbum, é conseguir chegar às pessoas sem os apoios das grandes plataformas de comunicação.
Muito obrigada!
Fiquem a par de tudo em:
https://www.facebook.com/viamonte.Via/
Nota: Esta conversa teve o apoio da editora Farol Música, a qual cedeu também as imagens.