Histórias Soltas #27: O último dia do ano
Aqui estou...
No último dia do ano.
Sem companhia.
Mas, nem por isso, só.
Por opção. Pelas circunstâncias.
Porque, por vezes, é necessário estar connosco próprios. Sem mais ninguém.
Reflectir.
Ou desligar.
Ouvir os nossos pensamentos.
Perceber os nossos sentimentos.
E, nem sempre, no nosso dia a dia, o podemos fazer.
Sem interferências.
Sem ruído.
Não é que não goste de companhia.
De festa.
De música, dança e celebração.
De dar as boas vindas ao novo ano.
É só que, muitas vezes, a realidade leva a melhor sobre a esperança e os desejos para o novo ano.
Chegamos a um ponto em que percebemos que, por mais que queiramos ou esperemos que o novo ano seja sempre melhor que o anterior, nem sempre (poucas vezes) isso acontece.
Ou, então, talvez não consigamos, verdadeiramente, perceber, apesar de tudo, as pequenas coisas boas que fazem valer a pena. A sorte que, apesar de tudo, temos a agradecer.
Mas acredito que, também isso, faz parte de nós.
Os dias em que acordamos felizes, bem dispostos, cheios de energia.
Os dias em que o mau humor chega para ficar.
Os dias em que estamos tristes sem qualquer motivo aparente. Ou apenas nostálgicos, sem sabermos bem de quê.
Mas a verdade é que essa melancolia está dentro de nós.
Os dias em que a ansiedade nos consome, por tudo em geral, e nada em particular.
É assim que me tenho sentido...
Nestes últimos dias...
Neste último dia...
Este ano não foi fácil.
E sei que, daqui a pouco, este ano vai ficar para trás.
Adormeço, despedindo-me dele.
Acordarei num novo ano.
Mas nada irá mudar.
Ou, pelo menos, não para já.
Será só mais um dia...
E, ainda assim, representa tanto...
Um novo dia.
Um novo ano.
O "virar da página".
Uma nova esperança...