Aprovação da eutanásia em plena pandemia é contraditório? Não!
A eutanásia foi hoje aprovada no parlamento.
Em plena pandemia.
E logo inúmeras vozes contestaram que era um absurdo.
Que, na situação em que estamos, com a quantidade de pessoas que morrem todos os dias, devíamos lutar pela vida, e não por ainda mais mortes.
Que andamos todos a apregoar aos quatro ventos que queremos salvar os velhinhos, mas depois aprovamos uma lei que os "condena" à morte.
Acho que estão a confundir um pouco as águas.
Como se costuma dizer, uma coisa é uma coisa, e outra coisa é outra coisa!
Cada um é livre de ser a favor ou contra a eutanásia.
Mas, sendo contra, utilizem-se argumentos válidos. Aqueles a que já se recorria antes da pandemia. Sem necessidade de, numa derradeira tentativa de boicotar a aprovação, se servirem dela para apoiar e suportar as opiniões.
Na pandemia, ninguém tem a possibilidade de escolher se quer viver ou morrer, morre quem não resiste ao vírus. Se calhar, se pudessem escolher, a maioria viveria...
Na eutanásia, só morre aquele que assim o desejar, e se as cisrcunstâncias permitirem tornar válido esse desejo.
Na pandemia, morrem todos, independentemente de terem terem problemas de saúde ou serem pessoas saudáveis.
Na eutanásia, estamos a falar de um grupo muito restrito de pessoas, muitas apenas à espera da morte, para as quais já não existe tratamento, que estão a sofrer sem que existam condições que apaziguem esse sofrimento, para as quais já não faz sentido a vida.
"A lei prevê, nomeadamente, que só podem pedir a morte medicamente assistida, através de um médico, pessoas maiores de 18 anos, sem problemas ou doenças mentais, em situação de sofrimento e com doença incurável."
No fundo, na pandemia, a morte não depende de nós.
Com a eutanásia, sim.
Sim, é importante proteger todos, inclusive os idosos, desta pandemia, porque nem todos querem morrer.
E sim, é igualmente importante que, aqueles que assim o queiram, possam ter essa possibilidade de escolha e decisão sobre algo que só a si diz respeito, e que não prejudica mais ninguém.