Sempre ouvi dizer.
E foi por isso que hesitei em marcar consulta com a minha médica de família.
Porque não sabia se queria mesmo encontrar alguma coisa, ou ficar sem saber e deixar andar, em total desconhecimento.
Só que a necessidade levou a melhor.
Quando aquilo que sentimos começa a afectar toda a nossa rotina, toda a forma como vivemos o dia-a-dia, e acções tão básicas e fundamentais como respirar, então só há um caminho.
A primeira vez que tive estes sintomas, foi em plena pandemia, corria o ano de 2021.
Nessa altura, queixei-me à médica mas, lá está, naquele momento tinha passado, e ela pensou que eu tivesse tido covid.
Desde então, volta e meia, os sintomas voltavam, passavam, voltavam de novo, até que ficaram de vez.
Cansaço fácil, fraqueza, dores musculares (pernas e costas), a sensação de que todo o meu sistema imunológico está enfraquecido e, sobretudo, dificuldade em respirar. Mesmo quando estou sentada, ou deitada. Sem fazer qualquer esforço.
O receio de faltar o ar enquanto durmo, e não acordar.
Dor no peito, e tosse se acelerar um pouco o passo.
Fiz exames.
Foi detectado um bloqueio incompleto no coração. A vigiar. Pode causar alguns dos sintomas.
Foi detectada anemia, por falta de ácido fólico e vitamina D3. Esta última, cuja recomendação é apanhar sol, não se pode aplicar no meu caso, porque corro o risco de voltar a ter cancro da pele. Portanto, os próximos meses serão a tomar suplementos. Esta anemia pode causar alguns dos sintomas que apresento.
Quanto às alterações da transferrina e saturação, cujos valores poderiam sugerir talassemia, algo que bate certo com alguns dos sintomas, foram desvalorizadas como sem importância.
Foi detectado um aumento da tireoide, o que pode justificar alguns dos sintomas, pelo que terei que fazer novos exames, para perceber o que é ao certo esse aumento.
Foram detectadas algumas estriações fibrótico-cicatriciais apicais e dos lobos superiores nos pulmões. A médica diz que não é nada de especial, que são resquícios, e que deve ter sido algo que já veio de nascença (confesso que achei isto estranho e estou inclinada a pedir uma segunda opinião). Porque, é certo, a internet nem sempre é confiável e leva a diagnósticos errados. Mas penso que cicatrizes nos pulmões são consequência de algo que foi ocorrendo ao longo da vida, provocado por inflamações ou condições, e não são algo a menosprezar. Para além de que justificam alguns dos sintomas.
E, sempre que pesquiso, vai dar a duas palavrinhas não muito simpáticas e assustadoras - fibrose pulmonar.
Para além do que já referi, tenho um desvio do septo nasal. Algo que sempre tive. Pode agora estar a provocar efeitos que antes não se manifestaram. Não acredito que seja disso. Mas vou fazer mais um exame.
Como calhou numa altura em que, ao que parece, apanhei uma rinite (depois de uma conjuntivite - eu bem digo que o meu sistema imunológico está nos mínimos), foi-me receitada cortisona nasal.
Esta rinite triplicou a minha dificuldade em respirar, e o cansaço, pelo esforço que tenho de fazer para ter ar.
Escusado será dizer que, nestas últimas semanas, tenho andado KO, a tentar manter-me activa, a tentar que me afecte ao mínimo, mas a fazê-lo a um ritmo a que não estou habituada.
Tudo muito mais devagar. Com muito mais calma.
Uma coisa de cada vez.
Com muitas paragens entre tarefas, enquanto caminho ou, até mesmo, enquanto como porque, como digo lá em casa "ou como, ou respiro"!
E a tentar respirar fundo a cada passo, a cada movimento, como se tivesse corrido uma maratona.
Vou, então, fazer mais uns exames.
E continuo a aguardar que me chamem para fazer uma espirometria, e avaliar a função pulmonar (tendo em conta que a médica pediu marcação sem urgência, não será tão cedo).
Tendo em conta que a médica de família está prestes a aposentar-se, pareceu-me que ela está pouco ralada porque, provavelmente, quando eu lá voltar, já não será com ela.
Até porque já não estava a aceitar marcações.
Por isso, ainda não sei quando, e a quem irei mostrar os exames e, caso seja necessário, quando e quem me irá encaminhar para alguma especialidade.
Até lá, o maior objectivo é continuar a respirar como conseguir.