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Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Covid-19: Outubro, e o retrocesso no combate à pandemia

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A 18 de Março de 2020 foi decretado “estado de emergência” em Portugal. Nessa fase, início dos efeitos da pandemia no nosso país, o número de novos casos por dia era baixo – 194.

Desde então, o máximo de novos casos atingido foi em Abril (1516), valor só ultrapassado agora no mês de Outubro.

 

De uma forma geral, Outubro marca pelo aumento de novos casos, aumento dos internamentos, um aumento de óbitos por comparação com meses imediatamente anteriores.

Seis meses depois, encontramo-nos em “situação de calamidade”, por onde já andámos há uns meses atrás.

Iremos assistir a um retrocesso, a todos os “estados” ou “situações” em que já estivemos, mas no sentido inverso?

 

É consensual que não suportaríamos um novo confinamento, com as consequências que o mesmo acarreta, e que já antes, apesar dos apoios, causaram danos em muitas famílias.

Por isso, há que encarar a pandemia de frente.

 

Como já tenho dito, acredito que, mais cedo ou mais tarde, todos nós seremos contagiados, e lidaremos com o vírus.

A minha dúvida, no meio disto tudo, é se o vírus perdeu força, se se manifesta de forma menos grave, e se causa menos mortes, à medida que o tempo avança, ou se, entretanto, quem de direito está mais perto de conhecer o vírus, e lidar com ele, do que no início da pandemia, garantindo que, aconteça o que acontecer, nada será como teria sido nessa altura, se não houvesse confinamento.

Ou, pelo contrário, sabe-se tão pouco como no início, e qualquer cenário ou desfecho é uma incógnita.

 

É que, se virmos bem, logo no início (março), o governo quase nos colocou numa redoma, num bunker de onde poucos podiam sair, ou onde poucos podiam entrar. Ele foi estado de emergência, confinamento, uma mão cheia de medidas, para conter e dispersar o avanço da pandemia que, como vimos, resultou na altura. E, por isso, lentamente, foi-se abrindo uma porta, uma janela, até quase escancararmos a casa toda.

 

Agora, dizem que é impensável voltar ao bunker. Temos que fazer a vida normal. E se formos contagiados, paciência. Portanto, tudo aquilo que tentaram evitar, até ao verão, pode vir agora a dobrar, ou triplicar, pondo em causa todo o esforço, todas as dificuldades, todas as consequências sofridas.

De que serviram, então, os meses de clausura? Terão valido a pena? Ou terão sido em vão?

Fizeram sentido?

 

A pessoa que perdeu parte do rendimento, a que perdeu o seu negócio, a que perdeu o seu trabalho, a que quase perdeu a sua sanidade mental, a que perdeu em grande parte, a sua liberdade, para se proteger, pode agora vir a ser infectada, com o mesmo vírus do qual andou a fugir durante meses a fio.

Os alunos e professores, que durante meses tiveram que ir para casa, e se adaptar a uma nova forma de aprendizagem/ ensino, podem agora vir a ser infectados, porque fechar as escolas novamente está fora de questão.

 

O Serviço Nacional de Saúde, e os hospitais, que na altura não se queriam entupir e asfixiar, com um elevado número de casos, podem ver esse receio concretizado agora, em que, ao regresso à normalidade, se junta a época das constipações e gripes que, por si só, já costumam encher os serviços. Sem contar com todas as outras doenças que também precisam de ser tratadas e não se podem mais ignorar, fingir que não existem, ou que fizeram uma pausa temporária para deixar “brilhar” a Covid-19.

Faz sentido?

 

Para o governo, a solução para combater neste momento, a propagação do vírus e o aumento de casos, está no uso da máscara e numa aplicação. Num regresso à situação de calamidade, baseada em multas, e receita para o governo. Um governo, ele próprio, muito duvidoso a cumprir as regras e medidas que quer impor aos outros, ao género “façam aquilo que eu digo, mas não aquilo que eu faço”, com muito pouca credibilidade, que muda o discurso consoante lhe apetece.

Faz sentido?

 

O que é certo, é que há formas de tentar prevenir e evitar, que dependem de nós, e que nem sempre cumprimos.

Há comportamentos que cabem a nós pôr em prática, e que ainda tendemos a descuidar.

Mas existem outras tantas condicionantes, factores e situações que nos transcendem, e que contribuem para a evolução, positiva ou negativa, da pandemia, sem que possamos fazer o que quer que seja.

 

Porque, se nos mandam para a frente de combate, sabemos que tanto podemos sair ilesos, como feridos ou mortos. Que, apesar das armas que temos, estas podem não ser suficientes, ou eficazes, e deixar-nos desprotegidos. Que, enquanto nos defendemos de um lado, podem atacar-nos pelo outro.

E, ainda que evitemos ao máximo estar na linha de fogo, podemos sempre levar com uma bala perdida.

 

Por isso, ou o governo nos coloca de volta no bunker, ou nos dá ferramentas melhores, e exequíveis, de defesa, ou nos deixa enfrentar o inimigo, com as armas que temos, limitando-se a esperar pelos sobreviventes.

 

Se virmos bem, ainda não estamos naquilo a que chamam “o novo normal”. Aí, só estaremos quando a guerra acabar, e começarmos a reconstruir aquilo que sobrou, com aqueles que ficaram.

O que está para além da história de um livro

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É certo que o que nos capta a atenção em qualquer livro é, sem dúvida, a história que o mesmo nos conta.

Mas há livros e livros.

 

Há livros que se ficam por aí, sem que deles se consiga retirar algo mais que essa história, que lhe serviu de base. Tal como um fruto que, por mais que se esprema, não deita mais sumo.

 

E, depois, há livros que escondem, dentro de si, muito mais que aquilo que aparentam ou prometem. Atrevo-me até a dizer que, em alguns casos, acabam por ser mais significante todas as mensagens e ensinamentos que dele retiramos, curiosidades que aprendemos, ou questões que os autores conseguem fazer-nos levantar e debater, do que a própria história em si.

 

O que é óptimo, quando damos por nós a ler mais uma história igual a tantas outras, sobre a qual não há nada de especial para destacar, mas que acaba por nos convencer com outros argumentos e "armas".

E, mesmo que a história não nos tenha especialmente cativado, acabam por valer a pena serem lidos!

Acredito que o mundo está perdido...

 

...quando crianças de 11 anos disparam sobre colegas ainda mais novos por causa de uma discussão acerca de um cão. 

Aconteceu no Tenessee, nos EUA, supostamente porque uma menina de 8 anos, colega de escola e vizinha de um menino de 11, quando o rapaz lhe pediu para ver os seus cachorrinhos, lhe disse que não, riu e virou costas. O rapaz terá então ido a casa buscar a caçadeira do pai, e disparou sobre a menina, que acabou por falecer.

Cada vez mais se mata por muito pouco, ou mesmo nada, e a idade de quem comete estes crimes é cada vez menor.

Quando as entidades competentes andam a fiscalizar mais arduamente a posse legal de armas, existem cada vez mais jovens a ter acesso a elas.

Existem cada vez mais pais a deixarem as suas armas ao alcance destas crianças, sem qualquer cautela ou segurança, de modo a evitar acidentes e vinganças fatais.  

E cada vez mais crianças morrem assassinadas por outras crianças.

Como é que podemos travar os terroristas, que lutam pelo poder, pela fé desmedida, pela expansão do fanatismo, quando não se conseguem travar estas crianças? 

Como é que podemos ter esperança de resolver as diferenças pacificamente, quando à mínima contrariedade se desencadeia um guerra?

Como é que pudemos acreditar no poder da palavra, quando cada vez mais o poder se encontra numa arma, numa bala mortal? 

 

Poema da liberdade

 

Poema da personagem Falcão, no livro A Saga de Um Pensador, de Augusto Cury:

 

"Vocês podem calar a minha voz, mas não os meus pensamentos!

Vocês podem acorrentar o meu corpo, mas não a minha mente!

Não serei a plateia desta sociedade doente, serei o autor da minha história!

Os fracos querem controlar o mundo; os fortes, o seu próprio ser!

Os fracos usam as armas; os fortes, as ideias!"

A mulher silenciosa

 

Pelo menos uma lição os homens podem tirar deste livro: nunca substimem uma mulher!

Principalmente, aquelas que se calam, que fingem que está tudo bem e que parecem aceitar tudo sem reclamar. Essas podem, por vezes, ser as piores, e revelar a outra face da sua personalidade, que os companheiros nunca conheceram.

Muitas vezes, os homens devem ficar gratos quando as parceiras gritam, discutem, reclamam e deitam tudo cá para fora. Pelo menos ficam a saber exactamente o que elas pensam. Não têm surpresas!  

São mulheres que fervem rapidamente, deitam para fora e voltam ao normal. Já as silenciosas, vão cozinhando lentamente, mas quando fervem, nem dão tempo aos homens de perceberem o estrago.

 

Um dos comentários a este livro dizia que os fãs de Em Parte Incerta, da Gillian Flynn, iriam gostar deste livro. Eu tive essa esperança...

Mas a Amy de Em Parte Incerta é mil vezes superior à Jody de A Mulher Silenciosa, no plano que arquitecta para se vingar do marido. 

Digamos que a Jody tem a teoria, tem a bagagem, tem o conhecimento, tem melhores armas. Mas não é nem de perto nem de longe tão maquiavélica, tão meticulosa, tão fria, tão calculista como a Amy.

Jody é uma mulher que tenta manter o seu casamento ainda que para isso tenha que ignorar as aventuras e traições do marido. Tem a sua maneira própria de se vingar, mas sem grandes estragos. Parecem mais pequenas partidas de menina travessa, e que acabam por ser bem merecidas pelo seu marido. Mesmo quando ele sai de casa, ela age como se ainda tivesse tudo sob controlo, como se fosse algo temporário. Só quando se apercebe que vai ficar sem nada, e mais por sugestão da amiga do que por ideia própria, é que ela resolve contratar alguém para matar o marido. O plano é tão primário, tão básico, tão óbvio, que não entusiasma. Já depois do crime cometido, e ao ver outra pessoa ser acusada, ela decide confessar.

A Amy nunca admitiria nem para a própria sombra aquilo que fez. A Amy é doentia. Ela interpreta na perfeição as personagens que criou para a sua pessoa. Uma mulher ardilosa, astuta, diabólica, cruel, e faz uso das armas que tem de forma surpreendente. 

Por tudo isso, A Mulher Silenciosa ficou, infelizmente, muito aquém das minhas expectativas.