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Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Reality Shows: mestres da ilusão!

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Há uns tempos vi um filme em que uma mulher era convidada para apresentadora de um concurso de talentos infantil.

Primeiro, porque era uma mulher famosa. Depois, porque tinha imenso jeito a lidar com as crianças.

E ela, inocentemente, convencida de que aquele concurso seria uma boa experiência para os miúdos, que haveria oportunidades para eles, e que seriam apoiados nos seus talentos, aceitou o convite.

Só que, a determinado momento, percebeu que, ao contrário do que a fizeram acreditar, o vencedor do programa estava decidido ainda antes de ele começar.

Que o público que, ingenuamente, votava para escolher os seus favoritos, estava a ser enganado.

E que ali todos acabavam por ser meros figurantes. Peões de um jogo. Actores, cada um com o seu guião a cumprir, sem questionar.

Tudo para o show. Para as audiências. 

Tudo ilusão.

 

Da ficção para a realidade, cada vez mais os reality shows a que assistimos mostram que são verdadeiros "mestres da ilusão"!

Mas só nos iludem até um determinado ponto.

Porque, tal como qualquer ilusionista, há sempre algo do truque que escapa.

E chega a um momento em que os próprios ilusionistas percebem que o segredo do truque já foi descoberto optando, ainda assim, por continuar a fazê-lo, mas à descarada.

O público?

Esse, sabe que está a assistir a uma fraude. Mas também ele continua. Na esperança de que, sabe-se lá como, ainda haja algo de verdadeiro, no meio de tanta ilusão. Algo genuíno, e sem truques.

 

Ontem estava a ver o Triângulo.

A minutos da primeira expulsão, com 3 concorrentes em risco - Moisés, Isa e Lara, a Cristina diz que, naquela noite ainda iria falar com o Moisés, na casa.

Que é o mesmo que dizer: ele não vai ser expulso! 

E, lá estava, minutos depois, o gráfico, a mostrar a Isa expulsa.

Ora, se ainda nem sequer tinham mostrado o gráfico, com as percentagens, e a quem pertenciam, como é que ela já sabia? 

É fácil acreditar que alguém da produção lhe deu essa informação naqueles instantes.

Mas é mais certo pensar que todo o alinhamento da gala já estava planeado, e aquelas conversas também. Logo, já estaria decidido que era "x" pessoa a sair, e não outra.

 

Se as coisas estão definidas à partida, ou se vão mudando ao sabor do vento, que é como quem diz, consoante as audiências e interesses da produção, não sei.

Mas que muito do que vemos (senão tudo) é ilusão, lá isso é.

Os "pica miolos" e as provocações gratuitas

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Não gosto!

Provavelmente, ninguém gostará.

Quem está a ver de fora, até pode achar piada.

Eventualmente, algumas picadinhas ou provocações a terão. Se forem inofensivas. Se não ofenderem ninguém. 

Mas tudo o que é demais cansa. 

E, quando é feito com o propósito de desestabilizar o outro, é feio. É jogo sujo.

 

Há pessoas que são pica miolos", e sabem que o são.  

Que não percebem os limites até onde podem ir. Ou fazem questão de ultrapassá-los.

Sempre me disseram que a melhor forma de os parar, é ignorar, é mostrar indiferença, é não responder, nem dar troco.

Se bem que isso, muitas vezes, só os faz insistir ainda mais. Picar mais. Provocar mais.

Mas também podem perceber que dali não conseguem nada, e desistir.

 

Na prática, pode ser possível manter essa indiferença por algum tempo.

Mas, ou a pessoa se afasta desses pica miolos, ou tem um gigante poder de ouvir e calar, ou chega a um ponto em que acaba por lhe sair uma resposta torta, tal o nível de saturação e desgaste.

Esse é o ponto de partida.

Depois, ou a coisa acalma, ou escala de tal forma que nada de bom daí sairá. 

E, no fim, para quê? 

O que se ganhou com isso?

 

Todos nós lidamos com pica miolos na nossa vida.

E como o Big Brother é o jogo da vida real, também tinha que lá haver um. Ou mais.

Mas há um que se destaca, e não disfarça.

É o seu jogo. É válido. Desde que não ultrapasse os limites.

 

Ontem, assistimos a uma cena muito triste.

Empolada por questões que já vinham de fora. Por provocações mútuas que aconteceram lá dentro. E pela própria produção, que quer ver o circo pegar fogo, e ainda atira achas para a fogueira, para depois fingir que tenta apagar o fogo desencadeado e fora do controlo, quando o podia ter evitado se, em lugar de atirar achas, tivesse usado o extintor quando ainda tinha o controlo.

 

Na minha opinião, estiveram todos mal.

O Nuno pode ser um excelente jogador, estratega, pica miolos e provocador, mas tem que haver limites. E quando se parte para a provocação gratuita assente em ofensas, é só jogo sujo e feio, e deixa de entreter e ter piada. E ele que não me venha dizer que muito do que apelida aos outros, é apenas ao jogador, e não à pessoa.

O Gonçalo não sabe ignorar, que era o melhor que podia ter feito. Reage precisamente como o Nuno espera, e ainda consegue superar as expectativas, porque se passa, e age e diz o que não deve. Perde a razão.

 

Neste momento, o BB Desafio Final é um programa de tensão, que nem dá vontade de ver, e acho que a maioria, público e concorrentes, só querem mesmo que acabe depressa, porque não deixa saudades.

A Cristina, em directo, assim em modo de querer disfarçar, e levar o programa adiante, perante o ambiente que se fez sentir e ficou na casa, vem com aquele discurso de filosofia barata que, naquele momento, ninguém precisa e quer ouvir, com frases como "estão num jogo e cada um pode dizer e fazer o que quiser, e vocês têm que saber gerir", só então acrescentando "dentro dos limites, claro".

Mas eu pergunto-me: em nome das audiências, quais serão esses limites?

 

E o Big não esteve melhor neste quadro.

Ah e tal, na minha casa não vou permitir qualquer tipo de violência, e todos têm obrigação, vendo uma situação destas, de intervir e separar.

Desculpe?

Tanta preocupação com as "conversas impróprias" quando diz respeito à produção e aos segredos da mesma, mas depois deixa toda a gente falar tudo, e tudo é válido, mesmo que isso gera este tipo de situações, o circo a pegar fogo, e ainda são os colegas os responsáveis por gerir os conflitos?!

Que tal o Big intervir na hora?

 

Para mim, teriam sido os dois expulsos, e vinham ajustar contas fora da casa. Só que, depois, perdiam dois concorrentes, deixava de haver polémica, perdiam-se audiências, e lá o programa tinha que acabar mais cedo.

Quando a ideia até é, segundo parece,  prolongar.

Dadas as grandes audiências que está a ter.

À custa do quê. E de quem...

O único reality show em Portugal que conseguiu ser genuíno

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Ou, pelo menos, tentou sê-lo.

Falo, como não poderia deixar de ser, da primeira edição do Big Brother!

 

Era o primeiro em Portugal.

A produção não sabia se o formato funcionaria por cá, e a estação não fazia ideia da aceitação e audiências que poderia ter.

Os concorrentes não sabiam muito bem ao que iam, nem como seria estarem fechados tanto tempo numa casa.

E o resultado foi o que se viu: um sucesso, com concorrentes que marcaram, quer pela positiva, quer pela negativa, e dos quais ainda hoje nos lembramos.

De certa forma, também eles não tinham filtros. Pareciam mais genuínos. Com as emoções à flor da pele. A sentir cada momento, stress, diversão, pressão, saudade, inimizades, num único espaço.

 

Desde então, se repararmos, todos os seus sucessores, através desta primeira experiência, cujos concorrentes acabaram por servir de cobaia, começaram a parecer, cada vez mais, um produto pré fabricado.

Um produto que foi sendo limado aqui e ali, para ver como poderia aumentar as audiências, causar polémica, ser falado.

Um produto que vem com guiões, para personagens específicos que, quanto mais problemáticos, chocantes ou alucinados, melhor, para que encaixem na perfeição.

 

Hoje, olhamos para os actuais reality shows, e começamos a acreditar que aquelas pessoas que ali surgem, na sua vida privada, não serão as mesmas que nos entram pelo ecrã. Que, aquelas que nos chegam estão, simplesmente, a desempenhar um papel que lhes foi atribuído naquela história. 

 

A diferença dos reality shows, para uma qualquer telenovela ou série é que, enquanto os atores, mesmo desempenhando o papel de vilões, vêem as personagens diferenciadas da pessoa que são, e continuam a ter o carinho do público, os concorrentes, são vistos como um só, e ficam, muitas vezes, com a imagem denegrida, e sujeitos a todo o tipo de comentários indesejados.

Enquanto os atores são vistos como pessoas que estão ali a trabalhar, na profissão que escolheram, os concorrentes são vistos como "os parasitas", que não querem trabalhar e se sujeitam a tudo, para ganhar dinheiro e fama.

Ao género "não importa se falam bem ou mal, desde que falem".

 

E não me venham falar de experiências sociais, porque a única coisa que ali estar a ser testada é, até que ponto, vale toda a exposição, polémica, atrito, conflito, pressão, para garantir boas audiências.

E até que ponto os concorrentes se deixam "vender", sofrendo muitas vezes nas mãos das produtoras desses formatos, nomeadamente, com chantagens, obrigações, diria até, alguma violência psicológica, para aparecerem na televisão.

 

Experimentem, um dia destes, voltar às origens.

Deixar os concorrentes serem eles próprios, e agirem de acordo com a sua personalidade.

Perceber até que ponto querem participar em algo, que só lhes garantirá um salário equivalente ao que receberiam, se estivessem a trabalhar.

Deixar por conta da prestação destes, e do público, o nível das audiências.

Poderia até nem resultar. Mas, para quem está deste lado, seria muito mais credível e interessante. 

 

 

Séries que terminam sem final

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Se há coisa que me irrita é andar a seguir uma determinada série, por vezes, por mais do que uma temporada, e chegar ao fim como se a série tivesse apenas feito uma pausa temporaria e, por isso, sem final, para depois nunca mais voltar.

Sabemos que o que dita a continuação ou cancelamento de uma série são as audiências e, quando elas baixam, não há quem a salve, mas cabe a quem produz as séries fazer as coisas de forma a que, caso não haja renovação, faça sentido a história acabar ali mas, ao mesmo tempo, deixando algo que faça sentido e que nos deixe curiosos, para o caso de virem novas temporadas.

 

É que até podemos ter uma imaginação muito fértil, e criar nós mesmos o final de acordo com o que gostavamos que acontecesse, mas fica sempre aquela sensação de que gostaríamos de ver como os autores nos surpreenderiam, e de que forma terminariam eles a sua série.

Assim, parece que andámos a perder tempo em vão, e deixa-nos de pé atrás quanto a seguir novas séries. 

Sobre o programa Super Nanny

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Eu resumiria o programa numa simples frase: 

"Exploração de crianças que nunca deveriam ser expostas desta forma, consentida pelos pais que nunca deveriam submeter os seus filhos a este circo, para dar audiências à Sic, que deveria ter vergonha na cara, e ajudar estas famílias sem as colocar em frente às câmaras!"

 

No domingo, tinha a televisão na Sic e estava a dar o programa quando fui à sala. A minha filha quis ver, e acabei por ver um pouco também.

Não vi a parte das birras, mas contei à minha filha algumas das birras que ela própria fez, e tudo o que, com elas, veio em termos de acções condenáveis. Ela ficou admiradíssima por ter feito tudo isso, não se recordava já.

Perguntei-lhe como se sentiria se, no lugar daquelas crianças, fosse ela ali na televisão, a ser vista por toda a gente, a fazer as ditas birras. Respondeu-me que se sentiria mal e não ia gostar.

Está tudo dito. Quem realmente precisa de ajuda, procura-a, mas de forma particular. Não para ganhar dinheiro expondo-se a si, e aos seus filhos, para o mundo, no ecran.

Para isso, contratem atores para simular cenas reais, que o resultado é o mesmo.