Um outro olhar sobre os sem-abrigo
“Por circunstâncias da vida James Bowen viveu, durante vários anos, nas ruas de Londres ou em abrigos, onde encontrou uma fuga a um mundo ao qual ele pensava não pertencer.
Quase dez anos depois, matriculado num programa de desintoxicação para deixar as drogas, e a viver num apartamento subsidiado pelo governo, James fez da sua música o seu meio de sobrevivência começando, mais tarde, a vender nas ruas a revista The Big Issue. Nesta fase da sua vida, só podia contar com a boa vontade de algumas pessoas, e com o desprezo de outras.
O maior responsável pela mudança na sua vida foi um gato vadio que ele encontrou, doente, à porta do seu prédio, e que o fez querer mudar, sentir que tinha que adotar outra atitude. Que lhe deu razões para ter esperança na humanidade e num futuro mais sorridente. Que o ajudou, de certa forma, a reconciliar-se consigo próprio e com os que mais lhe queriam.”
Existem, infelizmente, muitas pessoas que estão a passar por situações difíceis, e que se veem, inesperadamente, na condição de sem-abrigo.
A maior parte delas não são loucas, nem antissociais. Nem todas são toxicodependentes, alcoólicas ou criminosas, nem tão pouco “parasitas da sociedade”, como muitas vezes são apelidadas. Cada vez mais, encontramos todo o tipo de pessoas na situação de sem abrigo, até mesmo pessoas com o ensino secundário ou técnico, licenciadas, ou que um dia já tiveram uma boa situação económica ou um bom emprego.
Os motivos que levam determinadas pessoas a esta situação são vários: alcoolismo ou toxicodependência, o desemprego súbito, doenças graves, desastres naturais, uma mudança de comunidade, entre outros. Com a crise que, atualmente, vivemos, houve um aumento, tanto da população sem-abrigo, como das famílias carenciadas, atirando muitos cidadãos para situações nas quais nunca esperaram um dia ver-se, passando a depender de pequenos trabalhos (mas que para essas pessoas já significam muito), como vender revistas na rua, ou arrumar carros, e da ajuda da sociedade, nomeadamente de centros de apoio e associações solidárias.
Uma dessas associações, é o Centro de Apoio ao Sem-Abrigo – CASA.
Para melhor compreender o trabalho desenvolvido por esta associação, e ficar a conhecer um pouco mais a realidade da população sem-abrigo, convidei o Coordenador da Delegação de Lisboa do CASA (Centro de Apoio ao Sem Abrigo), André Mendes, a responder a algumas questões.
Um outro olhar sobre os sem-abrigo, a não perder na BLOGAZINE, com uma entrevista a esta associação que apoia os sem-abrigo do nosso país.