Um acaso, sensibilidade, o poder do facebook e uma história com final feliz
(ou assim esperamos)
Seria uma tarde como outra qualquer.
Eu a trabalhar, e a minha filha nas aulas.
Quis o destino, o acaso, ou o que quer que tenha sido, que a minha filha não tivesse tido a aula. E que tivesse ido com as colegas até àquele local.
Viram um cão por ali, e acharam-lhe graça. O cão ia a andar, quando um carro lhe bateu.
Ouviram o estrondo e, logo em seguida, o cão a ganir.
Ficou deitado no passeio, sem se mexer.
A pessoa que o atropelou não fugiu. Ficou por lá. Embora mais preocupada em não se molhar por causa da chuva, e a desculpar-se que não era de cá, que tinha sido um acidente e que, como tal, não se podia responsabilizar. "Ah e tal, eu vi-o mas achei que ele ia conseguir passar antes de eu chegar." Estava também preocupada com a possibilidade de a mandarem fazer o teste do balão..
Não sei se foi a senhora que ligou para a GNR mas, enquanto esta não chegava, ainda aproveitou para ir ao café.
A minha filha ligou-me logo, a perguntar se podíamos ligar a alguém, que fosse recolher o cão e ajudá-lo. Conhecendo as autoridades e entidades, por experiências anteriores, duvidei que fizessem algo. Por isso, pedi-lhe para ela tirar foto, e partilharmos no facebook.
Ela assim fez. E enviou-me.
Fez-me lembrar um cão que tinha visto num anúncio, nessa manhã, a pedir ajuda para o encontrar, porque tinha fugido de casa, aqui na vila.
Publiquei a foto e a informação num grupo de ajuda animal daqui da zona. Com a pressa de que alguém pudesse reconhecer, nem referi que o cão estava vivo.
Na verdade, também não sabia tudo ao pormenor, porque a urgência da situação passou por cima desses detalhes.
Foi uma sorte, poucos minutos depois, alguém me dizer que o cão tinha dono, chamava-se Buddy, e andavam à procura dele.
Facultaram-me o contacto, e o link do tal anúncio. No anúncio não falava em chip, apenas numa coleira verde que a minha filha me confirmou que o cão tinha.
Liguei de imediato para o dono.
Em seguida, liga-me a minha filha, a dizer que já lá estava a GNR. Com receio que levassem o cão, antes do dono chegar, a minha filha acabou por passar o telemóvel à agente, a quem dei o nome e contacto do dono.
Soube mais tarde que a agente ligou para o dono.
O dono deve ter chegado pouco tempo depois, e o cão foi levado para o Hospital Veterinário, onde ficou internado. Ontem, estava estável, segundo me informou, mais tarde, o dono.
Agora, resta aguardar que tudo corra bem e o Buddy recupere do acidente. Para já, pode-se dizer que o dono recuperou o seu cão.
Não se sabe se como se teria desenrolado tudo isto, noutras circunstâncias.
Teria alguém partilhado o acidente? Teria sido possível encontrar o dono? Teria alguém levado o cão ao veterinário? O que faria a GNR com o cão?
Talvez até tivesse tido igualmente um final feliz. Ou talvez não...
O que sei é que um acaso, alguma sensibilidade, e o poder incontestável de uma partilha no facebook, a par com aqueles que também por lá andam, uniram-se em prol do Buddy.
Independentemente de tudo, valeu pela atitude.
Dizem que os filhos, por norma, tendem a seguir o exemplo dos pais, para o bem e para o mal.
E foi isso mesmo que se viu, neste caso, para o bem de um animal.
Há coisas que não se aprendem na escola, e esta, é uma delas. E tem muito mais valor uma acção como esta, que uma qualquer nota menos boa num teste.