Nem caiu em graça, nem foi engraçada
Ontem à noite, fomos comprar um frango à currasqueira, em drive-through.
O meu marido à frente, com o meu pai.
A rapariga que nos atendeu, assim em modo acelerado e despachado, fez as perguntas da praxe, pagamento e, enquanto esperava pela encomenda, lembrou-se de perguntar ao meu pai:
- "Então, já comprou as flores e os chocolates para a sua mulher? Olhe que hoje é o Dia dos Namorados!"
Da forma como disse aquilo, quase a fazer propaganda, até pensei que, além do frango, também estivessem a vender esses produtos.
Diz o meu marido:
- "A mulher do senhor já faleceu."
Não se dando por vencida, apesar de encavacada, voltou à carga:
- "Então, compra para a namorada!"
O meu pai:
- "A minha esposa faleceu há um ano e pouco".
E ela, com mais um melão, mas numa derradeira tentativa:
- "Pode comprar para si."
Ao que o meu pai respondeu:
- "Eu não gosto de flores."
E ela, já sem jeito:
- "Ah, não gosta de flores?"
E, felizmente, calou-se.
Por vezes, as brincadeiras acabam por ser um "tiro ao lado", sobretudo quando se brinca com pessoas que não se conhece de lado nenhum.