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Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Porque nos boicotamos a nós próprios?

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Como já tenho dito várias vezes, o ser humano é um "bicho" complicado.

Não é, pois, de admirar, que dessa complicação faça parte uma, provavelmente, irracional ou inconsciente tentativa de boicote a si próprio, e à sua felicidade.

A verdade é que toda a gente almeja estar de bem com a vida, sentir-se bem e feliz mas, quando isso acontece, irreflectidamente, as pessoas têm uma tendência a, por si mesmas, estragar esses momentos.

 

Como se tivessem necessidade de deixar de estar bem.

Talvez porque acreditem que não são merecedoras. 

Ou, talvez, porque não sabem viver assim...

Porque estão mais habituadas a momentos de tensão e, como tal, estranham a calmaria.

 

Outras vezes, porque tudo o que sabem que lhes faz bem, leva tempo.

Dá trabalho.

E fá-las sair da zona de conforto. 

Enfrentar mudanças.

Contornar receios.

Abrir portas ao desconhecido.

 

Então, mesmo sabendo que pode valer a pena, preferem boicotar-se.

Ficar com aquilo a que já estão habituados.

Que já conhecem, e do qual sabem o que esperar. 

Porque até podem, em teoria, saber tudo o que precisam de fazer.

Mas daí a pôr em prática, parece haver sempre um travão invisível que leva a melhor.

Que demónio é este?...

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Mas que demónio é este, que por aqui ciranda?

Seja ele qual for, que volte depressa para de onde veio.

É impossível andar na rua.

 

Mal uma pessoa sai, fica à mercê dele.

Revoltoso, gélido, sem dar um único segundo de tréguas.

Esbofeteia-nos de um lado. E do outro.

Empurra-nos, fazendo-nos acelerar mesmo sem querer. Outras vezes, trava-nos, como se nos tentasse impedir de seguir caminho.

Desorienta-nos.

 

Já não basta a chama intensa que nos fere os olhos, também ele quase nos cega.

Enquanto nos debatemos com ele, nem nos atrevemos a respirar. Sustemos a respiração, até estarmos em relativa segurança.

Que só chega quando entramos em casa.

Até então, percorremos o caminho o melhor que conseguimos, quase sem o ver, em modo automatico, porque perceber onde estamos e com o que estamos a lidar é doloroso e cansativo demais.

 

Na rua, o demónio anda à solta.

Chama-se vento.

Já deveríamos estar habituados.

Mas o vento nem sempre está assim.

Com esta fúria desmedida. Com esta raiva descontrolada.

A fustigar cada centímetro da nossa pele, e do nosso corpo.

 

Em casa, continuamos a ouvi-lo.

A sentir que ele tenta, de todas as formas, quebrar as barreiras. Chegar até nós.

Mas não consegue.

E nós podemos, então, tranquilamente, abrir os olhos, que demoram a habituar-se à calmaria.

Podemos respirar de alívio.

Podemos descontrair o corpo que, só então, percebemos como estava contraído, e relaxar.

 

Até à próxima luta, quando tivermos que voltar à rua, e enfrentá-lo novamente.