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Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Portugal é campeão europeu! E agora?

 

Ontem, todos os portugueses (ou quase todos) estavam com as atenções voltadas para a final do campeonato europeu de futebol, ou não estivesse a equipa portuguesa a um passo de fazer história!

Por muito que os portugueses estejam insatisfeitos com o estado em que se encontra o país, que sejam muitas vezes os primeiros a dizer mal de Portugal, e a desvalorizar aquilo que é nosso, o futebol tem essa faculdade de uni-los todos por uma causa maior.

Compreendo que os portugueses torçam, como é óbvio, pela nossa equipa. Mas custa-me compreender a histeria desenfreada que se gera e a que assisto à minha volta, por conta de um jogo.

Como portuguesa, gosto muito do meu país, mas não sou fanática por futebol. Não acreditava que Portugal ganhasse, mas fico feliz que tenha conseguido esta vitória, talvez mais merecida por campeonatos anteriores, do que propriamente por este campeonato, e para calar a boca a todos aqueles que usaram meios mais baixos para nos destabilizar.

Durante uma hora e meia, conseguimos manter-nos num empate a zeros, com todo o mérito do Rui Patrício que, penso que todos estaremos de acordo, foi sem dúvida o homem do jogo! Não fossem as mãozinhas dele, e aquelas sucessivas defesas, e já estaríamos esmagados pela França. Uma França que jogava em casa, era clara favorita, e tinha uma enorme responsabilidade e pressão sobre os ombros.

A saída inesperada e antecipada do Cristiano Ronaldo foi emotiva, frustrante, triste, mas talvez (digo eu) tenha sido uma inspiração adicional para conseguirmos trazer a vitória para Portugal. 

E para todos aqueles que continuam a achar que a equipa portuguesa é o Cristiano Ronaldo e o Renato Sanches, e pouco mais, ficou provado que estes e outros bons jogadores podem ser uma mais valia e ajudar a obter bons resultados, mas os restantes jogadores também estão lá, e conseguiram vencer mesmo sem os "melhores" em campo.

Para isso contribuiu, e muito, a entrada de Éder, que marcou o nosso golo, o único da partida, mas suficiente para nos garantir a taça.

Hoje, somos todos Portugal!

E, de facto, Portugal ganhou, é campeão europeu, e está de parabéns. Foi um feito histórico e que nunca iremos esquecer. Mas é só isso.

Oiço várias pessoas dizerem "ah e tal, isto é muito bom para Portugal" ou "o nosso país vai ser mais conhecido". O meu marido também costuma dizer algo do género.

E eu respondo-lhe sempre:

O teu ordenado vai aumentar?

Vais ser beneficiado em alguma coisa?

Os portugueses vão ter melhores condições de vida?

Algum do dinheiro ganho pela equipa irá servir para ajudar quem mais precisa?

 

Não!

 

Portugal ganhou, é certo. Mas tudo o resto, infelizmente, irá continuar na mesma. Será preciso muito mais para melhorar e trazer a Portugal tudo o que ainda faz falta, e está mal, do que o título de campeão europeu de futebol que, daqui a uns tempos, já ninguém irá lembrar.

A não ser os portugueses que, à falta de melhor, podem sempre dizer: "ah e tal, tudo está mal neste país, mas pelo menos fomos campeões europeus!"

 

Imagem www.cmjornal.xl.pt

Lições a retirar deste compeonato

"Roubar" um treinador à equipa adversária nem sempre é sinónimo de vitória garantida;

 

Nenhum treinador é insubstituível;

 

O treinador não é o único responsável pela vitória de uma equipa - tanto ele como a equipa têm que lutar pelos resultados;

 

 

A vingança é um prato que se serve frio, e ontem foi o dia de servi-la;

 

Uma vitória vale mais que todas as trapaças, gestos e disparates ditos ao longo de todo o campeonato;

 

Luís Filipe Vieira tomou, mais uma vez, a opção certa (dou a mão à palmatória, nunca pensei que Rui Vitória chegasse tão longe);

 

Bruno de Carvalho tomou, apesar da derrota, a opção certa - há muito que o Sporting não chegava tão longe e com a pontuação que ficou neste compeonato;

 

Jorge Jesus terá, talvez, tomado a opção errada, mas só tem que aprender com os erros e melhorar - a inveja fica-lhe muito mal;

 

Não é bonita a falta de fairplay no final de uma competição renhida até à última jornada, nem certos comentários proferidos por quem ainda se acha o maior - afinal, até foi premiado com o globo de ouro de melhor treinador - e que todos os outros se estão a aproveitar daquilo que fez e do legado que deixou, tirando o mérito ao colega de profissão;

 

Ambas as equipas estão de parabéns por terem dado luta uma à outra até ao último momento, e pelas vitórias alcançadas nos derradeiros jogo.

 

 

 

A sério que gostava de compreender...

 

...mas não consigo.

Dizia o meu pai que o motorista do autocarro da vila, sportinguista, já tinha o espumante preparado, os cachecóis e tudo o mais que faz parte de uma comemoração, e até já tinha feito uma troca para ter o dia, e ir festejar a vitória do Sporting!

O meu marido, andava ontem que nem louco à procura dos cachecóis do Benfica, e andou a semana inteira a dizer que hoje queria ir celebrar a vitória do Benfica. Até pediu para o colega chegar mais cedo, para vir para casa rápido e irmos lá para o centro de Mafra festejar.

 

Mas está tudo louco?

 

 

Andam os adeptos de ambos os clubes nervosos, ansiosos e a desejar que o jogo comece e acabe depressa porque "isto é um sofrimento"!

Andam a queixar-se de que os árbitros estão contra um ou outro clube, que vão facilitar um ou outro, que as equipas que já não têm nada a ganhar podiam dar hipóteses à outras.

 

Mas o que é isto?

 

Ainda não está nada ganho nem perdido, mas a equipa que quiser ganhar só tem é que lutar por isso, e vencer com mérito e não com favores. E, além disso, para quê tanto stress e tantas ânsias, se os adeptos não ganham nada com isso? Ou até ganham: nervos, stress, problemas de saúde.

Sim, já vi muito boa gente com dores no peito, e a sentirem-se mal só por assistirem a um jogo de futebol, e sofrerem como se de uma vitória ou derrota do seu clube dependesse alguma coisa nas suas vidas.

 

Tenham calma, senhores (e senhoras) que o jogo é só mais logo, e que vença o melhor. 

Depois disso, celebrem ou chorem à vontade, mesmo que não ganhem nada com isso mas, até lá, tenham calma, e não deitem foguetes antes da festa, porque podem vir a ter uma surpresa. E aproveitem o dia porque ninguém vos paga para sofrer por antecipação, por um resultado que em nada depende de vós.

É por isto que nunca hei-de ir ao Marquês!

Imagem daqui

 

Ainda ontem o meu marido me dizia: "para a próxima, vamos para o Marquês, e levo a Inês comigo". E eu respondi-lhe: "só por cima do meu cadáver, ou quando ela tiver a sua própria vida, porque enquanto eu for viva e for responsável pela minha filha, nunca a hei-de deixar ir!". Nem aí, nem a jogos de futebol!

Já tivemos imensas conversas sobre o assunto, e bem me pode dizer que não há perigo, que é uma festa bonita, que é um programa em família como outro qualquer. A mim, não me convence.

E a prova está aí mesmo diante dos nossos olhos: a festa tão bonita transformou-se num campo de batalha, com violência, confrontos entre polícia e adeptos, adeptos agredidos, menores a assistirem às agressões dos familiares, arremesso de pedras e garrafas...É isto a festa do futebol? É para isto que os adeptos fazem tanta questão de ir para o Marquês?

Pois por muito benfiquista que seja, a mim nunca me apanharão lá! Estive ontem calmamente a ver o jogo, enquanto passava a ferro, e a achar piada ao meu marido que estava com os nervos em franja, em pulgas para o seu clube se tornar campeão já ontem. 

E assim foi! Uma vitória oferecida pela equipa do Belenenses, porque o Benfica não acertou com a baliza. E se, primeiro, ainda tentava vencer o jogo, para o fim, limitou-se a gerir o resultado, e evitar um golo da equipa adversária. Se o benfica é bicampeão, será por mérito próprio. Mas a mim  não me soube bem que fosse desta forma, à custa dos resultados dos outros jogos, e não do nosso.

Para celebrar, o meu marido quis ir dar uma voltinha aqui pelas ruas e pela rotunda, não do Marquês, mas a de Mafra mesmo! Fomos até à Ericeira e, pelas ruas, alguns condutores e passageiros iam buzinando e acenando bandeiras e cachecóis, gritando e manifestando o seu contentamento.

Aqui em Mafra, também havia adeptos com cartazes, e outros apetrechos, na estrada principal, e na rotunda! O trânsito parou por instantes, mas o clima era de alegria! Até encontrámos um senhor a servir, à beira da estrada, ginginhas numa bandeja!

E no nosso carro, era o meu marido a buzinar e a gritar de um lado, e a minha filha do outro. A mim, o máximo que conseguiram foi que levasse o cachecol ao pescoço! De resto, caladinha e de vidro fechado, mas contente por ver a alegria deles.

Não é preciso uma grande festa para celebrar, nem tão pouco ir para o meio da multidão, sujeitos a correr riscos desnecessários. 

Não é preciso muito para se fazer a festa!

 

E agora?

 

Não há mal algum em se ser competitivo, ambicioso e desejar conquistar tudo o que estiver ao seu alcance.

Mas, como se costuma dizer, “quem muitos burros toca, algum fica para trás”! E, dos quatro burros que o Benfica tinha a seu cargo, já “abdicou” de um – o que valia menos – para que conseguisse levar a bom porto os restantes três.

Com o Benfica na liderança do campeonato, foram muitos os adeptos que começaram, antecipadamente, a anunciar a vitória do clube, e até o Marquês foi “reservado” para a festa.

Só que ainda faltavam 3 jogos. A vitória em dois deles estava, supostamente, garantida. Por isso, estavam à vontade para perder o terceiro.

Penso que o mal foi esse – subestimar o adversário! O Estoril trocou as voltas ao Benfica que viu, assim, reduzida a diferença em relação ao Porto.

No sábado, era necessário um empate, mas teria sido fundamental a vitória para garantir o primeiro lugar no pódio. Não arriscaram, contentaram-se com um empate e, mais uma vez, o adversário trocou-lhe as voltas!

E agora, Benfica? E agora, Jesus? Caíste de joelhos? Pois bem podes começar a rezar. Ainda nada está perdido, mas a conquista do título está bem mais dificultada. Tudo se resolverá na última jornada. Vamos lá ver se o Benfica não “morre na praia”, no momento da verdade…

E como “quem tudo quer, tudo perde”, é possível que o Benfica acabe a temporada sem um único troféu. Com muita pena minha…