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Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

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O Rapaz do Pijama às Riscas

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No sábado, a minha filha escolheu este filme para vermos.

Não é, por certo, o género dela, mas ela queria vê-lo, e eu aproveitei para lhe explicar um pouco como funcionavam as coisas naquele tempo, como pensavam os alemães, o que faziam aos judeus, para que serviam os campos de concentração.

Pelo menos, não está, neste momento, na mesma total ignorância que Bruno, a personagem principal deste filme, que achava que o campo de concentração era uma quinta, que os lavradores vestiam pijamas, e que poderia fazer amigos entre as crianças que por ali estavam. 

Por falta do que fazer, e porque não tem ali quaisquer amigos ou entretimento, Bruno escapa-se por uma janela de um barracão nas traseiras da casa, para explorar tudo à sua volta, indo parar à vedação do campo de concentração, onde conhece um menino judeu - Shmuel.

É incrível a ingenuidade de Bruno, talvez herdada da mãe, que só mais tarde percebe quem é, realmente, o marido e o que faz ali.  Mas, se o objectivo era fazer o expectador sentir empatia por Bruno, isso nem sempre é conseguido. Aliás, houve uma parte em que me apeteceu pregar-lhe dois pares de lambadas.

Porque, afinal, na maioria das vezes, filho de rico nunca chega a perceber verdadeiramente quem não nasceu com a mesma sorte, e tende a mostrar o seu carácter egoísta e medroso, quando mais se exigia coragem.

Até na parte final, Bruno vê a entrada no campo de concentração, disfarçado com o seu "pijama às riscas", como uma aventura na qual vai tentar ajudar Shmuel a encontrar o pai deste. E, mal começa a ver as coisas complicarem-se, quer voltar atrás, para a sua vidinha, para a sua segurança.

Mas Shmuel relembra-o do motivo porque ali está, e da ajuda que lhe ofereceu, levando Bruno a ganhar coragem, e seguir em frente. Só não sabia as consequências que daí adviriam.

Disseram que era apenas um banho que iriam tomar. Na verdade, estavam numa câmara de gás, a caminho da morte.  

 

E se, de repente, fossemos os responsáveis pela morte do nosso filho? Se fizessemos a ele o mesmo que fazemos àqueles que não consideramos "gente"? 

Mudaria alguma coisa na nossa consciência? Ou seguiríamos adiante, lamentando a perda como um dano colateral, numa missão nobre pela salvação da raça superior?

 

Chegará o pai de Bruno a tempo de impedir aquele genocídio, que ele mesmo, à semelhança de outros tantos, ordenou?