A minha resistência à "toma" de medicação
Que fique claro que eu não sou contra a medicação, quando esta se justifica, quando é a única solução, ou a mais rápida e eficaz.
Não me faço de rogada com um antibiótico, se assim tiver de ser.
Não recuso um comprimido para as dores, se estas forem insuportáveis.
A pílula, também não falha.
O que me chateia é que, hoje em dia, se receite medicação para tudo e mais alguma coisa.
Pior ainda, e que me deixa mesmo irritada, é prescrever-se medicação sem se saber exactamente o que a pessoa tem.
E que os médicos se preocupem mais em combater os sintomas, sem saber a causa, à base de medicamentos.
Esta semana tive consulta com a minha nova médica de família.
Já ia de pé atrás com ela, desde o momento em que, em visita ao meu pai, que se queixou que não conseguia dormir, ela lhe receitou antidepressivos. Que não cheguei a comprar.
O meu pai tinha vindo de um internamento, andava com o organismo ainda desregulado. Na farmácia, pedi umas gomas naturais para ajudar a dormir. Não sei se foi psicológico (há quem diga que são apenas placebo), ou se realmente fazem efeito, a verdade é que tem dormido sempre bem.
No meu caso, nem sequer era para ter marcado a consulta, mas os meus sintomas estão a agravar e continuo a não saber o que tenho, porque os exames estão todos bem. Então, lá me enchi de coragem, e fui.
Como já estava à espera, veio logo com a conversa da ansiedade, e que podia receitar-me uns ansiolíticos.
Expliquei-lhe que não tinha motivos para andar ansiosa. Ah e tal, não tem que haver motivos concretos.
Então, mas como se diagnostica a ansiedade? Ah e tal, as coisas não são assim "preto no branco", há doenças que a única forma de diagnosticar é tomando a medicação.
Respondi-lhe: "então está a dizer-me que sou uma cobaia - tomo a medicação, se fizer efeito, é porque o problema é esse, se não fizer, descarta-se e passa-se à próxima tentativa?!"
Ela não achou muita piada ao termo cobaia mas, no fundo, acabou por confirmar a ideia.
Portanto, se eu não sofrer de ansiedade, seguindo a medicação, estou a "drogar-me", a viciar-me em medicamentos que, como sabemos, trazem outros efeitos secundários, sem saber com certeza se é essa a minha doença. E se não for, pode passar a ser quando deixar de tomar os ditos comprimidos!
Ah, mas esperem!
Também disse que me podia receitar um broncodilatador.
Perguntei-lhe para que servia, ao certo, um broncodilatador.
Ah e tal, é para dilatar os bronquios, e ajudar a respirar melhor.
Então, mas qual é o exame para se saber se eu tenho algum problema nos bronquios?
A espirometria.
Então, mas eu fiz a espirometria e, segundo a mesma, está tudo bem.
Ah e tal, mas pode ter uma asma ligeira, que não tenha sido detectada no exame.
Mais uma vez, vamos pela tentativa-erro! Se funcionar, então é porque eu tenho asma, ou bronquite, ou o que quer que seja a nível dos bronquios. Se não resultar...
E por aqui se vê que os exames não detectam tudo. Aliás, o meu irmão fez o mesmo exame, estava tudo normal, e mais tarde foi diagnosticado com bronquite asmática.
Portanto, sem saber ao certo, já me apontou dois problemas distintos, e duas medicações diferentes.
Mas exames? Ah, isso não dá para pedir mais nada, a nível de centro de saúde. Só em contexto hospitalar.
A única coisa que posso fazer é passar uma endoscopia. Novas análises.
E, se preferir, em vez da medicação, pedir uma consulta de medicina interna, para estudar o seu caso, já que os exames não apontam para nada.
Assenti. Sim, prefiro saber o que tenho antes de tomar o que quer que seja.
O que não pode falhar, ali, é a citologia. A grande preocupação de todos os médicos. O exame que até os faz marcar consultas mais cedo, e arranjar vagas que, por outros motivos, não existiriam.
Mas, enfim, já fiquei despachada desse.
Agora é aguardar pela marcação da consulta de medicina interna, e ver no que dá.
E marcar a dita endoscopia, para ver se acusa alguma coisa porque, a nível de análises, mais uma vez, está tudo bem. Pelo menos, aquelas que a médica pediu.