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A essência é aquilo que nos caracteriza, que nos diferencia, que nos define.
É aquilo que nos torna únicos.
É aquilo que sobressai em nós. A nossa marca.
Muitas vezes, é aquilo que se destaca aos olhos dos outros. Que os faz gostar de nós. Que os faz sentir admiração. Que os conquista.
A nossa essência é algo que devemos preservar sempre.
Infelizmente, nem sempre isso acontece.
Seja pelas circunstâncias da vida, ou pelas pessoas que fazem parte da nossa vida, não são raras as vezes em que, sem darmos conta, ou porque a isso somos obrigados, vamos perdendo a nossa essência.
Por vezes, ela desvanece-se de tal forma que, às tantas, deixamos de nos conhecer. Percebemos que não sabemos mais quem somos. Tornamo-nos estranhos.
Também acontece as pessoas, que sempre elogiaram a nossa essência, tentarem apagá-la, pouco a pouco, até ela não fazer mais parte de nós e obterem, em troca, uma pessoa vazia que, depois, também ela, não as satisfaz, porque já não é a mesma no início.
O pior erro que podemos cometer, é deixar a nossa essência ser anulada, apagada, camuflada, escondida.
É deixá-la desaparecer, fugir.
É perdê-la e, ao perdê-la, perdermo-nos.
Será que existe?
Por vezes, a vida e as várias situações, contratempos, dificuldades, rotinas e problemas que dela fazem parte, levam-nos a que, aquela pessoa que um dia fomos, dê lugar a uma outra, moldada pelas circunstâncias.
Não tem que ser, necessariamente, mau. Mas, na maioria das vezes, também não é bom.
Algumas pessoas nem se apercebem disso, dessa mudança gradual que as vai tornando diferentes.
Outras, têm essa noção, mas uma certa habituação e conformismo, sobretudo se, do outro lado, ninguém se opuser ou se mostrar descontente com a mudança, fá-las deixar andar.
Só quando começam a ver a sua vida a descambar, as coisas a complicarem, as críticas e a desilusão dos outros a fazer-se sentir, percebem que, algures, ficou alguém muito diferente do que hoje são.
Aquela versão de nós próprios que era melhor e que, hoje, nem mesmo nós gostamos dela, quanto mais os outros.
O problema, é que não há soluções milagrosas, se não houver vontade de procurar essa versão perdida, ou de melhorar a actual, de mudar, de ser e fazer diferente.
Se não estamos satisfeitos com a pessoa que somos, ou com aquela em que nos transformámos, só nós poderemos melhorá-la.
Não depende de terceiros. Apenas, e exclusivamente, de nós mesmos.
A melhor versão de nós mesmos é aquela com a qual, acima de tudo, nos sentirmos bem, felizes, realizados, e de bem com a vida.
Pode não ser aquela que os outros querem ou esperam de nós.
Mas deve ser, sempre, aquela que queremos ou esperamos de nós próprios!
No seguimento de um outro texto, e a propósito de determinadas circunstâncias da vida levarem as pessoas a cometerem erros de que, depois, se arrependem (ou não), e de esse facto servir de justificação para os mesmos, devo dizer que não é uma questão fácil.
Quando era criança, nem me apercebia do que se passava. Mas, com os meus 20 anos, critiquei muito o meu tio. Sim, não teve uma vida fácil. Como ele, há tantas outras pessoas que estiveram ou estão nas mesmas circunstâncias. Mas cabia a ele escolher o caminho certo. Como muitas dessas outras pessoas fizeram. Apesar de tudo, ele tinha uma escolha. E não aceitava que ele quisesse utilizar a sua vida difícil como justificação para todos os erros que cometeu.
Hoje, apesar de mais adulta, continuo a pensar de uma forma não muito diferente. Posso ter-me tornado mais compreensiva. Posso não condenar como antes.
Há muitos factos que, certamente, podem levar as pessoas a desesperar, a não conseguir ver o que é certo ou errado, a pensar que não há alternativas, a cometer erros. E explicar, até explica. Mas será que justifica?