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Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Dos refugiados...

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Quero, antes de mais, frisar que este não é, de todo, um post contra os refugiados.
 
 
Não sou, e espero nunca vir a ser, uma refugiada.
Nem quero imaginar o que é ter que, de um momento para o outro,  deixar a minha casa, a minha terra, o meu país, e fugir para outro lado qualquer, desconhecido, sem saber se chegarei lá com vida, ou se morro pelo caminho. E, se chegar com vida, o que me espera, num sítio onde não conheço ninguém, onde nem sequer falo a mesma língua, onde não tenho nada...
Perder, de um dia para o outro, família, amigos, pertences, o lar, o trabalho, a estabilidade, depois de anos de luta para conquistar tudo isso.
E ter que recomeçar, do zero. Ter que depender da boa vontade, caridade e solidariedade dos outros, sem nada que seja meu. 
Pois...
Só quem passa por isso sabe o que custa, o que dói, o quão frustrante, desolador e triste é.
Não desejo isso a ninguém.
 
 
Posto isto, claro que toda a ajuda é bem dada, e preciosa, para que os refugiados, que não têm culpa nenhuma da sua situação.
E é óbvio que o povo português é um grande apoio nesse aspecto, sempre pronto a ajudar, a dar aquilo que tem, e que não tem, para que os outros tenham um pouco.
Nada contra. Eu própria, se puder, o faço.
 
 
O meu post vai mais no sentido de certas injustiças que se observam nestes momentos, e direccionadas para aqueles que têm sempre mais poder nas mãos, mas parece que só o usam quando querem, quando lhes apetece, quando lhes convém, ou quando a isso, por força das circunstâncias, são obrigados.
E, quer queiramos, quer não, isso gera revolta.
 
É um pouco como aqueles pais que todos os dias dão feijão com arroz aos filhos, porque a vida está cara e não há dinheiro para mais, e mesmo que os filhos, uma vez ou outra, peçam algo diferente a resposta é sempre a mesma - não dá.
Mas, depois, seja porque esses mesmos pais se ofereceram para receber um parente, ou porque foram incumbidos ou "obrigados" a recebê-lo, e não querem fazer má figura, nem mostrar a sua verdadeira realidade, acabam por comprar uns bifes do lombo, um peixinho, até uma sobremesa, algo a que os próprios filhos nunca tiveram direito.
Ou seja, para os seus, nunca dava, nunca havia. Mas agora, para os outros, já se fazem excepções.
Com os refugiados, acontece a mesma coisa.
E, volto a dizer, a culpa não é deles.
 
 
Mas, na prática, acaba por se arranjar soluções, alternativas e facilitar muito mais aos refugiados que chegam ao nosso país, que aos próprios portugueses.
Como?
 
Sabem aqueles pais que queriam mesmo matricular os filhos naquela escola mas, por mil e um motivos, não conseguiram?
Pois, se calhar, agora, a escola dá um jeito de arranjar vagas.
Sabem aquelas famílias que são postas na rua, ou que estão em risco de perder a casa, e ir morar na rua, ou num carro, ou que vivem em condições miseráveis, sem que se arranje um sítio onde possam viver dignamente?
Pois, se calhar agora já se arranjam habitações.
Sabem aquelas pessoas que querem mesmo trabalhar, e correm todos os sítios e mais alguns, e as respostas são sempre as mesmas: não estamos a precisar, não tem competências, demasiados estudos, estudos a menos, não tem experiência, etc?
Pois, se calhar agora, criam-se, propositadamente, novos postos de trabalho.
Sabem quando têm que tratar de um documento qualquer, e fica soterrados em burocracias, perdem tempo e, muitas vezes, não resolvem nada?
Pois, se calhar agora, aos refugiados, tudo isso é facilitado.
O que só prova que, havendo vontade e predisposição para isso, é possível.
 
 
E a minha única pergunta é:
Não poderiam agir da mesma forma com os nossos? Em circunstâncias normais?
Serão os portugueses, no seu próprio país, menos do que os que para cá vêm?
Será preciso uma situação extrema, para deixarmos de ser tratados como enteados, e passarmos a ser vistos como filhos?
 
 
Reafirmo que os refugiados não têm culpa.
Como refugiada que fosse, também gostaria de um lugar onde ficar.
De poder trabalhar para não depender mais do que o necessário, da caridade alheia, e recomeçar a minha vida.
Também gostaria que a minha filha continuasse os seus estudos, ainda que num país estranho.
E, para tudo isso, seria preciso documentação.
 
 
Sei que, em determinadas circunstâncias, situações urgentes exigem medidas rápidas e excepcionais.
Mas gostaria que houvesse um esforço maior para que as menos urgentes, mas não menos importantes e necessárias, não ficassem postas de parte, como se não houvesse qualquer responsabilidade em dar-lhes a devida atenção. 
Como se não tivessem qualquer forma de as resolver, ainda que o quisessem.

Preservar a essência

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A essência é aquilo que nos caracteriza, que nos diferencia, que nos define.

É aquilo que nos torna únicos.

É aquilo que sobressai em nós. A nossa marca.

Muitas vezes, é aquilo que se destaca aos olhos dos outros. Que os faz gostar de nós. Que os faz sentir admiração. Que os conquista.

 

A nossa essência é algo que devemos preservar sempre.

Infelizmente, nem sempre isso acontece.

Seja pelas circunstâncias da vida, ou pelas pessoas que fazem parte da nossa vida, não são raras as vezes em que, sem darmos conta, ou porque a isso somos obrigados, vamos perdendo a nossa essência.

Por vezes, ela desvanece-se de tal forma que, às tantas, deixamos de nos conhecer. Percebemos que não sabemos mais quem somos. Tornamo-nos estranhos.

 

Também acontece as pessoas, que sempre elogiaram a nossa essência, tentarem apagá-la, pouco a pouco, até ela não fazer mais parte de nós e obterem, em troca, uma pessoa vazia que, depois, também ela, não as satisfaz, porque já não é a mesma no início.

 

O pior erro que podemos cometer, é deixar a nossa essência ser anulada, apagada, camuflada, escondida.

É deixá-la desaparecer, fugir.

É perdê-la e, ao perdê-la, perdermo-nos.

 

A melhor versão de nós mesmos

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Será que existe?

 

Por vezes, a vida e as várias situações, contratempos, dificuldades, rotinas e problemas que dela fazem parte, levam-nos a que, aquela pessoa que um dia fomos, dê lugar a uma outra, moldada pelas circunstâncias.

 

Não tem que ser, necessariamente, mau. Mas, na maioria das vezes, também não é bom.

Algumas pessoas nem se apercebem disso, dessa mudança gradual que as vai tornando diferentes.

Outras, têm essa noção, mas uma certa habituação e conformismo, sobretudo se, do outro lado, ninguém se opuser ou se mostrar descontente com a mudança, fá-las deixar andar.

 

Só quando começam a ver a sua vida a descambar, as coisas a complicarem, as críticas e a desilusão dos outros a fazer-se sentir, percebem que, algures, ficou alguém muito diferente do que hoje são. 

Aquela versão de nós próprios que era melhor e que, hoje, nem mesmo nós gostamos dela, quanto mais os outros.

 

O problema, é que não há soluções milagrosas, se não houver vontade de procurar essa versão perdida, ou de melhorar a actual, de mudar, de ser e fazer diferente. 

Se não estamos satisfeitos com a pessoa que somos, ou com aquela em que nos transformámos, só nós poderemos melhorá-la.

Não depende de terceiros. Apenas, e exclusivamente, de nós mesmos.

 

A melhor versão de nós mesmos é aquela com a qual, acima de tudo, nos sentirmos bem, felizes, realizados, e de bem com a vida.

Pode não ser aquela que os outros querem ou esperam de nós.

Mas deve ser, sempre, aquela que queremos ou esperamos de nós próprios!

Explicar até explica. Mas Justifica?

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No seguimento de um outro texto, e a propósito de determinadas circunstâncias da vida levarem as pessoas a cometerem erros de que, depois, se arrependem (ou não), e de esse facto servir de justificação para os mesmos, devo dizer que não é uma questão fácil.

Quando era criança, nem me apercebia do que se passava. Mas, com os meus 20 anos, critiquei muito o meu tio. Sim, não teve uma vida fácil. Como ele, há tantas outras pessoas que estiveram ou estão nas mesmas circunstâncias. Mas cabia a ele escolher o caminho certo. Como muitas dessas outras pessoas fizeram. Apesar de tudo, ele tinha uma escolha. E não aceitava que ele quisesse utilizar a sua vida difícil como justificação para todos os erros que cometeu. 

Hoje, apesar de mais adulta, continuo a pensar de uma forma não muito diferente. Posso ter-me tornado mais compreensiva. Posso não condenar como antes.

Há muitos factos que, certamente, podem levar as pessoas a desesperar, a não conseguir ver o que é certo ou errado, a pensar que não há alternativas, a cometer erros. E explicar, até explica. Mas será que justifica?