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Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

"O amor não é cego", de Teresa Caetano

O amor não é cego

 

Também me parece que "o amor não é cego". E atrevo-me a afirmar que, tão pouco, cega.

Acredito que, quando existe amor, conseguimos ver tudo, seja bom ou mau.

Aliás, quando existe um amor verdadeiro, existe uma total clareza e limpidez, que nos permite ver aquilo que está à vista, e o que está escondido. O superficial, e o mais profundo.

E nem precisamos de olhar, para o conseguir.

Mas, muitas vezes, aquilo que está à frente dos nossos "olhos" não é o que gostaríamos de ver.

Então, apenas fingimos não ver, ou optamos por não olhar para o menos bom, focando-nos no que mais nos agrada. 

E esse é, muitas vezes, o grande erro. Porque não se pode amar pela metade, ou apenas uma parte. Porque a pessoa por quem é suposto sentirmos amor, tem os dois lados e, por mais que queiramos, não podemos ficar com o que mais nos interessa, ignorando o outro, como se não existisse. 

A nós, cabe escolher entre as duas opções possíveis: ou amamos por completo, ou não amamos.

 

Quando optamos por ignorar, mais cedo ou mais tarde, as relações acabam por não dar certo.

Nem mesmo quando apostamos noutras relações, procurando apenas compensar aquilo que faltava à anterior. Porque nenhuma relação é um complemento da outra. Nem a solução para a falha da outra. Ao fazê-lo estamos, mais uma vez, a procurar aquilo que mais queremos, ignorando o restante, que poderá não nos agradar.

 

Nesta história, Carolina e André pareciam perfeitos um para o outro mas, afinal, houve muita coisa que ficou por ver, ou que se fingiu não ver, porque tudo parecia bem como estava. Mas não estava.

E, assim, vemos André procurar noutra relação, aquilo de que sentia falta na primeira. Mas o que ele queria mesmo, era aliar a parte boa da primeira relação, com a parte boa da segunda. E isso é impossível.

 

Sim, as pessoas podem mudar e, talvez, André e Carolina pudessem, observando e interpretando os sinais e, sobretudo, conversando abertamente, resolver e aplacar as diferenças que os separaram.

Mas, pela minha experiência, só depois da separação é que temos a tendência a ver as coisas de forma diferente. Porque é ela que nos abre outra perspectiva. Outros horizontes. Outra forma de encarar a vida, e as relações. Porque é ela que nos faz perceber onde errámos, para fazer melhor da próxima vez.

E isso não significa que, da próxima vez, já vamos fazer tudo bem, acertar, ver tudo com clareza. Por vezes, é um processo que se vai desenrolando, ao longo das várias relações e que pode, um dia, levar a esse amor em que vemos, aceitamos e amamos tudo por inteiro, ou nunca chegarmos a encontrá-lo.

 

Mas, mais do que o amor, as relações, ou o romance em si, que são o fio da história, destaco, acima de tudo, duas temáticas que a mesma aborda: o preconceito geral, seja em relação a estatutos sociais, a limitações físicas e tantos outros, e os entraves impostos pela sociedade às pessoas portadoras de deficiência, muitas vezes aliados a mesquinhez, egoísmo e egocentrismo.

 

Relativamente ao primeiro, é incrível como, numa traição e no fim de um casamento, aquilo que mais importância assumiu não foi a traição em si, nem tão pouco a pessoa em si, mas o estatuto social daquela pela qual foi trocada. Como se fosse um total absurdo tal troca. Uma audácia, uma ousadia a que ninguém no seu juízo perfeito se deveria atrever.

E como, mais tarde, por comparação, já tudo isso se tornou irrelevante, perante uma ousadia ainda maior, e ainda pior, aos olhos de determinadas pessoas, ao se desprezar o menino rico e de boas famílias arrependido, preferindo um homem cego.

 

No que respeita ao segundo tema, a sociedade está formatada para lidar com pessoas ditas "normais". E é em função destas que tudo gira, que tudo é construído e adaptado. E, embora já se comece a ter em consideração as minorias, as pessoas portadoras de deficiência vêem-se, muitas vezes, limitadas, discriminadas, diminuídas, esquecidas, ignoradas, menosprezadas, pelos demais.

Faltam condições de acessibilidade, e de acesso, àquilo que deveria estar ao alcance de todos. Falta respeito. Falta solidariedade. Falta tratar o que é diferente com igualdade, e equidade, não acentuando as diferenças. É necessário derrubar barreiras, obstáculos, e tornar possível.

Há ainda um longo caminho a percorrer nesse sentido, mas é mais do que necessário.

 

Por fim, outra temática muito actual nos dias que correm: as redes sociais e as aparências.

Vivemos grande parte da nossa vida em função daquilo que os outros pensam, querem, dizem, gostam, sem nos preocuparmos naquilo que, realmente, nos faz falta, e nos faz bem. Vivemos muitas vezes no mundo do faz de conta, encarnando uma personagem que nada tem a ver connosco. 

Existe vida para além das redes sociais, para além dos "likes" dados só por dar, por quem nem sequer nos conhece verdadeiramente, para além da ostentação, para além das amizades por conveniência, para além da fama momentânea, para além de um corpo tonificado, uma cara bonita e uma roupa elegante. 

 

"O amor não é cego" não é um livro para puxar a lágrima, ou emocionar, mas antes para reflectir.

Reflectir sobre aquilo que é, realmente, importante, e nos faz, verdadeiramente, felizes. E como podemos alcançar parte dessa felicidade, marcando pela diferença, e fazendo a diferença na vida daqueles que ainda não se conseguem fazer ouvir, por aqueles que insistem em pensar apenas em si próprios.

 

Sinopse

"Desde cedo, Carolina habituou-se a viver num mundo de aparências, onde o culto pela imagem não a deixava ver a verdadeira essência das coisas.

Poder morar numa boa casa, usar roupas e acessórios de marcas caras, frequentar festas cheias de brilho e casar com o homem que se ama poderá cegar alguém perante os pequenos pormenores da vida?

Quando se está acostumada a ter tudo o que se deseja, sem qualquer esforço, será possível dar valor ao que se tem?

Este livro fala-nos de duas formas distintas de amor: o aparente e o verdadeiro que, muitas vezes, se poderão confundir.

Os diálogos entre as personagens são uma marca constante nesta história, pois é através deles que serão reveladas algumas verdades escondidas, repletas de fortes emoções.

Será que uma forma diferente de ver o amor nos poderá ajudar a encará-lo com um novo olhar?"

 

 

Autor: Teresa Caetano

Data de publicação: Outubro de 2020

Número de páginas: 314

ISBN: 978-989-52-9263-9

Colecção: Viagens na Ficção

Idioma: PT

 

 

Abono de família extra no mês de Setembro

(e como algumas notícias levam a interpretações ambíguas)

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Há uns dias li uma notícia que falava de um abono de família extra, a receber no mês de setembro.

Fiquei com a ideia de que iria ter direito ao mesmo.

 

No entanto, algumas notícias, diziam que era só para as famílias que tivessem tido perda de rendimentos. Não era o meu caso.

Outras, diziam que era para todos os que estivessem no 1º, 2.º e 3.º escalões. Se assim fosse, teria direito.

 

Umas, diziam que era para os jovens que completasse 16 anos até 31 de Dezembro. Mas era só para quem tivesse 16 anos, ou os completasse? Ou para todos, até aos 16 anos?

Outras, que o valor a pagar seria igual ao que cada família costuma receber, ou seja, duplicaria. Mas, algumas, afirmavam que, apesar de se acumulável com os restantes pagamentos habituais, o valor a pagar seria o base, de cada escalão.

 

Depois de muito pesquisar, e nada ter ficado esclarecido, eis que recebo um email da segurança social, a informar que a minha filha teria direito, qual o valor a receber, e data em que seria pago.

Ou seja, estando no 2.º escalão, terá direito a receber o valor base desse escalão, a dobrar. Mas o abono extra não abrange, nem a bolsa de estudos, nem o complemento de família monoparental. 

 

Entretanto, a propósito do dito abono extra, ainda ontem li uma notícia em que várias famílias se queixavam que, ao contrário do que esperavam, iriam receber menos ainda que num mês normal.

Davam a entender que só iriam receber o extra. Como se o resto ficasse perdido pelo caminho.

 

Sendo um abono extra, como o próprio nome indica, é um abono pago para além do habitual, que já íamos receber. É o que faz sentido. 

Se é menos do que já estávamos a contar? Sim! 

No meu caso, por exemplo, recebo mensalmente cerca de 80 euros, que incluem o base, a bolsa de estudos e o complemento. Pelas primeiras notícias que surgiram, fiquei a pensar que receberia o dobro, ou seja, cerca de 160 euros. Mas não. Penso que vou receber os habituais 80, mais o base extra, que fica num total de 110 euros.

Ainda assim, é mais do que recebo num mês normal.E dá jeito.

 

Penso que é importante, quando se dá uma notícia, torná-la clara, evitando interpretações diferentes e ambíguas, que em nada esclarecem, e só servem para gerar mais dúvidas.

 

Imagem: executivedigest.sapo.pt

 

O problema de se falar por sinais...

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... é que nem sempre o receptor da mensagem compreende os sinais que o emissor lhe pretende transmitir.

Antes de se iniciar qualquer comunicação, com base num qualquer código, convém que ambos estejam sintonizados na mesma frequência, e familiarizados com esse código e sinais.

Senão, o que acontece é o mesmo que quando tentamos fazer mímica. Quem está do outro lado, poderá imaginar diversos significados para o mesmo gesto.

 

Se nos queremos fazer entender e passar a mensagem ao outro, e percebemos que os os sinais não estão a ser interpretados da forma como pretendíamos, ou nem sequer estão a ser visualizados, o melhor a fazer é comunicar numa linguagem que o outro entenda claramente, sem dúvidas, sem mal entendidos, sem falhas.

 

Nem sempre é fácil comunicar, e essa é mais uma razão para tentar simplificar ao máximo a comunicação, e não complicá-la a ponto de, só o emissor, a conseguir entender.

 

Na vida, nem sempre há objectividade ou clareza

 

Nem tudo é sempre, e apenas, preto ou branco.

Nem sempre não tomar o partido de alguém, significa estar contra esse alguém.

Nem sempre somos totalmente bons e honestos, nem irremediavelmente maus e vigaristas. 

Na vida, nem tudo é claro como a água, nem tão objectivo e inquestionável como 2 + 2 ser igual a 4.

 

Entre dois caminhos, existe uma infinita variedade de atalhos, pelos quais podemos enveredar, e que tornam o ser humano, um ser mais complexo, com uma personalidade nem sempre fácil de compreender...

Salvação ou naufrágio?

 

Feliz ou infelizmente, não percebo nada de política. Nem tenho intenções de perceber, embora devesse.

Por isso mesmo, a minha maneira de ver as coisas reflecte unica e exclusivamente uma mera opinião.

Opiniões que também outras pessoas emitem, e que têm oscilado entre os elogios (poucos) e as críticas (muitas), tanto ao anterior governo, como ao actual.

O actual primeiro ministro, na sua campanha eleitoral, prometeu muitas coisas para logo em seguida, já eleito, se contradizer em todas elas. Terá sido pura estratégia política? Ou encontrou um cenário mais negro do que esperava? Não sei...

Quando Sócrates deixou o cargo de primeiro ministro, a maioria do povo o criticou por ter deixado o país neste estado. Hoje, esse mesmo povo preferia ter cá o Sócrates de volta, no lugar de Passos Coelho. Dizem algumas pessoas que "pelo menos o Sócrates nunca nos foi aos bolsos!".

A verdade é que a crise que hoje enfrentamos tem raízes mais profundas e começou a ser cultivada muito antes destes dois governantes. Também é verdade que, pela nossa experiência, sabemos que qualquer um que venha a assumir o poder terá a mesma política ou pior, que o que lá está agora.

A questão que se coloca, e para a qual ainda não consegui encontrar resposta, é quanto às "boas intenções" de Pedro Passos Coelho.

Imaginemos uma empresa que, embora com alguns problemas, se tem vindo a afirmar no mercado e conseguido manter-se estável. Imaginemos um gerente que, em nome da resolução desses problemas, expansão da sua empresa, maior reconhecimento ou, quem sabe, para proveito próprio, acaba por tomar decisões erradas, e pôr em risco a viabilidade da empresa. Apesar disso, os funcionários estão razoavelmente satisfeitos, até porque lhes foram concedidas algumas regalias...No entanto, quando começam a vislumbrar, ao longe, a possibilidade de a empresa "afundar", as coisas mudam. O gerente não está a desempenhar correctamente a sua função e é preciso que outro o substitua.

Vem então um novo gerente, intitulado de "salvador", e começa a tomar uma série de medidas que ninguém entende, a cortar daqui e dali, a despedir funcionários, a reduzir os ordenados dos que ainda lá ficam e, de repente, o novo gerente passa de bestial a besta, e a besta anterior a bestial! Afinal, mesmo com a empresa em risco de falir, os funcionários nunca foram antes afectados. E agora são.

Não sei se Pedro Passos Coelho será o salvador do nosso país, ou se estará apenas a seguir pelo caminho que o levará ao naufrágio. Quero acreditar que não. Que o que agora está a ser feito é o procedimento necessário e possível, em consequência de uma má gestão anterior, mesmo que por isso seja odiado por todos. De qualquer forma, a serem boas as intenções do governo, as mesmas não lhe dão o direito de agir até ao extremo oposto. Há limites. E falta, acima de tudo, clareza. Respostas concretas. Resultados visíveis.

Estamos a fazer sacrifícios mas não sabemos exactamente para quê. Estão-nos a tirar tudo e mais alguma coisa, mas não sabemos em que é que isso ajuda o país. E, como sempre, apenas aos mais pequenos exigem sacrifícios, porque nos grandes não se lhes pode tocar.

Tenho a certeza que, se um gerente chegasse ao pé dos seus funcionários com toda a frontalidade e explicasse a real situação da empresa, explicasse que medidas teria que tomar para a salvar e, depois, na prática, os funcionários constatassem que os seus esforços estavam a dar frutos, a indignação não seria tão grande.

Se o próprio gerente se incluísse nos mesmos sacrifícios e trabalhassem em conjunto para o mesmo fim, os protestos não se fariam sentir. 

Agora, se um gerente apresenta medidas implacáveis, explicadas por meias palavras, com promessas vagas que raramente são cumpridas, e os funcionários, apesar dos seus esforços, não vêm resultados, parecendo que a empresa continua a caminhar para a falência, e que os sacrifícios só estão a servir para beneficiar o gerente e afins, é perfeitamente normal que a revolta esteja presente, e se manifeste cada vez com mais força!