"Se Ira Levinson não tivesse tido um acidente de carro, e Luke e Sofia não tivessem passado naquele local naquele momento, parado e auxiliado Ira, nada do que aconteceu a seguir teria acontecido. Não saberiam um pouco da história de Ira, não teriam comprado aquela pintura, e não teriam a vida que resultou dessa simples acção…
Se Amanda tivesse ido ao encontro de Dawson no cemitério, ele não estaria mais tarde no bar, e não poderia ter salvo a vida do filho do homem que muitos anos antes, por acidente, matou. Não teria levado um tiro mortal e o seu coração nunca teria salvo o filho de Amanda, a mulher que sempre amou…
Se Travis tivesse cumprido a promessa que, um dia, fez à sua mulher Gaby, ela não estaria mais com ele. Mesmo indo contra os últimos desejos da sua amada, Travis fez uma escolha. E foi a escolha certa…"
Serão as nossas vidas, e as vidas destas personagens, pontuadas por uma série de coincidências? Ou será que, como diz Margarida Rebelo Pinto, não há coincidências?
Paul Kammerer acreditava nelas. Disse ele que, quando se dá uma coincidência, sempre se dão muitas mais, porque elas dão-se em séries, não são factos isolados. E assim surgiu a sua teoria da serialidade.
Ele defendia que, assim como o universo tende para a entropia/ desordem, também tende para a ordem e harmonia. Deste modo, haveria vários agrupamentos de factos e coincidências.
Coincidência ou não, a verdade é que a nossa vida rege-se por acções e decisões, que implicam escolhas.
A vida é feita de escolhas – algumas boas, outras não tão boas, algumas acertadas, outras erradas mas, ainda assim, são aquelas que fazemos – e essas escolhas têm as suas consequências. Se algumas escolhas são um erro, não devemos desanimar – é com os erros que aprendemos! E se uma escolha implica sempre optar por uma de várias coisas, é inevitável que, ao escolhermos uma, perdemos todas as outras e o que delas poderia advir. Quando damos um passo em frente, alguma coisa deixamos para trás.
Ao escolhermos, decidimo-nos por um determinado rumo, agimos em conformidade e, por cada acção nossa condicionamos, por vezes, não só a nossa vida mas também a de outras pessoas. Até mesmo daquelas que nem conhecemos ou imaginamos!
Será isso a comprovação da serialidade de coincidências a que Paul Kammerer se referia? Uma simples relação entre escolha-acção-consequência? Ou estará tudo escrito nas estrelas? Não faço ideia!
Mas também não sei se gostaria de saber...