Depois d' "A Rede"...
... acho que vamos andar todos desconfiados sobre aquelas pessoas que temos adicionadas no facebook, e que não conhecemos pessoalmente!
Não se vá dar o caso de ser um perfil falso, uma personagem inventada, uma pessoa fictícia.
A verdade é que, quando nos inscrevemos e utilizamos este tipo de redes sociais, sabemos os riscos e perigos que corremos, sabemos que nem tudo o que por lá se vê é verdade, que cada um diz e coloca lá o que mais lhe convém, e que há muito boa gente que faz, de enganar e manipular os outros, o seu modo de vida, sobretudo se conseguir lucrar alguma coisa com isso.
E se não sabemos, é porque somos mesmo muito ingénuos, ao ponto de acreditar em tudo o que vemos, sem desconfiar, sem duvidar.
Claro que, apesar de tudo isso, não estamos livres de sermos apanhados no meio de uma rede como esta, de que fala a reportagem de Conceição Lino.
A forma como é engendrada, de forma a que tudo pareça real e credível, torna mais difícil desconfiar de que algo não bate certo, até porque, por um lado, temos tendência a acreditar que ninguém tem necessidade de estar a enganar os outros e, por outro, temos tendência a solidarizar com as desgraças alheias e a criar empatia por quem por elas passa.
Hoje será transmitida a terceira e última parte desta reportagem, que nos mostra como Sofia conseguiu arrastar para a sua "rede", Nuno, Maria, Ana, Margarida e até Irene, mãe de Nuno.
E talvez aí se consiga perceber qual o principal objectivo de toda esta história inventada, o porquê de envolver estas pessoas, ou a necessidade de o fazer.
Para além de ter feito Nuno apaixonar-se pela imagem e personagem por si criada, ainda conseguiu arrastar outras pessoas desconhecidas, que com ela criaram laços por conta do seu drama, e que passaram a fazer parte da sua falsa vida.
Porquê?
Por prazer em brincar com os sentimentos, emoções e vida das pessoas?
Para se sentir mais poderosa, capaz de controlar estas pessoas, e fazê-las jogar o seu jogo sem o saberem, como marionetas nas suas mãos?
O que ganhou esta mulher com toda esta trama inventada?
E sim, é perfeitamente normal que as pessoas envolvidas estejam revoltadas, e se sintam usadas, manipuladas, enganadas. Que se sintam frustradas consigo mesmas por terem estado tão cegas durante todo aquele tempo, por não terem desconfiado de nada, por terem engolido toda a história de boa fé, sem se questionarem.
No entanto, embora condenando a atitude desta mulher, não posso deixar de constatar que, apesar de tudo, ela acabou por, de certa forma, dar um sentido à vida destas pessoas que com ela se envolveram.
No caso de Nuno, apesar de todo o desgaste, abuso e chantagem emocional, durante aquele tempo, ele teve um objectivo na sua vida. Se precisava? Se calhar, sim.
Não criticando a sua atitude, que qualquer um de nós poderia ter, a verdade é que sendo ele um homem bem resolvido, de bem com a vida, com o seu trabalho, amigos e família estruturada, que necessidade tinha de se envolver com alguém, desta forma, sem nem sequer a conhecer pessoalmente?
A necessidade de se apaixonar. Faltava essa parte na sua vida, e foi por aí que a suposta Sofia atacou.
Quanto às restantes, todas afirmam que, a determinado momento, foi essa Sofia que lhes deu força e apoiou em situações mais delicadas que elas próprias passaram. Que acabaram por desabafar os seus problemas com ela, e de receber uma força do outro lado que não esperavam.
Ou seja, estas pessoas precisavam de alguém que as ouvisse, com quem pudessem conversar, sem julgamentos. E Sofia aproveitou-se dessa necessidade.
Por outro lado, o facto de apoiarem uma pessoa tão jovem, que sofria de cancro mas que, apesar de tudo, parecia sempre de bem com a vida e bem disposta, também lhes deu um sentido à vida, um propósito. Sentiam-se úteis, por ajudarem alguém. Mais uma vez, Sofia encarregou-se disso.
E por aqui se pode perceber que, quem planeia engendrar uma teia ou rede como esta, vai procurar pessoas que, à partida, sabe que precisam de alguma coisa, que estão mais susceptíveis, que fazem destas redes o seu escape do dia-a-dia, que procuram fazer amizades e travar novos conhecimentos nas redes sociais, que têm aquilo de que precisa para que mordam o isco.
São estratagemas planeados, bem estudados para que tudo bata certo, construídos ao pormenor, com tempo, e orquestrados por uma mente perversa ou, simplesmente, doente.
Fazer várias vozes diferentes, e personagens diferentes, fingir uma doença, fingir lágrimas e desespero, inventar mortes de familiares, e acidentes, não é para todos.
Mas, que há pessoas capazes disso, e muito mais, lá isso há. E podem estar mais perto de nós do que pensamos, até mesmo no nosso grupo de "amigos" do facebook!
E por aí, têm acompanhado a reportagem?
Qual é a vossa opinião?
Já começaram a fazer uma limpeza nas vossas redes sociais, ou estão seguros das pessoas com quem falam?
Imagem: https://mag.sapo.pt/